Cap.81 - Sogro e Sogra (Parte III)

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— Posso saber quando?

— Eu quis te raptar...? — ele sabia que Laila não desistiria do assunto tão fácil.

— Isso.

— Bem...

— Não me diga que... Ainda quando me provocava aqueles desmaios.

Matheo sorriu.

Nããão!!! — e levou a mão à boca. — Eu não sobreviveria. — balançando a cabeça, em choque.

— Eu sei. — ele alisou o rosto da esposa, em meio a um olhar doce. — Por isso, tive que ter paciência. Até que se afeiçoasse a mim.

— E Herbert...?!

— Ele que me convenceu que era possível conquistá-la. Sem forçar a nada.

— Devo minha vida a ele! — Laila soltou sem nem pensar.

— Mas deve muito mais a mim!! — Matheo retrucou, soberbo.

— Tem razão. Mas um pedacinho a ele.

— Um pedaço bem pequeno, se for... — já partindo para agarrá-la, espalhando beijos desmedidos por tudo. — Pois o restante é meu! Todo meu! — e a ergueu no braço, mordiscando a barriga, fazendo-a gritar de aflição.

— Pare! Por favor!!!

— É meu ou não é??!

— Não!

E intensificou o ataque.

— Meu??? !

— Ai, ai!! Tudo seu!!! — ela concordou, estrebuchando as pernas. — Tudo!!! Mas pare com isso!!!

— Agora sim... — e a beijou com uma vontade descabida.

— Não pode judiar de mim desse jeito.

— Não, é??!

— Não mais... Já judiou toda a sua cota. Agora tem que me tratar bem.

— É a única coisa que dá sentido pra minha vida, Laila... Cuidar de você.

Outra vez lisonjeada com os dizeres, ela retribuiu com um beijo único, entregando-se ao marido sem qualquer resquício de pudor.

• • •

— Você tá mais a vontade... — ele constatou.

— Como?

— Comigo. Parece mais a vontade.

— Tenho que ir... acostumando...

— Com certeza. Mas não precisa pressa. Tem a vida inteira pra isso. — Matheo a encarou, enfeitiçado pelo olhar meigo e inocente, abraçando-a forte para sentir outra vez que era real.

— Vamos voltar.? — ela propôs.

— Agora mesmo!

E mergulharam novamente na água gelada.

Laila se prendeu ao pescoço do marido dessa vez, para chegarem mais rápido.

• • •

— Há uma queda d'água aqui perto. Quer ir até lá? — ele sugeriu.

— Mas assim... Sem roupa...???!

— Nem se preocupe. Não há ninguém. Eu garanto.

Os dois pegaram as vestes penduradas na árvore. Matheo subiu com ela até a falésia próxima, atravessaram um pequeno pedaço de vegetação e lá estava a graciosa queda d'água.

Laila banhou-se para remover o sal do corpo, depois, sentou-se com ele numa pedra para se secar.

Enquanto estava em seu colo...

— O que tá fazendo?

— Curtindo você... — e deslizava a mão pelo peitoral até o abdômen dele, passando pelo braço, a admirar aquela montanha de músculos bem torneados. — Você é desproporcionalmente grande. Me esmaga com uma mão se quiser.

— E por que acha que eu faria isso?

— Não sei... Na verdade, nem quero saber... Me aflijo só em pensar. — e encolheu-se toda no colo do marido.

— Não pense nisso, por favor. — ele pediu, aborrecido. — Só faria mal a quem lhe fizesse mal. Nunca a você.

— Não mais... — ela o corrigiu.

— Não mais... — ele concordou, em meio a um abraço carinhoso.

• • •

— Posso te contar uma história minha?

— Claro.  — Laila se animou.

— Eu não nasci aqui. — Matheo confidenciou.

— Não??! E nasceu onde?

— Você não vai acreditar...

— Conta!

— No mesmo lugar que você.

— Não creio! Por que não disse antes??! Será que nos conhecemos...?

— Eu saí faz muito tempo de lá. Com oito anos. Você tinha...

— Três anos. É... Muito pequena mesmo. Nem se o conhecesse, iria me lembrar. — comentário ingênuo que arrancou um olhar meigo de Matheo.

Não tinha como disfarçar a alegria de ter a mulher da sua vida ali, com ele, pelo resto de sua existência.

Sem dúvida alguma, haviam nascido um para o outro. E o destino, torto ou direito, sempre tivera o capricho de juntar.

— E meus pais? — ela insistiu.

— Deles, eu me lembro vagamente.

— Ah...

— Lembro também de alguns guardas que perambulavam pela Vila. Pareciam assustadores.

— Só pareciam. — ela concordou, rindo.

— Acho que minha mãe fazia vestidos pra umas moças que trabalhavam no Castelo. Me recordo dela comentar também.

— Sei.

— E conheci uma senhora. Parece que era sua babá...

— Jura?! A dona Lola? — Laila se entusiasmou.

— Não... Não era esse nome.

— Será que foi dona Sarita??

— Acho que era isso.

— Minha mãe comentou uma vez que ela foi minha babá, quando eu era bem pequena. Não me lembro dela. Deve ter sido ela mesma...

• • •

— Gostou do passeio?

— Foi quase um sonho. — Laila confessou, recebendo afagos comedidos do marido.

Voltaram para a casa dos pais já era quase noite.

A "bá" até ensaiou uma preocupação pelo tempo que ficaram ausentes, mas a mãe nem se importou, certa de que Laila não estaria em melhores mãos que as do filho. Ainda mais na condição de casados.

Não havia qualquer preocupação mais ali.

E os dois estavam famintos. Nem esperaram o jantar, já avançando para cima da comida que a "bá" preparava.

Matheo sempre caçoava da esposa, quando a deixava naquela situação de desespero.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora