Lá estava ela, às gargalhadas, nada mais nada menos que com Herbert.
Matheo levou segundos ainda para assimilar que "sua mulher" estava a salvo, na companhia do amigo. Deu uma esfriada de alívio e caminhou até os dois.
Laila notou que se aproximava, ficou um tanto nervosa, mudando de leve o semblante, mas não deixou de sorrir para a sua companhia, que lhe contava casos engraçadíssimos.
Matheo nem bem chegou e já atravessou o diálogo...
— Parece que a conversa está muito boa, mas, com sua licença, senhor... — e debocha do amigo, curvando o tronco de leve... — Irei agora tirar Sua Alteza para uma dança. — estendendo a mão para a princesa, que prontamente cedeu a sua e seguiu com ele para o meio do espaço.
— Já voltamos, senhor Herbert! — Laila olhou para trás e sorriu para o amigo, enquanto era arrastada por aquele ser impaciente.
— Aproveitando a festa, Alteza...? — Matheo puxou conversa, assim que deram os primeiros passos.
— Bastante... E o senhor?
— Agora bem mais. — sem rodeio algum... — Senti sua falta no treino de quinta.
— Sabe porque não fui.
Ele forçou um sorriso amarelo.
— A senhorita sabe também que não tenho a ver com a decisão de seu pai. Ele já tinha resolvido.
— Mas, com certeza, o senhor o influenciou. — Laila já estava sem paciência para aquela tentativa infundada de se justificar.
— Acho, de fato, bem arriscado participar... disso.
— Eu esperava muito por esse evento. — e o encarou, aborrecida.
— Faço ideia. Quem sabe no próximo ano, essas invasões já não estejam mais controladas... — e tentou consolá-la a todo custo.
Jamais permitiria que fosse ao Retiro e iria até as últimas conseqüências, influenciando o pai para manter a proibição. Mas não queria assumir a responsabilidade e correr o risco de voltar a ser odiado por ela.
Ficou também frustrado por Laila não comentar nada sobre o bilhete e as rosas. Mas era evidente que ainda estava possessa com a proibição.
— Espero que vá ao treino na próxima terça. — Matheo sugeriu, já mudando de assunto.
— Ainda não sei. Vamos ver. — desconversou, com a certeza de que o irritaria.
— Recomendo fortemente.
Laila não respondeu.
— Está evoluindo bem... — e ele tentou um outro caminho.
— Fala isso só pra me motivar.
— Falo isso pra que não desista. — de fato, era a única forma de estar próximo dela, sem a vigília dos pais ou sem precisar contar com a sorte do acaso em encontros ocasionais.
— Preocupado com minha segurança, senhor? — ela o provocou.
— Mais que qualquer outra coisa... — e Matheo foi bem direto, olhando fundo nos olhos dela.
Laila sorriu, desviando olhar, enquanto corava, encabulada.
Ficaram mais um tanto juntos, até que ela pedisse para parar.
Matheo foi se encontrar com Herbert, ainda de olho nela por onde fosse.
• • •
— Viu só? Não precisava se enfurecer. Esteve aqui, comigo, o tempo inteiro. Chegou logo que você saiu, feito um doido, atrás dela.
— Essa mulher tá me levando à loucura. Pelos Céus... O-que-é-ela???!!! — e Matheo esfregava a cara de desespero. — De verdade... Não sei mais o que fazer pra me segurar e não sumir com ela daqui. Ia me esconder num lugar tão ermo, que nem se procurassem por cem anos, encontrariam a gente.
— Calma, meu amigo... Tudo a seu tempo... Está se saindo bem. Mais um pouco e não vai precisar de nada disso. Fernan vai conceder a mão dela pra você, se pedida no momento certo. Acredita em mim.
— Será??! Essas fressuras da realeza, não sei, não...
— Mas você escolheu uma princesa, Matheo! Podia ter sido mais humilde, mas foi logo partindo pro mais difícil... — e Herbert ria, fazendo o amigo o mesmo, meio ressabiado. — Se ainda fosse uma donzela direita, de família, boa educação... Mas não...! Quer logo o mais complicado. Além de ser uma das mulheres mais lindas que conheci, ainda é nada menos que a princesa de tudo isso aqui. Aí fica "fácil" demais, não??!
Matheo agora ria de verdade. Era a primeira vez que Herbert o via rir à vontade daquela forma. Ficou contente de ter sido ele o realizador de tal feito.
— Tem razão. A mulher mais linda que existe e ainda uma princesa... Mas nada é impossível pra mim.
— Não... Nada é impossível pra você. — Herbert concordou. — Mas, pra que seja pelo resto da vida, tem que fazer direito. — e o advertiu. — Imagine Laila longe dos pais, vivendo com você, numa ilha deserta? O primeiro problema seria "você", logicamente... Pense nela lá, sozinha, te aguentando, sem poder dividir o fardo com ninguém.
Matheo continuava a rir.
— Depois, seria o "longe dos pais". Ela é apegada a eles. Você sabe disso. Ia aguentar um... dois meses, mas não suportaria a distância por mais tempo.
— Me resta ser paciente e esperar que, um dia, ela retribua.
— Não desanime. Já evoluiu muito.
— Quero só ver... — e deixou o amigo para trás, em busca de algo para beber.
Enquanto isso, Laila estava pelo Salão. Ora com as amigas, ora sendo bajulada por algum membro da nobreza, junto à mãe ou ao pai.
Matheo ficava de olho nela, mas sua atenção mesmo, recaia sobre os dois "almofadinhas".
Num determinado momento, viu "sua mulher" circulando sozinha e Rudolf pisando firme em direção a ela. Matheo apertou o passo, mas o "almofadinha" estava mais perto. Eis que Patrick percebeu e chegou primeiro que os dois até ela, convidando-a para uma dança.
— Mas é claro! — Laila sorriu e se pôs a rodopiar com Patrick pelo Salão.
Matheo ficou furioso, mas logo relaxou.
Já Rudolf estava transfigurado de ódio. E dá-lhe mais uma trago da bebida forte.
— Trabalho em equipe, hein? — Herbert se aproximou, encostando a boca do copo no de Matheo.
— Que você quer dizer com isso...??! O que Patrick sabe...?! O que disse a ele??! — indagou, enfurecido.
— E precisa dizer alguma coisa? — o amigo debochou.
Matheo só esticou os lábios. Realmente não havia como enganar ninguém ali. Ainda mais, os vividos membros de seu grupo.
Já era meio da madrugada e a festa começava a esfriar.
Assim que Laila encerrou a dança com Patrick, foi se encontrar com a mãe, não dando mais chance a Matheo de se aproximar.
Ele também relaxou. A festa já estava "morna" e "sua mulher" parecia fora do risco de novos assédios.
Herbert, por outro lado, seguia de olho em Rudolf.
O "almofadinha número um" trançava das pernas. Mas ele logo tomou o corredor principal, rumo ao Saguão. Herbert só o acompanhou com o olhar, aliviado ao observar Rudolf sumindo pela passarela.
Laila deixou o Magnífico Salão pela passagem ao lado do tablado do trono, em direção ao Anexo e, de lá, partiu sozinha para o seu quarto.
Ao concluir o primeiro lance da Escadaria Principal, já no primeiro piso...
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(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)
RomanceE finalmente o 3º, último e derradeiro livro da história de **LAILA**. Quem ainda não leu o 1º ou o 2º livro, ambos estão na minha página @vivianevmoreira no wattpad. ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ Até chegarmos no desfecho dessa impensável história...