Cap.67 - Ajuda ao Reino (Parte III)

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— Sabe que não precisa ter medo de mim.

— Mas... tenho. — confirmou, com toda a sinceridade inerente a seu estado alcóolico, acomodando o rosto no peito dele, na sequência.

— Achei que tivesse superado.

— Eu... convivendo...

— Não vou lhe fazer mal, Laila. Sabe disso. — e agora já abraçava-a. — Eu amo você. Amo demais. Você é a única coisa que importa pra mim. — declarava-se, ainda mais enfático.

Ela rindo, ainda roçava o rosto no peito dele e se deixava abraçar.

— Queria tanto que me perdoasse. — falou, ressentido, beijando a cabeça.

— Eu não... sei... Ainda mágoa.

De repente, Matheo não resistiu mais. Afastou-se um passo para olhá-la nos olhos, ajeitou o cabelo dela atrás da orelha e tascou-lhe um beijo na boca.

Laila retribuiu... meio desajeitada, mas deixou-se beijar intensamente por ele de novo.

Ficaram por ali se beijando, saciando aquele desejo mútuo e incontrolável.

Mesmo que a mágoa que sentia chegasse próxima ao intransponível, Laila não resistia quando Matheo a abordava com um beijo apaixonado. Não havia meios de se negar àquele amor, ainda que lutasse insistentemente contra.

Foram incontáveis minutos até que parassem.

Matheo a envolveu dentro dos braços desproporcionais.

— Amo você... Amo demais. — e ficou ainda um tanto com ela, curtindo o momento, feliz ao ser correspondido na mesma intensidade.

Depois de um bom tempo, ele a trouxe até o cavalo. Apoiou a mão dela no bicho para que não caísse, montou e a puxou para cima com a mão direita, já que a esquerda estava imobilizada.

Ela o abraçou, recostou-se no ombro dele e foi cochilando por todo o percurso.

Só em um determinado ponto, fez uma pergunta inusitada:

— Promete... eu acordar... amanhã... meu quarto?

Ele ria do pedido.

— Nem se preocupe. Estou te levando pra lá.

Chegando ao Castelo, Matheo posicionou o cavalo num lugar ao fundo, para que ninguém os visse e procurou pela entrada secundária, já que não conseguiria levá-la escalando as paredes externas, por conta do braço machucado.

Passou com Laila por um acesso pouco utilizado, estourando o cadeado da corrente que o protegia, e foi escorando-a pelas passagens e escadas secundárias até o quarto.

Cruzaram com guardas pelo caminho, que observavam Sua Alteza de canto de olho, estranhando a atitude. Mas, como estava com Matheo, não fizeram qualquer comentário.

Ao chegarem no quarto, ele a deitou no sofá e ajoelhou-se a seu lado.

Laila meio que dormia, meio que delirava.

— Eu... aqui... quarto?

— Sim, a senhorita está no seu quarto.

— Você... junto... — e dava risada, alisando a barba dele.

— Eu... junto... — enquanto espalhava beijinhos pelos lábios e rosto dela.

— O senhor... atrevido...

— Eu... apaixonado... — parafraseando-a de brincadeira, enquanto alisava a pele. Os olhos fixos nela.

— Barba... Cócegas... — e ria, enquanto enroscava os dedos na barba dele.

— Ah, é??! — aproveitando a abertura, avançou contra o pescoço dela, se pondo a roçar a barba por toda a pele exposta, arrancando gritos de aflição e protestos de Laila, que estrebuchava as pernas sem conseguir se controlar.

— Pára... isso...!

Ele interrompeu a provocação, veio ao pé do ouvido e disse de forma bem clara para que ela não tivesse dúvidas: "EU-AMO-VOCÊ".

— Por quê...? — parou os olhos nele e alisou mais uma vez a barba, desajeitada.

Matheo se desarmou com a pergunta. Desnorteado, soltou o ar com força, sentou-se no chão de costas para ela e deitou a cabeça sobre o ventre de Laila.

— Não sei também... Nunca soube o que é isso.

— Achei... não gostava... mim...

— Talvez fosse mais fácil pra nós dois... Se eu não gostasse mesmo.

— Eu gosto... você.

— Acho que não como eu. — desabafou.

— Gostei... desde o baile... Dançava comigo... — confissão que o surpreendeu. Virou a cabeça para olhá-la, mantendo-a ainda sobre a barriga dela, a contar algo que nem imaginava.

Laila voltou a acariciar a barba grossa que cobria quase toda a cara.

— Lindo... Lá... me olhava... jeito... — e falava, os olhos pregados no teto, como se estivesse em meio a uma lembrança boa.

Ele não acreditava no que ouvia.

— Casava... você... ali... se pedisse, Matheo. — e lá estava, para seu desespero, a confissão que o derrubou.

Tudo o que mais queria teria conseguido tão fácil, se não fosse aquela vingança estúpida. Ficou triste e ainda mais enfurecido pelo que fez.

Mas não iria desperdiçar a deixa surpreendente. Respirou fundo, enfiou a mão dentro do cabelo com raiva, como se fosse arrancar o couro, depois, colocou-se ajoelhado diante de Laila para colar seu rosto ao dela outra vez.

— Casa comigo, então?

— Não sei... Ainda mágoa...

— O que faço pra te fazer superar, hein? Diz... Pede qualquer coisa.

Ela ria.

— Gosto... você... — e sorria, meio tímida, meio delirante pelo álcool que corria nas veias. — Muuuito...

Ele esticou os lábios, já desistindo da investida.

Não fazia sentido insistir mais. Pelo estado dela, certamente, não se lembraria de nada no dia seguinte.

Já tinha conseguido o que mais queria. Aqueles momentos únicos com ela, somado a surpreendente confissão de que seu amor era recíproco. Talvez não na mesma intensidade. Mas sabia que Laila gostava dele, o que já era um admirável recomeço.

Deslumbrado, beijou-a com vontade, na seqüência, que retribuiu na mesma sintonia.

Só parou de beijá-la, porque Laila não conseguia mais controlar cansaço.

Ela, com um olhar meigo, enroscou os dedos na barba novamente e pediu:

— Me ajuda... roupa?

Mais que prontamente, Matheo começou a desamarrar o vestido dela, que permaneceu deitada no sofá, sem forças para levantar-se.

E lá estava "sua mulher"... Linda... Só com as roupas de baixo e a bota comprida por cima da meia de mesma cor...

Ficava fora de si ao vê-la daquele jeito.

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Será que ele se segura, hein?! Quero só ver... ;-) 

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora