(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)

Cap.70 - Pesadelo (Parte I)

E esse homem, hein?! Só aprontando para "sua mulher"... 

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(quinta - sexta-feira)

Elisa trouxe um lanche leve mais tarde.

Enquanto aprontava-se para repousar, Laila ficou o tempo inteiro pensando sobre a conversa com Pablo, atormentada.

Conseguiu pregar os olhos depois de um bom tempo. Mas os pensamentos angustiantes não deram sossego, nem durante o sono.

Sonhou com a peça que havia encenado no Retiro de Verão, em que protagonizava uma donzela em perigo, numa floresta, fugindo de um monstro.

Mas era um pesadelo...

E a tal floresta estava lá de verdade...

Laila havia sido deixada no meio dela, em oferenda, amarrada a um enorme e assustador álamo, para acalentar o mais temível de todos os seres. Por mais frágil e indefesa que fosse, ela era a única presa capaz de acalmar aquele monstro incontrolável, sendo sacrificada em prol de seus semelhantes, pela paz entre os seres inferiores de sua espécie.

Despertou aflita, suada, com falta de ar.

Uma vela ainda queimava, próxima a cama, que ela se levantou para pegar, muito apreensiva e espantada com quanto o sonho lhe parecia real.

Tomou um copo d'água e tentou voltar a dormir com a coberta sobre a cabeça, como se se protegesse contra um ataque fulminante.

**********

Ao se levantar da cama...

— Lis, pode trazer o café aqui no quarto, por favor?

— Claro.

— Ah... E descubra onde está minha mãe. Quero falar com ela.

— Sim, Alteza. Com licença.

• • •

— Aqui está! Coma tudo, hein?

— Sim, senhorita... — Laila achava até graça quando recebia "ordens" da dama.

— Sua mãe está no primeiro piso, coordenando a organização dos ambientes por lá.

— Está bem. Obrigada.

Quando terminou, desceu voando para encontrar-se com Isaboh.

• • •

— Mãe...?

— Olá, minha querida. Não a tenho visto direito com essa correria...

— É verdade. — e deu um abraço na mãe.

Precisava dela para aconchegar-se debaixo da sua asa.

— Queria ajudá-la a organizar aqui.

— Que ótimo! — Isaboh entusiasmou-se.

— Posso acompanhá-la pra ver o que está fazendo...?

— Mas é claro.

E lá ficou, grudada na mãe a manhã inteira, sem deixá-la em um só minuto. Precisava daquele tempo a sós para digerir seu fatídico destino.

Ainda mais, depois da conversa com Pablo e do pesadelo da noite anterior, que provavelmente jamais fosse se esquecer em toda a vida.

Não tinha se escondido. Nem sabia se Matheo a viu, mas como estava na companhia da mãe, imaginou que aquilo possivelmente o afastaria. Pelo menos por um tempo. Era a única forma que sabia funcionar para manter aquele ser de temperamento desmedido e impulsivo distante.