Cap.69 - Ajuda ao Reino - 3º dia (Parte II)

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Já era perto da hora do almoço, quando conseguiram dar conta de, pelo menos, um terço do que estava fora do lugar.

— Precisamos ir.

— Agora mesmo... — Matheo concordou.

— Senhor Oscar, iremos agora, mas tentarei voltar mais tarde para ajudá-los a finalizar a organização.

— Nossa, Alteza... Nem se preocupe. O que fez por nós já foi de um valor inestimável.

— Imagine.

Eis que dona Carmen surgiu gritando do outro lado.

— Já vão, Alteza???!!

— Sim... Precisamos chegar a tempo para o almoço. Meus pais me esperam.

— E o senhor Matheo? Gostaria de acompanhar-nos no almoço aqui na Instituição? Será um prazer...

— Não posso. Preciso me reunir com o Rei.

— Ah... Que pena... Fica para uma próxima, então... — e Carmen estendeu a mão, toda pretensiosa, para que ele a beijasse.

Matheo o fez com uma ponta de repúdio e deu o braço para Laila, assim que ela se despediu dos dois encarregados.

• • •

— A senhora Carmen parece ter apreciado sua companhia.

— Hum... E a senhorita percebeu...?

— Teria como não perceber...?

— Ficou incomodada?

— Um... pouco...

— Um pouco?!

— Bem... Um pouco demais até...

— Isso é... muito bom saber...

— E por quê?

— Porque significa que também se importa.

— É lógico que sim!

— Não imagina... como isso... me deixa... feliz... — e deu outro beijo constrangedor nela, já dentro do prédio anexo onde estavam os cavalos.

A caminho do Castelo...

— Pretende voltar aqui?

— Eu sim... E, de preferência, sem o senhor.

— Posso saber por quê?! — altivo, não disfarçando o incômodo.

— Pra não dar abertura à senhora Carmen de ficar assediando-o na minha frente...

— Hum... Já que não gosta... Faz sentido. — e a contemplou com aquele sorriso só dela. — E acha que dona Carmen faz frente à senhorita?

— Não... sei... dizer...

— Ninguém faz! — ele mesmo respondeu. — Não existe mulher no mundo que chegue a seus pés, Laila... — balbuciando no ouvido. — E ainda que existisse... só há uma pela qual me apaixonei.

— Fico feliz... em saber disso...

— Completamente... apaixonado... — reforçou, beijando a cabeça dela, recostada em seu ombro.

Laila respirou fundo, a face iluminada de alegria.

Ao descê-la do animal, ele roubou um beijinho no lábio.

— Não faça isso! — ela o repreendeu, brava, empunhando o dedo.

— Não resisto... E não tinha ninguém olhando.

— Como tem tanta certeza?

— Eu... tenho...

Ela só sorriu para Matheo.

Não haveria mesmo como segurá-lo.

Os dois almoçaram com os pais.

• • •

À tarde, antes de sair, Laila passou para uma visita rápida a Pablo.

— Espero vê-lo logo longe dessa cama.

— Nem me fale... Tô cansado de ficar aqui me sentindo um inútil, enquanto há tanto o que ser feito aí fora.

— Gosta de ler? — Laila indagou.

— Hum... Sei lá... Por quê?

— Posso providenciar alguns livros para o senhor. Que assunto lhe interessaria?

— Não sei direito. Nem me lembro da última vez que li um.

— É uma ótima oportunidade, enquanto estiver aqui. Diga-me do que gosta.

— Deixo pra Sua Alteza escolher um por mim.

— Está combinado! Trarei algo hoje mesmo.

Laila seguiu direto da enfermaria para encontrar-se com Jafé, às duas da tarde. Voltariam à sua Escola.

— Saindo de novo...? — Matheo a surpreendeu, antes dela subir no carro.

— Pare com isso. Sabe onde vou. — e o repreendeu, cochichando, quase inaudível.

— Eu sei... Tô só te importunando um pouquinho.

E um olhar de ira surgiu no mesmo instante.

— Não consigo ir agora. Pedirei a um guarda que a acompanhe.

— Acha que precisa?

— Indiscutível.

— Apresse-se então, pois estou saindo... — o que o fez rir do atrevimento. Mas não iria mais reprimi-la. Não havia porquê se indispor por bobagem.

— Ele os alcança.

— E você?

— Reunião com seu pai... Reestruturação da Guarda... Visita aos desabrigados...

— Já entendi. — e rasgou o lábio para ele.

— Infelizmente, nada que me agrade tanto quanto estar com a senhorita.

— Mas não estaria, nem se pudesse.

— E por quê???!!

— Senhora Carmen...

— Hum... Sei... Minha mulher com ciúmes de mim?

— Pare de me chamar assim! Ainda mais aqui.

Ele riu.

— Se conseguir, apareço por lá, no final do dia, pra uma visita.

— Ficarei preparada.

— Por qual motivo???!!

— Pra não desfalecer de susto, já que adora me fazer isso.

Matheo expirou um sorriso.

"Sua mulher" era engraçada e espontânea às vezes, como se não bastasse todas as outras qualidades.

— Até mais tarde, Alteza. — e beijou a mão dela.

— Até, senhor... — e esticou os lábios para ele, antes de entrar no carro.

• • •

Laila passou a tarde ajeitando livros nas prateleiras, sendo auxiliada por Jafé dessa vez e assistida por Oscar, já que a senhora Carmen parecia não querer se dar o trabalho de ficar por lá, sem ter quem assediar.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora