Você disse que gostava

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O voo realmente foi bem longo, passamos por algumas turbulências e quem procurou a mão de Ethan em busca de apoio fui eu. Não voei muitas vezes na vida e em nenhuma delas houve uma turbulência, quando senti o avião tremer, pensei que fosse morrer. Lá na frente vi Haaland desafivelar o cinto e levantar procurando por algo, que eu descobri ser eu quando seu olhar fixou em mim. Sem emitir som algum, perguntou se eu estava bem e eu assenti, o tranquilizando. Ele sentou novamente e o voo seguiu mais calmo.

Quando pousamos, pensamos que não haviam muitas pessoas, por isso seguimos todos juntos para o estacionamento, onde um ônibus estava nos esperando. No entanto, fomos pegos de surpresa por um quantidade generosa de pessoas esperando pelos jogadores perto do ônibus. O motorista estava completamente perdido, com o veículo fechado pra que as pessoas não invadissem, os torcedores cantavam o hino do clube e chamavam pelo nome de alguns jogadores, Haaland era um deles.

- Caramba. - Ethan exclamou.

- O que fazemos agora? - Perguntei, me sentindo nervosa.

- Só fica perto de mim. - Ele segurou meu braço e se colocou na minha frente. - Vamos precisar esperar que eles resolvam isso.

As pessoas avançaram nos jogadores, pedindo fotos e autógrafos, eles tentaram atender todos, mas a coisa foi saindo do controle. Seguranças foram chamados e começaram a tentar conter a multidão, que não ficou muito feliz com isso. Um corredor foi formado, pra que os jogadores pudessem passar e entrar no ônibus. Nós, da equipe técnica, como não éramos o centro da atenção naquele momento, deveríamos ter ficado por último, quando as coisas estivessem mais calmas.

Caminhei com Ethan para mais perto do ônibus e nos juntamos ao restante da equipe, observando a fileira de jogadores que se formava para subir no ônibus, não haviam mais condições de atender às pessoas, tudo estava um caos. A fila foi passando por nós e de longe vi Haaland olhando para todos os lados, imaginei que estivesse me procurando e acenei levemente, mostrando que estava bem.

- Doutora! - Ele disse quando finalmente me achou e caminhou um pouco mais rápido, passando na frente de alguns jogadores. - Vem comigo.

- Eu estou bem. - Tentei ficar no lugar, mas ele simplesmente segurou minha mão e me puxou para dentro do corredor formado pelos seguranças.

- Vocês deveriam ter posto ela primeiro. - Ele me ignorou e reclamou com a equipe de segurança. - A única mulher entre todos nós aqui.

- Que falta de cavalheirismo! - Ouvi Grealish reclamar em algum lugar atrás de nós.

Nem tive tempo de olhar para Ethan, que, tenho certeza de que nos encarava. Haaland me colocou a sua frente e me fez subir no ônibus antes da maioria dos jogadores, junto com ele. Ouvi as pessoas lá fora gritando em aprovação, mesmo que toda essa situação tivesse sido causada por eles.

- Você está bem, doutora? - Ele me segurou pelo quadril e me virou de frente, analisando meu rosto.

- Eu não era o foco da confusão. - O tranquilizei e olhei ao redor, vendo alguns jogadores prestando atenção em nós. - Obrigada. - Limpei a garganta e me afastei dele.

- É claro. - Ele percebeu a situação e também se afastou.

Lhe dei um sorrisinho e me afastei, procurando um lugar mais ao fundo do ônibus novamente. O embarque demorou um pouco mais, por causa da confusão lá fora, mas, depois de uma hora e meia, todos estavam devidamente acomodados, famintos e cansados, seguindo para o hotel. Ethan não fez nenhum comentário sobre a atitude de Haaland, percebi ser um padrão dele quando se tratava disso e o deixei quieto, porquê não tinha nada para dizer.

O hotel era super chique, como já era esperado. Diferente do que aconteceu no aeroporto, a segurança estava mais reforçada e não tivemos problemas. Recebemos as chaves dos quartos e fomos guiados até lá, sendo avisados que poderíamos descer para comer no saguão ou pedir a comida no quarto.

- Você vai descer? - Ethan perguntou antes que eu entrasse no meu quarto.

- Acho que não, estou bem cansada. - Resmunguei.

- Tudo bem. - Ele assentiu. - Nos vemos amanhã então.

- Claro. - Lhe dei um abraço. - Boa noite.

- Boa noite. - Ele deixou um beijo na minha cabeça. - Qualquer coisa é só me ligar.

- Até amanhã. - Acenei e entrei no quarto, finalmente sozinha.

Eu sou uma pessoa que, embora goste de sair, compartilhar momentos com amigos e me divertir, minha bateria social é curta e eu preciso do meu tempo sozinha. Respirei fundo, apreciando minha solidão e larguei a bolsa em cima de uma mesa que havia no quarto, finalmente reparando no quanto o lugar é bonito e requintado. Minha mala já me esperava em cima da cama, então peguei um pijama e entrei no banheiro, precisava de um banho escaldante antes de pensar em comer qualquer coisa.

Não fazia calor na Itália, mas, como eu poderia ser solicitada a qualquer hora da madrugada, vesti um pijama de calça e mangas compridas, para estar minimamente bem vestida caso alguma emergência acontecesse. Pedi uma massa com suco pra jantar e fui procurar alguma coisa pra assistir na televisão enquanto esperava o serviço de quarto. Estava me sentindo uma verdadeira madame, principalmente porquê tudo estava sendo pago pelo clube.

Batidas na porta tiraram minha atenção da série que havia começado a assistir, me levantei e recebi o funcionário, que empurrou um carrinho chique pra dentro do quarto e largou lá, saindo logo em seguida. Estava quase fechando a porta quando um figura loira, alta e branca demais simplesmente invadiu meu quarto, me assustando, como ele costuma fazer sempre.

- Oi doutora! - Sorriu e se escorou na porta que ele mesmo fechou.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei no impulso. - E como descobriu qual é o meu quarto?

- Muitas perguntas. - Ele estalou a língua e caminhou em direção a cama. - O que estava vendo? - Sentou lá e pegou o controle.

- Instrumentos mortais. - Respondi enquanto destampava os pratos em cima do carrinho, percebendo que havia comida pra duas pessoas ali, dois pratos diferentes. - Você é maluco? - Ri, completamente incrédula.

- Completamente. - Respondeu, ocupado enquanto procurava algo na televisão.

- Como veio pra cá sem ninguém te ver? - Empurrei o carrinho pra perto da cama e ele se afastou, abrindo espaço pra que eu me sentasse.

- Tive ajuda. - Respondeu vagamente. - Podemos ver Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban?

- Você andou assistindo Harry Potter? - Questionei, chocada.

- Você disse que gostava. - Ele deu de ombros. - E eu não entendi esse filme muito bem, muitas nuances.

- Tudo bem. - Puxei o prato que não era o que eu havia pedido e lhe entreguei.

- Aliás, pijama bonito. - Ele me analisou. - Embora eu prefira você com minha camiseta e sem nada por baixo.

- Deixa de ser atrevido. - O empurrei de leve e ele riu.

- Vamos ver esse filme logo. - Ele iniciou. - Ouvi dizer que é o melhor de toda a saga.

- Quem te disse isso não mentiu. - Peguei meu prato e me ajeitei na cama, tentando prestar atenção no filme e não no homem lindo ao meu lado.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora