Cap.50 - Treino Secreto (Parte II)

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Será que Ariteu se safa dessa "avalanche" prestes a despencar sobre a cabeça dele? Isso é o que saberemos...

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(quinta - sexta-feira)

Laila o viu feito um rebanho estourado vindo para cima deles, tirou a espada da frente do rosto e gritou:

— Corre!! — desesperada.

— Mas...

— Vá, Ariteu!!! Agora!! O mais longe que conseguir.

Matheo não pararia, nem com um muro de cinco metros diante dele. Era capaz de derrubar o muro de tanta fúria.

Laila, preocupada com Ariteu, não viu outro meio, senão o de tentar deter Matheo e impedi-lo de continuar a perseguição ao menino, que talvez nem tivesse a chance de se explicar.

Pensou rápido e, sem outro recurso à disposição, posicionou-se no trajeto dele, aguardando que se aproximasse.

Esperou...

Esperou...

Até que, segundos antes, deu um passo para o lado e o interceptou.

Matheo, com a fúria que vinha, obviamente não conseguiu parar. Tudo que conseguiu foi agarrá-la de supetão e fazer com que Laila caísse por cima dele, na tentativa de atenuar o impacto.

A queda foi horrível.

Laila bateu o queixo no peito de Matheo e ele, a cabeça no chão com tudo, além do estrondo de seu corpanzil enorme contra a grama, que pareceu ter feito a Terra tremer, tamanha a força e o peso com a queda.

Herbert passou pelos dois e continuou a perseguição ao menino.

Laila, ainda estirada sobre ele, levantou a cabeça para olhá-lo. Os lábios estavam a centímetros um do outro.

— Você está bem?

— Muito bem... — ele não parecia tão convencido daquilo. — E Sua Alteza?

— Acho que sim. Só uma dor aqui no queixo. Acho que bati na queda.

Matheo, abduzido pelo momento, até se esqueceu do que fazia.

Quando ameaçou levantar-se, ela o deteve.

— Espere, Matheo! Por favor, fique aqui. Olha pra mim. — e segurou o rosto dele pelo queixo.

"Sua mulher" daquele jeito, em cima dele? Não seria maluco de recusar o pedido, ainda mais com um sorriso lindo que o entorpecia e contra o qual não tinha resistência alguma.

— Aquele menino não estava me fazendo mal algum.

— Como não???!! Ia acometê-la quando cheguei. Eu juro que não fica mais meio minuto vivo!! — e tentou levantar-se novamente.

— Não, Matheo!!! Por favor, fique aqui comigo!

Ele ria, mesmo nervoso, esfregando os olhos.

Como iria negar aquele pedido? Nem em surtos e devaneios...

— Preste atenção em mim, por favor. Aquele menino se chama Ariteu e eu o contratei para que me ensinasse a lutar com espadas.

— O quê??!!! — e ergueu a cabeça do chão, espremendo os olhos para ela.

— Exatamente. Ele é o meu tutor com espadas. Venho pra cá duas vezes por semana e passamos a tarde inteira a treinar.

Matheo jogou a cabeça contra a grama, esfregando a mão no cabelo, incrédulo.

— Mas, por que ele? — parecia inconsolável por não ter sido o escolhido para ensiná-la a lutar com espadas. Atividade que dominava mais que ninguém e era reconhecidamente o mais hábil em manejá-las que qualquer um que já passou pela Terra.

— Porque... Bem... Meus pais sempre foram contra. Não aceitariam. Por isso fiz sem que ninguém soubesse. — e escondeu o real motivo que a fez procurar Ariteu da primeira vez.

— Eu poderia ensiná-la, se me pedisse. Seria um enorme prazer. Queria mesmo poder ser seu tutor... — insistiu, ainda inconformado.

Laila abriu um sorriso largo para Matheo. Um sorriso que só ela entenderia...

Achou graça ao lembrar-se que seu pior inimigo, o motivo que a fizera recorrer às espadas da primeira vez, estava ali, debaixo dela, com cara de criança contrariada, desolado por não ser ele a ensiná-la tal habilidade que tanto dominava.

A essa hora já tinham até plateia, que assistia, abismada, a cena bizarra que ali se desenrolava. 

Herbert havia retornado com Ariteu, após alcançá-lo.

Para sorte do menino, ele não era tão impetuoso quanto o amigo e deu-lhe a chance de se explicar, assim que o capturou.

— Eu adoraria poder ensiná-la. — Matheo insistiu. — Sabe que gosto de lutar com espadas... Modéstia parte, me saio muito bem... — ainda tentando convencê-la.

Sabia que não haveria oportunidade melhor para se aproximar dela. Algo que vinha tentando com dificuldade, desde que Laila resolveu aceitar a convivência com ele.

— Ariteu é o meu tutor, Matheo. Não machuque o menino, está bem?

Ele acenou, meio desajeitado, concordando.

Laila "desceu" de cima dele, rolando o corpo para a grama.

Matheo permaneceu mais alguns segundos ali, ao lado dela, encarando-a com o semblante desolado, quando resolveu levantar-se.

— Vem comigo...? — e estendeu a mão para ela, ainda embasbacado como "sua princesa" estava linda naquela veste. Até as botas compridas eram as apropriadas para ocasião...

— Hummm... Acho que vou ficar aqui mais um pouco. — e lá permaneceu, estirada à grama. Coisa que não fazia desde criança. Ora cochilando, ora pensando sobre ela, sobre ele, a vida...

Matheo foi se encontrar com Herbert, que estava com Ariteu, Jafé e Elisa. Aproximou-se de seu "rival" para cumprimentá-lo.

Ariteu não acreditava que estava diante do Chefe da Guarda. O lendário herói de LaViera e de outros incontáveis Reinos.

E Matheo não acreditou ao ver o menino ali, admirando-o como um fã.

— Vamos lutar? — e o convidou, aproveitando que precisava "fazer uma hora" até que "sua mulher" resolvesse ir embora. Já que não a deixaria para trás por nada no mundo.

— Mas, o senhor... lutar... comigo? — Ariteu surpreendeu-se.

— Claro. Me mostre aí o que sabe. — e o desafiou, ainda inconformado por ter perdido a preferência para aquele menino.

Ariteu estava sem graça. Mas não negaria o convite. Talvez jamais tivesse outra oportunidade de lutar com um guerreiro de verdade.

"O" guerreiro, para ser mais preciso.

Herbert se animou também com o programa inusitado e acabou por convidar Jafé para simularem um embate.

Elisa ajeitou-se por ali mesmo e passou o resto da tarde delirando, ao ver aquele homem — o mais lindo do mundo, segundo ela — manejar a espada por horas com seu irmão, bem à sua frente.

E assim passaram o tempo...

Matheo ensinando a Ariteu um pouco do que sabia, tomando um cuidado ímpar com o menino, já que manejava a sua arma de verdade e não uma réplica. E não desgrudava o olho de Laila, nem por um minuto, ainda inconformado por ter sido "passado para trás", naquilo que dominava melhor que ninguém, por um garoto que mal sabia portar uma espada. Ficava deprimido cada vez que Ariteu vinha, entusiasmado, para cima dele, tentando "imunizá-lo" na brincadeira daquela tarde.

O dia logo começou a cair.

Matheo cessou o treino, despediu-se de Ariteu e foi buscá-la. 

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Gostando? Não deixem de me dizer tudo, hein? Respondo aos comentários o quanto antes puder... ;-) obrigada! bjs

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora