À tarde, outra pernada até o lugar que havia prometido levá-la.
De fato, Alpende era um povoado encantandor. De arquitetura peculiar e muito gracioso, ficava incrustado entre dois morros, bem longe da vista de invasores.
Matheo já conhecia a Hospedaria de lá. Até o estabelecimento tinha um charme, algo diferente dos que habitualmente pernoitava em viagens.
— O que achou?
— É lindo mesmo.
— Aceita o convite pra um passeio?
— Seria... ótimo. — e concorda, receosa.
Logo deixaram a Hospedaria para perambular sem rumo pela vila. Passearam pelas ruelas, praças, sempre falando de amenidades.
Matheo explicava a ela sobre lugares parecidos que tinha visitado e dava referência de onde ficavam.
De fato, ele parecia conhecer todas as Regiões que Laila sabia existir. Mais outras tantas que nunca tinha ouvido falar.
Ela lhe fazia incontáveis perguntas. Era muito curiosa sobre tudo...
Matheo nunca tinha estado com uma donzela daquele jeito. Nem nunca conheceu alguém como ela. E se dava conta disso cada vez mais, enquanto ia descobrindo todas as facetas daquela mulher fascinante.
— Podemos voltar? Estou com um pouco de fome.
— Vamos... — ele concordou, mesmo contrariado, já se desfazendo da exígua esperança em pegá-la de surpresa com a declaração de seu amor desmedido, em outra ocasião que parecia a ideal.
E surpreendia-se também por sua paciência quando estavam juntos. A afobação e impertinência que não o deixavam em paz, em não estando perto de Laila, pareciam acalmar-se.
Mas ele queria tê-la. De verdade... Plena, absoluta, sem limites, só para ele, pelo resto da vida... Como da primeira vez...
Conter os ânimos às vezes parecia cortar-lhe a pele.
Naquela mesma noite, acordou suando, sufocado. E não sossegou até invadir o quarto da amada.
Laila dormia feito criança.
Sentou no chão ao lado dela. Aspirou seu cheiro, alisou o rosto, a pele do braço, como um primata fazendo o reconhecimento de sua fêmea. Depois, beijou a testa com o capricho que não era de sua natureza, mas que passou a fazer parte de seu ser, desde que ela ressurgiu em sua vida.
E foi gradualmente se acalmando, ao vê-la tranquila, descansando.
Sentia um desejo quase irreprimível. Mas não iria sucumbir a ele e por tudo a perder, àquela altura.
Deixou quarto minutos depois e voltou a dormir. Em paz dessa vez...
**********
No dia seguinte, foi acordá-la e ficou esperando-a para tomarem o café da manhã.
Chegariam a LaViera no final da tarde.
• • •
— Pronto, Alteza... Já de volta.
— E sem nenhum arranhão.
— Exatamente como lhe prometi. Sem nenhum arranhão. — Matheo emendou com um carinhoso beijo na mão.
— Obrigada pela companhia.
— Sempre um prazer.
Antes de ir embora para casa, ele foi se explicar ao Rei sobre o "resgate" da filha e dizer que correu tudo bem.
Fernan entendeu sua decisão. Confiava plenamente em Matheo.
Em relação a Valduero, já que Herbert havia antecipado ao Rei os detalhes da retomada, Matheo fora poupado de passar tal relato.
— Vá descansar, meu caro. Fico apreensivo em assumir tantas incumbências.
— Não há porquê, Majestade.
— Sei que se sente responsável por tudo, mas não deveria ter ido buscar Laila pessoalmente. Poderia ter incumbido Pablo disso. Sempre me preocupo em poupá-lo para o que seja realmente importante.
Matheo até sorriu. Não haveria como ele saber que não existe nada mais importante no mundo, que sua filha...
— Por mim... não foi nada, Majestade.
— Está certo. Vá para casa agora.
— Com licença. — e deixou o Rei lá, com suas suposições, ainda mais impressionado como o Chefe de sua Guarda parecia incansável.
Nada era capaz de derrubá-lo.
• • •
O Rei foi buscar Isaboh para irem ver Laila.
— Mãe! Pai!! — Laila gritou, ao ver os pais entrando no quarto e correu para abraçá-los.
— Filha minha! Que saudades... Mamãe sentiu tanto a sua falta. — e lá estava a Rainha a bajulá-la como se fosse uma criança.
— Eu também.
— E como foi?
— Incrível! — e precisou de um bom tempo para relatar à mãe tudo que tinha feito naqueles dias intensos.
Desceram para o jantar logo depois, terminando o assunto à mesa.
• • •
De noite, em casa, sozinho, Matheo dava falta dela como nunca. Ficou mal-acostumado por estarem juntos dia e noite durante a viagem. Mas não custou muito a pegar no sono, de tão esgotado pela semana absurdamente atribulada que teve.
**********
Acordou tarde naquele domingo.
Por sorte, havia conseguido descansar bastante.
Disposto, depois da noite bem dormida, nem hesitou em voltar ao Castelo.
Apresentou-se para Fernan que deu-lhe outra bronca por insistir em trabalhar, quando devesse repousar.
— Estou bem, Majestade. Descansei bastante.
— Mas a mente precisa de um tempo também, meu jovem. Não pode ficar dia e noite a demandá-la. Não há quem aguente.
— Ficarei por aqui um pouco. Irei embora após o almoço.
— Bem... Se prefere assim... Então venha almoçar conosco. Será um prazer a sua companhia.
— Claro. Com licença. — e era justamente o que prospectava.
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(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)
RomanceE finalmente o 3º, último e derradeiro livro da história de **LAILA**. Quem ainda não leu o 1º ou o 2º livro, ambos estão na minha página @vivianevmoreira no wattpad. ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ Até chegarmos no desfecho dessa impensável história...