Cap.73 - Pedido ao Rei (Parte II)

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No almoço com a família, Matheo olhava para ela ainda mais admirado.

Laila sorria sem graça. Não conseguia fazê-lo desviar os olhos dela, de forma alguma.

Num dado momento, pensou ter visto o pai notar a troca de olhares entre os dois. Mas, quando virou os olhos para o pai, Fernan já se esbaldava de seu apetitoso prato.

Outra coisa estranha que pairava no ar, era a relação entre os pais. Laila logo "pescou" uma desavença ali. Não trocaram palavra durante a refeição.

De repente, Fernan rompeu silêncio:

— Eu quero propor um brinde... — erguendo a taça. — A este próspero Reino... Que continue cada dia mais próspero. Aos herdeiros que certamente estão por vir... — e virou o copo para a filha, deixando Laila ruborizada, arrancando um sorriso extasiado de Matheo e assustando Isaboh com o ato. — E ao Baile de celebração da nossa vitória, neste próximo sábado.

Laila arregalou os olhos que não cabiam na face ao receber a notícia, fazendo Matheo rir. Pelo jeito, era a única que não sabia do tal evento por ali.

— Baile??!

— Sim, meu tesouro. Oferecerei um Baile aos nossos guardas e suas famílias, aqui no Castelo.

Enquanto isso, Isaboh fuzilava o marido com os olhos. Não podia crer que, além de todas as atribuições de organizar o Castelo pós-invasão, ainda teria que se encarregar desse Baile de última hora.

O segundo, em poucos meses, para ser mais exata!! Conforme ela mesma pontuou durante a calorosa discussão com Fernan, assim que foi informada.

Laila entendeu na hora o motivo da discórdia entre os pais.

— Nossa... Mas... que surpresa.

— Exatamente, filha. Quero prestar minha homenagem a esses bravos homens que nos ajudaram a recuperar a nossa LaViera. — e levantou a taça para Matheo.

Os dois se entreolharam. Laila, com uma feição tímida, mas deslumbrante, conseguiu "derruba-lo" outra vez.

— Bem... Que ótima notícia, não? — dando um apoio para o pai, até para atenuar o clima tenso à mesa, já que sua mãe não disfarçava o semblante pesado de reprovação a outro ato impulsivo do marido. — Vamos brindar... a este... Baile... então. — e distribuiu sorrisos.

Matheo os acompanhou, ficando Isaboh impelida a fazer o mesmo, para não parecer mal-educada.

Era lógico que a Rainha não se manifestaria na frente de Matheo, mas estava corroída por dentro em ser intimada a levantar um evento daquele porte, em poucos dias.

Quando acabaram, Laila a acompanhou até seus aposentos.

— Mãe... Fui surpreendida pela notícia do Baile.

— Nem me fale, filha... — a Rainha começou seu desabafo. — Não conseguimos nem colocar as coisas de volta no lugar e vem seu pai com mais essa...

— Bom... Tenho certeza que a senhora dará conta.

— Estou tão cansada. E ainda mais essa incumbência...

— Se precisar de minha ajuda... pode contar comigo.

— Que bom, filha.

— Sugiro pararmos com a organização por hora para cuidarmos do evento. O que acha?

— É melhor mesmo. — conformou-se. — Fiquei tão abalada, que nem consegui parar para pensar na concepção dessa... festa. — desacorçoada.

Laila ajudou a mãe a elaborar uma lista de afazeres e a distribuição de tarefas para colocar o evento em pé.

Fernan ficou incumbido de providenciar e enviar os convites.

O calígrafo começou a elaborá-los naquela mesma tarde e os serviçais a distribuí-los aos guardas e aos nobres dos Reinos e povoados vizinhos. Tal tarefa terminaria somente no outro dia, final do dia.

Isaboh, como sempre, estava encarregada do contingente de serviçais para providenciar o cardápio, a música e a escala de quem trabalharia na festa, atribuições de cada um, etc...

Laila ficou responsável pelos ambientes do Baile, inclusive a decoração.

Iria aproveitar que parte da mobília ainda estava fora de lugar para ajustar os espaços ao tanto de gente que compareceria. Afinal, era certo que a nobreza do Reino prestigiaria o evento, mais alguns membros dos Reinos próximos e, obviamente, toda a Guarda de LaViera e seus familiares.

Laila confirmou a estimativa de convidados com o pai, depois, avaliou o espaço com Elisa. O Magnífico Salão e o Anexo certamente não eram suficientes para acomodar os participantes. Por isso, deixaria os dois próximos Salões, sequenciais ao Anexo, preparados para a grande festa.

Lis convocou alguns rapazes, naquela mesma tarde, inclusive seu irmão, para que dessem conta da mobília — parte dela pesadíssima por sinal — transportado o excedente para os espaços que não seriam utilizados.

Já estava escuro quando Laila suspendeu as atividades, dispensando os ajudantes para descansarem.

Ainda ficou por lá, no Salão Anexo, repassando sua lista de afazeres e programando as atividades dos próximos dias.

— Muito atarefada, Alteza?

— Ai que susto!! — nem bem terminou seu manifesto e já estava atolada dentre aqueles braços desproporcionais junto aos costumeiros beijos desmedidos pela lateral do rosto e pescoço. — De novo, Matheo??!

— Não fique brava. — ele já a tinha de frente para ele e espalhava beijos carinhosos pelo rosto. — Já disse... Não consigo passar mais que um dia sem vê-la.

Laila encarava-o, ainda possessa com a abordagem.

— E por aqui... Como está? — mais comedido, abraçado-a.

— Tudo encaminhado. E os guardas...?

— Agitados por demais. Não param de falar na tal da festa. Prejudicou até a concentração deles.

— Posso imaginar...

— E a senhorita...? Animada também...?

— Bem... Se chegar inteira até lá, depois desta lista sem fim de afazeres... Até entendo as contestações da minha mãe.

Hummm... Espero que chegue inteira, então... Não posso imaginar essa festa sem a senhorita. — e deu-lhe um beijo ardente, mas bem contido, conforme Laila lhe pediu.

Ficaram juntos até a hora do jantar.

Matheo a acompanhou até o Salão, depois foi para casa.

Parecia menos ansioso. Talvez por saber que Laila era dele para todo o sempre, faltando somente uma "mera" formalização.

**********

E aquela semana passou como o vento. Cada um submerso em suas atividades.

Laila, com o passar dos dias, foi recuperando aos poucos a confiança em lidar com Matheo, com as abordagens mais gentis que ele vinha despendendo a ela. Nem ficava temerosa ou angustiada quando se encontravam.

Ele, de fato, estava muito mais próximo daquele cavalheiro que passara a noite com ela, no telhado da Taberna.

A correria para colocar a festa em pé a tempo foi algo sem precedentes também, o que acabou tomando todo o tempo livre da princesa.

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