Cap.75 - Aspirações (Parte II)

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— Não vai olhar com mais atenção pra flor? — e já se apoiou na cômoda, onde estava o buquê, para ficar na mesma altura que ela.

De fato, amarrado a fita, estava um anel de ouro com um diamante rosa na ponta, esplêndido.

— Não acredito!

— É o seu anel de noivado.

— É lindo!

— Gostou mesmo? Sabe que não me dou muito bem com essas... coisas...

— Amei!!! É deslumbrante. — e o colocou. Estava exato para o seu dedo anular.

— Agora sim... Você... oficialmente... minha. — e deu-lhe beijinhos no rosto e lábios.

— Esse comentário soou... possessivo demais.

— A senhorita ainda não viu nada.

— Não me aterrorize... senhor... — Laila mostrou intolerância.

— De forma alguma. Mas é um fato que aguardei ansiosamente... como ninguém... pra poder dizer isso.

— Bom... Como agora estamos oficialmente juntos... você bem que poderia afrouxar um pouco essa marcação cerrada.

— Huumm... Acho que não.

— Mas não há porquê.

— Até ter você dormindo e acordando a meu lado todos os dias, pode esquecer.

Ela encarava Matheo com uma feição incrédula pela atitude possessiva e deveras sufocante.

— Bem... Pelo menos posso ter uma esperança.

— Hum.... Vou pensar.

— Então prometa! — ela o intimou.

— Como?

— Prometa que será menos vigilante.

— Deixe-me ver como a senhorita irá se comportar.

— Ai... por favor... — num tom de clemência.

— Te incomoda tanto, é?

E um aceno positivo surgiu ali, acompanhada de um beicinho desacorçoado.

— Você sabe que sim.

— Eu prometo que não a deixarei perceber que estou a zelar pela senhorita.

— Mas não pode ser assim. Eu não vou sair correndo de você. É a última coisa que eu quero, Matheo.

Ele lançou-lhe o olhar terno outra vez, passando o dedo pelo rosto, até encontrar seu lábio inferior.

— Já quis muito lá atrás... É verdade. — e levantou os olhos ressabiados para ele. — Mas agora... Não mais.

— Não deixarei que saiba.

— Mas é muito pior assim!!

— Eu preciso proteger você, Laila.

— De quê?

— De qualquer coisa que possa te fazer mal. Não quero pensar em algo acontecendo a você por falha minha ou por não ter sido prudente o suficiente.

— Matheo, nada vai acontecer conosco. É certo que ninguém se atreverá a invadir aqui, depois dessa investida mal sucedida.

— Eu não vou permitir que qualquer coisa aconteça a você, Laila, independente das implicações que isso tenha. — e o tom da conversa migrou de um papo descontraído para um diálogo bem mais sério e arbitrário.

Ela ficou aborrecida com a repressão.

— Eu não farei nada que não saiba. — ainda tentando algum recurso contra a opressão do noivo. — Já não fazia antes... Não é mesmo? — falou, cabisbaixa, sem olhar mais pra ele.

E um sorriso voltou a emergir daquela face inibidora.

— Eu sei... Não se preocupe. Não vou importuná-la. Isso eu prometo.

Laila encostou a cabeça no ombro dele, angustiada.

Ele a beijou mais uma vez antes de partir, mas ela já não retribuiu na mesma sintonia.

— Não vou embora sem um sorriso lindo dessa "minha" boca.

Laila forçou um, ainda contrariada, para ele.

— Não é o meu favorito mas é lindo de qualquer jeito. — e deu mais um beijinho nela, antes de sair pela varanda onde havia entrado.

Matheo havia deixado sua noiva angustiada.

É um fato que, antes de permitir que se aproximasse, ele já a vigiava como um gavião. Por um momento pensou que, em oficializando o relacionamento, ele pudesse ficar menos altivo. Um pouco mais confortável talvez... Mas os indícios daquela conversa levavam exatamente para a direção oposta.

Laila estava bem preocupada...

• • •

Isaboh, por sua vez, não havia sido nada receptiva à "novidade".

Naquela mesma manhã, Fernan a surpreendera com a fatídica notícia, depois de receber a confirmação de seu protegido que estava noivo de Laila.

— Mas, como, Fernan??! Nossa única filha... Para aquele homem...??!

— Minha querida... Laila é a única razão que o mantém próximo a nós e que me faz estar sentado nesta cadeira hoje, adornado por esta coroa. Tem que entender que...

— Eu não tenho que entender nada! Estou incrédula que nossa menina irá se casar com aquele homem sem... Sem origens... Pelo menos uma que conhecemos.

— Mas pensei que gostasse dele.

— Eu gosto. Mas não para se casar com a minha única filha! — e tentava conter as lágrimas, sem sucesso. Talvez o pior desentendimento que tivera com o marido desde que se conheceram.

— Minha querida... Sabe que sempre estou a seu lado em qualquer circunstância. Mas, dessa vez, nada me faria voltar atrás. Esse rapaz é um menino de ouro e ama a nossa menina. Não existiria qualquer outro no mundo que faria por merecer a mão dela, mais que Matheo. E não digo isso pelo que fez por nós... Mas sim, pelo que faz por ela.

Fernan saiu do quarto deixando a esposa ali, ressentida, ainda processando aquela indigesta notícia.

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Super obrigada! *-*

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora