Cap.66 - Sob Controle (Parte II)

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Matheo perguntou para outras cinco pessoas, até chegar em uma enfermeira que contou onde Laila estava.

E não levou milésimos para achá-la na pequena antessala.

Nem acreditava que a mulher da sua vida estava ali, sentada num banco de alvenaria, de costas para a porta, terminando o curativo no punho de um homem de meia idade, bastante abatido.

Parecia um delírio...

Ficou parado um tempo, recostado ao batente da passagem, só observando o que ela fazia... Admirado...

Laila nem o viu. Percebeu somente quando ele veio se sentar a seu lado.

A princesa terminou o curativo e dispensou o homem, que agradeceu, todo honrado, o pequeno gesto. Logo, recostou-se em Matheo, que levantou o braço machucado para ela se ajeitar debaixo e a envolveu.

Laila fechou os olhos, bastante cansada pela noite angustiante, e finalmente relaxou.

Matheo ajustou-se, apoiando a cabeça numa coluna, ainda com ela dentro do braço e lá ficaram, sem dizerem nada...

Depois de um tempo...

— Como foi?

— Difícil...

— E as pessoas?

— Bem, no possível.

— Os meninos...?

— Vivos.

— E o senhor? 

— Agora, melhor que nunca.

Laila aconchegou-se no peito dele, rindo, pronta para um cochilinho.

Não queria mais nada além daquilo... Dele...

Matheo ajustou-se com cuidado para deixá-la o mais confortável possível, mantendo o braço machucado sobre ela e a espada na outra mão. Estava exausto.

Minutos depois, um homem adentrou a antessala procurando por ajuda.

Matheo despertou no ato, mas nem reagiu. Só colocou o dedo sobre a boca, pedindo silêncio. O homem olhou para ela, que repousava, tranquila, sorriu e os deixou para trás, partindo em busca de auxílio em outro lugar.

Acordaram depois de um bom tempo.

— Nossa... Peguei no sono a valer. — ela confessou, a voz embrumada, enquanto se esticava toda, sem se acanhar.

Matheo ria à toa, admirando a cena.

Estava muito cansado, mas feliz como nunca por tê-la ali, junto a ele, depois de tudo.

Assim que terminou de se alongar, Laila enterrou a cabeça no peito dele, que espalhou vários beijinhos, abraçando-a bem forte.

— Precisamos sair daqui... — ele sugere.

— Não quero.

— Eu também não. Mas, vamos comigo. eu te levo até seu quarto.

— Será que ainda está lá?

— É a nossa chance de descobrir... — e saiu com ela de mãos dadas pelos corredores, achando que não precisava esconder mais nada de ninguém.

Por onde passavam, nas dependências sociais do Castelo, havia algo destruído ou fora do lugar.

Laila não fazia ideia de como fora a batalha, que aparentava ter sido duríssima. E estava sem coragem de perguntar à pessoa que provavelmente mais sabia sobre tudo o que se passou, na pior noite de sua amada terra natal.

Caminharam até o terceiro andar, cruzando com vários serviçais no percurso, alguns membros da guarda, entre outras pessoas.

Seu quarto estava bastante revirado, mas nada assustador. A cama desarrumada, que Laila tinha abandonado às pressas na noite anterior, estava lá do mesmo jeito.

— Acho que vou dormir um pouco. — sentando-se à beira do colchão.

— Eu preciso ir... — Matheo a encarou com a feição injuriada.

— Fique aqui comigo.

— Sabe que... não precisa pedir duas vezes... — e abriu um sorriso lindo.

Ele se deitou ao lado de Laila, sem nenhuma cerimônia. Passou o braço direito por cima dela e dormiram ali, juntinhos, integrados, atravessados sobre a cama.

Depois de um tempo, ele acordou assustado. Logo se deu conta de onde estava e acalmou-se. Não haveria lugar melhor no mundo para acordar...

Laila despertou também com aquele homem enorme recolhendo o braço de cima dela.

— Vai sair?

— Sim...

Laila virou de frente para ele, ainda mantendo os olhos fechados.

Ela havia tirado o peignoir que a mãe lhe emprestara à noite e vestia a mesma camisola absurdamente sensual de quando ele a achou.

Matheo fixou os olhos em "sua mulher", enquanto ela cochilava. Abobalhado... Praticamente sem fôlego ao vê-la daquele ângulo e com aquele traje.

— Tenho que ir.

— Jura? — ela nem abriu olhos.

Quando se deu conta, Matheo já estava em cima dela com os lábios colados ao seus.

Ele começou passear com a barba pelo rosto, pescoço...

— O que está fazendo...? — ela questiona.

— Provocando.

— E está conseguindo. — ainda de preguiça.

Segundos naquele ritmo e ele não se segurou mais. Começou a mordiscar os lábios, espalhando beijinhos pela pele quente, exposta, convidativa...

Dava-se ao direito de fazer aquilo, independentemente da vontade dela. Era seu prêmio... Uma autoindulgência mais que merecida, depois da noite terrível.

Logo já estava com ela nos braços a beijá-la sem se conter.

A veste colada ao corpo... O decote ousado... A renda transparente... Era tudo tão atraente, que exerciam um efeito magnético sobre ele, ampliando sua volúpia que não conseguia controlar.

E não havia mesmo como ficar alheia a aquele ato. Laila retribuía com vontade, sentindo o mesmo desejo reprimido que Matheo.

Estavam novamente na mesma sintonia.

Quando a coisa começou a esquentar, com ele deslizando a mão atrevida pela lateral da coxa, suspendendo camisola para cima do ventre...

— Matheo...?

— Que é...?

— Eu... não consigo te segurar... — de fato, já haviam ultrapassado todo e qualquer limite aceitável.

Ele enterrou a cara no pescoço dela, interrompendo a investida, já dando risada.

— Eu sei. Vou deixá-la aqui, descansando um pouco mais. — e largou um beijinho nos lábios, mais outro na testa de "sua mulher", ajeitando o cordão que ainda estava lá, meio fora do lugar, para levantar-se em seguida.

Matheo sentou-se à beira da cama e começou a se aprontar. Abotoou a camisa suja e parcialmente rasgada, ajeitou o cinto, calçou as botas, mas sem deixar de percorrer os olhos pelo corpo dela, um segundo sequer. Fazia questão de mostrar que estava a admirá-la.

Laila achou graça e logo aconchegou a cabeça no travesseiro, pronta para outro cochilinho.

Antes de sair, ele se esticou todo por cima dela para mais um beijo na boca e a deixou, completamente alheio à sua vontade.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora