Cap.83 - Pré-festa (Parte II)

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A Rainha estava incomunicável naquela semana, estressada com os últimos detalhes e os inevitáveis imprevistos das bodas da filha.

Pobre Fernan, de ter que aturá-la naquele estado... Laila e o marido vez por outra se pegavam comentando, achando graça do estado de nervos exacerbado de Isaboh.

Ela só se acalmou para receber os pais de Matheo, que chegaram no meio da semana. Foi muito receptiva com eles. Inclusive, fez questão de tratar dona Jimena como uma velha conhecida, não a poupando de um sem fim de elogios ao filho.

Assim que acomodou os ilustres convidados, já deixou para trás a breve trégua, retomando o estado de nervos à flor da pele, inconvivível, colocando as serviçais extremamente temerosas de se aproximarem, por seu temperamento inconstante e imprevisível. Vez por outra, via-se uma saindo chorando após uma reunião com a anfitriã.

Laila, um tanto quanto indiferente à festa, ainda forjava alguma empolgação, oferecendo-se para ajudar a Rainha. Mais pela questão que a mãe fazia da tal celebração, que pelo entusiasmo com o casamento em si, uma vez que, para ela, já estavam mais do que casados.

E passou a semana cuidando do ferimento de Matheo.

• • •

Após três dias, já dava para perceber as iniciais de seu nome com mais clareza. E não conseguiu disfarçar o riso.

— Que foi? — ele questionou, incomodado.

— Nada...

— Sei que ri de mim... Pode falar!

— Bom... Você vive me dizendo que sou sua... — e se deu uma pausa. — Mas isso aqui... faz parecer exatamente o contrário.

Ele a acompanhou com um sorriso maroto.

— Tá gostando desse seu novo "brinquedo"?

— Adorando.

— Pra quem já me tinha na mão... Isso aí não é nada.

— Eu sei.

— Você é minha e eu sou seu. Alguma dúvida mais?

— Nenhuma. — e esticou os lábios para o marido, agraciando-o com um monte de beijos.

Na sequência, se pôs a cuidar do ferimento, propriamente.

— Ai!!

— Shiiiu!! Não faça barulho. — Laila o repreendeu.

— Dói muito.

— Se visse como ainda está horrível.

— Isso não fica assim, não... Vai ter volta, hein!!?

— Não fale isso, por favor. Estou fazendo com o máximo de cuidado. — Laila interrompeu o curativo com um beijinho na bochecha do marido.

— Sei disso. Tô só te enchendo.

— E sabe também, o quanto eu morro de medo de você.

O que fez Matheo soltar o suspiro incrédulo e esfregar a cara com força.

Ele ergueu-se no mesmo instante do colchão, puxou a esposa para dentro de seu colo, olho no olho, enquanto afagava o rosto dela com a delicadeza que conseguia.

— Eu que te peço que não sinta mais medo de mim... — a expressão séria.

Recebeu um meio-sorriso amarelo.

— Não precisa me temer... — e ficou um tanto com ela, mais uma vez, tentando equilibrar com palavras de conforto o abismo de desigualdade entre os dois.

Foi-se um tempo até que recomeçasse com as carícias rumo à outra seção de amor sem limites.

• • •

Após o ato, Laila deitou a cabeça no braço do marido, que não a poupou de afagos por toda pele exposta.

— Você ainda tem medo que eu te faça mal...?

Ela acenou, confirmando, para a surpresa dele.

— Não quero mais que sinta isso... Como posso fazer mal a única pessoa que me importa na vida? — e olhava firme para ela.

Laila, em silêncio, encarava-o com os olhos arregalados.

— Não confia em mim... É isso, não é? Minha esposa não confia em mim. — alisando o rosto dela, entristecido.

Ela não reagia.

— Mas por que eu não consigo ganhar sua confiança? Me responde... Qualquer coisa...

— Você é muito impulsivo às vezes. Age antes de pensar.

— Eu não vou fazer mal a você!

— Talvez não seja com intenção.

— Não existe isso, Laila!!! Você tem que acreditar em mim!

Ela se calou.

— Promete que vai confiar em mim...?

Recebeu como resposta um olhar perdido... Angustiado... Querendo não ser protagonista naquele desconfortável diálogo.

— Promete, Laila?! — ainda mais firme, segurando o rosto dela para evitar que se esquivasse da resposta.

— Juro que vou tentar. Mas você precisa me ajudar...

— Não tenha dúvidas que vou... — e tomou os lábios da esposa em meio aos beijos mais envolventes que já foi capaz de trocar com alguém.

**********

Na noite pré-casamento, Laila proibiu o "noivo" de se aproximar de seu quarto, certa de que seria assediada pela mãe, sogra e algumas convidadas que se hospedavam no Castelo, até adormecer.

— Eu não concordo!! Estarei lá pra dormir com a minha mulher!!! Minha!!! — e apontava o dedo para si, esbravejando no costumeiro tom imperativo.

— Pare com isso, Matheo! Falta uma noite pra ficarmos juntos pelo resto da vida. Não seja impertinente e coloque tudo a perder!!!

Ele esfregava a cara de nervoso.

— Tudo bem... Mas espero você no salão do lado do quarto. Não importa o horário.

— Matheo??!

— Estarei lá.

— Como é intransigente.

— Não me decepcione.

— Por que faz isso comigo?

— Promete que vai?

— Está bem... Eu dou um jeito. — Laila se rendeu.

• • •

E lá foi ela para o Salão Desativado, no meio da madrugada, conforme prometido.

— Você e essa volúpia incontrolável...

— Já te disse... A culpa é toda sua.

— Matheo, a gente se casa amanhã... Espero que pra passar o resto da vida juntos. Às vezes, me preocupa esse seu desejo, essa atração. Não seremos jovens para sempre... Se for só isso que interessa.

— Shhiii... Não quero que fale mais nada. — e colocou o dedo sobre os lábios dela. — Eu a amo mais tudo. Não existe uma vida possível pra mim sem você, Laila. Não quero que pense que, porque te desejo a toda hora, nossa vida será só isso ou só dependa disso pra existir. 

— Jura pra mim?

— Não vejo a hora de ficarmos juntos de vez, oficialmente, sem ter que esconder isso como se fosse a coisa mais errada do mundo.

— Está por um dia. — ela devolveu o sorriso, enaltecida pelos dizeres.

— Eu amo você. E Vou repetir pra não ficar dúvida... AMO-VOCÊ. — em definitivo, olhando firme nos olhos dela.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora