Cap.77 - Mudança de Planos (Parte II)

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— Você sabe que... Eu sou diferente. E esse seu cheiro... O corpo... Eu não tô conseguindo... Da verdade, não vou mais responder por mim.

— Matheo, acho que vou resolver isso.

— Ainda bem... — e se pôs a agarrá-la ainda mais atrevido.

— Pára! Por favor!!

— O que foi agora...?

— Eu não disse que ia resolver o problema nesse instante.

— Ahhh, não!

— O que falei com o Padre hoje... tem um pouco a ver com isso.

— Diz que pediu permissão pra ficarmos juntos...?

— Ai...! Lógico que não!

— Então, como quer resolver o "problema"?

— Bem... Eu disse ao Padre que nos amamos muito...

— Você e os rodeios...

— Tenha paciência e vai entender onde quero chegar! — exigiu, brava. — E que somos pessoas muito simples...

— Está me torturando...

— Acalme-se, por favor!!!... E que, pela gente, já teríamos nos casado de uma forma simples, como manda a igreja. Mas, pela minha posição... Além de ser filha única, minha mãe, principalmente, faz questão de uma festa pomposa. Mas, que nós dois... não fazemos questão de nada disso.

— Aí falou a minha língua.

— A gente só quer mesmo se casar perante Deus, pra que ele abençoe nossa união.

— E...??!

— E eu pedi ao Padre uma ajuda pra realizarmos a celebração de nossos sonhos. Assim... simples, conforme os mandamentos da Igreja, e... rápida.

— Agora sim! Tô começando a gostar da conversa.

— Ele me disse que, se for da vontade de nós dois, ele poderia celebrar essa união e que no dia da festa...

— Daqui há dois infinitos meses...

— Exatamente... Nesse dia, ele celebraria outra vez a cerimônia com uma benção, como se estivesse nos casando outra vez.

— Eu-não-acredito! — e deu um berro que até assustou o cavalo. — Vamos voltar lá agora e a gente se casa já! — e foi dando meia-volta com o animal.

— Matheo, pare! Pare por favor...! E preste atenção em mim. — pediu encarecidamente. — Não podemos nos casar lá. Certamente, chamaria a atenção de alguém e chegaria aos ouvidos de minha mãe, que jamais nos perdoaria.

— Ai, não...

— Precisa ser num lugar escondido. De preferência, fora do Reino. Pode ser em uma Igreja ou até uma Capela, mas tem que ser discreto.

— Eu tenho o lugar!

— Nem pense nisso!

— Por que não?

— Você sabe que não volto mais lá. — e ficou aborrecida como nunca mais tinha ficado.

— Desculpa, tá bem? — Matheo deixou um beijinho carinhoso no rosto dela, abraçando-a um pouco mais forte. — Não falamos mais nisso.

Novamente, lá estava o beicinho desacorçoado, mais alguns segundos de silêncio.

— Bem... Ajude a pensar no lugar. Assim que estiver tudo certo, eu volto a falar com Padre Alberto, pra ver o que ele acha.

— Nem precisa pedir... — Matheo devolveu, empolgado.

— Precisaremos também de uma boa desculpa pra nos ausentarmos no dia.

— Você precisa de uma boa desculpa. — ele a corrigiu.

— Bom... Se eu não for, o senhor não se casa sozinho. Correto??! Então...

— Eu sei... Eu sei... Tô só te importunando um pouquinho. Mas acho que não consigo ajudar muito, pois você é que tem que pensar em algo convincente pra sua mãe.

— Tem razão. Mas me ajude a ter alguma ideia.

— Claro que vou. Mas... tenho certeza que recusará todas. — debochou, fazendo Laila rir.

Mais alguns instantes em silêncio. Matheo em êxtase, apertando forte "sua mulher".

— E Padre Alberto topou nos casar, assim... sem restrições? E em segredo?

— Bem... Isso foi um pouco complicado. — Laila confessou. — Eu disse a ele que era nosso sonho casar de forma simples e que não gostaríamos de esperar tanto até a festa... É lógico que ele notou uma certa ansiedade. Até fez um pequeno sermão sobre 'esses casais jovens, de hoje em dia, que não conseguem esperar nada a seu tempo... Querem tudo na hora que querem'... Mas, no fim, entendeu, depois que eu expliquei inúmeras vezes que a culpa era da minha mãe com sua festa esplendorosa, mas que eu e você... não fazíamos questão de nada daquilo.

— E?

— E acabou concordando, pois a Igreja prega a simplicidade também. Só reforçou a necessidade de ser, de fato, na casa do Senhor. Pelo menos numa Capela. Ah... Já ia me esquecendo... Precisaremos também de duas testemunhas.

Matheo soltou um suspiro.

— Quanto a isso, nem vou me preocupar.

• • •

Assim que a deixou na entrada dos serviçais, Matheo foi chamar Herbert para contar sobre o acordo com Padre Alberto e pedir ajuda para encontrar o mais rápido possível um lugar com todas as exigências de Laila.

O amigo o cumprimentou...

— Agora é pra valer. — emocionado, dando um aperto de mão forte e um abraço em Matheo.

— Agora é pra valer. — ele devolveu, um semblante de quem não precisava de mais nada.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora