Cap.74 - Pedido "Baile da Guarda" (Parte II)

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— Alteza?

— Sim... — Laila parecia apreensiva ao ser pega de surpresa por aquele ser ultrajante e deveras ansioso, estacionado ao lado do sofá.

— Tem alguns minutos...?

— Claro... — e estendeu a mão para Matheo, que a ajudou a se "desenterrar" da confortável mobília. — Com licença, senhores. — e deixou os amigos para trás.

Ele ofereceu o braço a ela e foram deixando o Anexo para tomar o Corredor principal. Estava sério, novamente aparentando tensão... E quieto.

— Muito assédio esta noite, senhor? — ela logo tomou a iniciativa de puxar a conversa.

— Sua Alteza nem imagina...

Os dois se entreolharam no breve diálogo.

— Pelo jeito, conseguiu se desvencilhar das comemorações... — ela emendou.

— Tenho algo bem mais importante essa noite.

O que fez Laila sorrir para ela mesma.

Seguiram pela suntuosa passarela, em direção ao Saguão Principal.

Assim que o atravessaram, Matheo cumprimentou os guardas, que protegiam a Escadaria Principal, com a cabeça e continuou pelo corredor, sentido porta de serviços.

De repente, ele parou.

— Poderia acompanhar-me...? — apontando para a porta de uma sala, que ficava entre o Saguão e o Hall Anexo ao Grande Salão de Refeições, pouco utilizada, mas perfeita para o que tinha em mente.

Atravessou tal ambiente com ela rumo a outra porta que acessava a grande varanda, debruçada sobre o jardim iluminado pelas tochas que contornavam o acesso ao Castelo. Era possível enxergar ao longe as janelas dos Salões ocupados pelo Baile naquela noite. O som abafado da orquestra tocando incessante, fazia um ruído ao fundo.

— Bem, senhor... Por que estamos aqui?

— Não precisa me tratar de senhor... se não quiser... — Matheo parecia ainda mais nervoso. Inspirou profundamente, o que lhe concedeu preciosos segundos para encher os pulmões de coragem.

— Bem... O que nos traz a este lugar...? — ela insistiu, de forma bem direta, impertinente. Meio ríspida até...

Hum... Hum... — e limpou a garganta de tensão. — Como sabe... eu tenho muito apreço por Sua Alteza...

Laila encarava-o com os olhos semicerrados, desafiando-o, o que o deixava ainda mais nervoso.

— E que a acho deveras encantadora...

Hummm...

— Inteligente... Intrigante...

— Sei... — e levantou a sobrancelha com certo desdém, segurando o riso.

— Bem... Eu gostaria de... Sabe... acho que...

— Matheo? — ela, de repente, o interrompe. — Eu sei o que quer. Pode ir direto ao ponto.

Ele sorriu aliviado, expirando com força o ar pelo nariz.

— Casa comigo?

As pernas dela cambalearam no mesmo instante ao escutar o arrebatador pedido. Precisou se apoiar no guarda-corpo para não sucumbir. A pele formigando, o estômago contraído, o sangue concentrando-se na face, enrubescendo e provocando um calor descontrolado.

Levou segundos para refazer-se do susto.

— O quê??!

— Você me pediu pra ser direto.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora