Cap. 60 - Alpende (Parte II)

432 72 1
                                    

— Além de conhecer lugares novos, Sua Alteza tem assim, algo mais que lhe agrade...?

Além de você...? E precisou se segurar para não dizer em voz alta, o desejo que quase pulava da boca.

— Bom... Como já deve ter notado, herdei de meu pai o gosto por uma boa festa.

— E como.

— Gosto bastante de ler também. E conversar... Com Elisa ou com as amigas.

— Não imaginava.

— O quê?

— Pensei que sua Alteza fosse mais reservada.

— Talvez pela minha posição, eu acabo me relacionando com menos pessoas que gostaria. Mas a verdade é que adoro conhecer e conversar com pessoas diferentes.

— Sei... — já estava desconfortável.

— Seus amigos, por exemplo...

E Matheo fechou a cara no mesmo instante, só de escutá-la mencionar qualquer outro ser do sexo oposto, mesmo que fossem os que mais confiasse na vida.

— Parecem-me boas pessoas. Tive a oportunidade de conversar com eles, à beira do Rio, naquele dia...

— Eu me lembro.

— E gostei deles.

Matheo calou-se por segundos.

— Que foi? — Laila estranha.

— O quê?

— O senhor... Parou de falar comigo.

— E a senhorita tava gostando da conversa?

— Muito.

— Então... Posso me classificar como uma "pessoa de quem goste" também?

— Mas é lógico!! Por quê??! — e ergueu a cabeça do ombro dele para olhá-lo nos olhos e contemplá-lo com um largo sorriso.

— Sua Alteza citou diversas pessoas que considera e eu não tava incluído.

— Ah... Bem... Pode se considerar neste grupo, certamente... Afinal, o que fazemos aqui, não? — Laila ficou sem graça.

— Poderia estar conversando por falta de opção.

— Eu poderia estar quieta se não quisesse falar com o senhor.

Matheo esticou os lábios, meigo.

— Bem... Só espero que seu futuro marido também esteja nesse... grupo. — ele a provocou.

— Com certeza vai estar!

— E como sabe??!!! — questionou, incomodadíssimo.

— Pois eu irei escolher com quem me casarei!

— Eu não estou tão certo disso.

— E por qual motivo?

— Tenho uma leve impressão que seu pai intercederá nessa... escolha.

— Não existe qualquer possibilidade de me casar com alguém que seja exclusivamente do gosto de meu pai! — bradou.

— Isso eu quero ver...

— Eu falo muito sério, Matheo. Se ele me impuser qualquer vontade alheia à minha, eu juro que fujo.

— Não acredito.

— Pois tenha certeza disso. Eu sumirei no mundo que ninguém terá notícias de mim.

— Ninguém...?

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora