Cap.50 - Treino Secreto (Parte III)

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E do limão fez uma limonada... Matteo finalmente conseguiu vencer mais uma barreira rumo ao objetivo mais importante de sua vida... ;-)

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Quando se aproximou, percebeu que Laila cochilava, tranquila, esparramada à grama.

— Alteza?... Vamos? — e alisou com cuidado o rosto dela, aproveitando para limpar pedaços de grama grudados na bochecha.

Laila acordou perdida. Quando caiu em si, só enxergou aquele contorno gigantesco agachado a seu lado.

— Nossa... Peguei no sono. Nem me lembrava mais...

Ele sorriu, levantando-se e já a auxiliando a fazer o mesmo.

— Me ajude aqui a limpar um pouco da grama?

Matheo permaneceu estático, não crendo que o pedido fosse para ele.

Eis que ela começou a bater a mão pelo corpo para se livrar da grama grudada no vestido, cabelo, camisa, no braço, e ele logo se pôs a fazer o mesmo, lisonjeado com a incumbência.

Tinha "ganhado" a semana só naquela tarde.

Após se despedirem de Jafé, os quatro foram atrás dos cavalos. Por sorte, o de Matheo pastava perto do estábulo, já que nem o tinha amarrado quando chegou.

Laila caminhava atrás de Jafé, quando sentiu um braço levantá-la pela cintura, como se fosse um travesseiro de pena. Nem teve tempo de relutar. Ao se dar conta, já estava sobre o cavalo preto reluzente, "presa" entre aqueles braços enormes que seguravam a rédea do animal.

E lá foi o inusitado grupo, de volta ao Castelo.

Matheo, propositalmente, bem para trás, querendo fazer render o tempo com ela.

— Ficou bem nessa veste. — ele abriu o diálogo, sem esconder o fascínio, arrancando um sorriso de Laila pelo atrevimento.

— Pronta a seguir com seu grupo na próxima batalha? — ela o provoca.

— Depende.

Laila olha para ele, curiosa.

— Se me deixar treiná-la... Quem sabe? — e retoma o assunto que o incomodava profundamente.

— Acho que não. — ela desconversou. — Fico por aqui, com Ariteu mesmo. Está de bom tamanho pra mim.

— Não sabe o que perde.

— Além do mais, não me treinaria pra vencê-lo.

Ahhhh...! Então é isso que deseja?

— Sempre. — devolveu, séria.

— Deixo a senhorita ganhar quantas vezes quiser! — e arrancou outro sorriso involuntário de Laila. — Negócio fechado?

— Nem pense nisso...!

— Bom... Seria justo, então... eu lutar com Ariteu. Quem vencer, fica como seu tutor.

— Não fale isso, nem de brincadeira! Pobre menino...

— Bem... Eu resolvi. E vou desafiá-lo.

— Não seja injusto!

— Mas é justo.

— O senhor me assusta.

E Matheo recua.

A última coisa que queria despertar era aquele medo insuportável nela, que parecia ter superado de vez.

— Nem se preocupe. — disse para tranquiliza-la.

**********

Quinta-feira, outro dia de treino com espadas...

No horário de sempre, Laila desceu para se encontrar com Jafé.

Ao deparar-se com o menino na saída dos serviçais, notou que seus olhos estavam prestes saltar da face.

Estranhou...

Assim que deu mais dois passos, só enxergou a silhueta enorme apoiada na parede, os braços cruzados, o sorriso displicente.

— Vai aonde? — fazendo-se de desinformado.

— O senhor sabe. No Sítio... Treino com espadas...

— Vamos então? — e Matheo se aproximou de Laila, já passando o braço pela cintura dela para colocá-la sobre seu cavalo, que, por acaso, era o que estava parado ali.

— Quem te deu ordens pra me acompanhar...? — Laila o desafiou, estarrecida com a ousadia cada dia maior.

— Seu pai, quando me incumbiu da sua segurança.

— Mas eu... Mas, não...

— Vamos ou ficamos? A senhorita resolve.

— Eu vou com Jafé! O senhor fica!

— Vamos ou ficamos?! Temos essas duas opções somente. — soberbo.

— O senhor... me irrita profundamente. — e virou a cara feito criança, encostando a cabeça no ombro dele, que se pôs alucinado com aquele beicinho lindo de princesinha mimada.

Laila, mesmo contrariada, não deixaria de ir ao treino de que tanto gostava.

O momento mais divertido da semana...

Experimentava uma liberdade... Aquele gostinho de fazer algo não totalmente certo, já que sempre saía às escondidas.

Acabou tendo que aceitar outra investida enxerida de seu maior inimigo que, cada vez mais, parecia querer estar em todos os lugares com ela, perseguindo-a como uma sombra.

Menos pior com ele, que sem treino... Pensou.

Mas estava enfurecida de ter sido desmascarada. Certamente, iria tirar satisfações com Elisa, que delatou o esquema na última terça-feira.

Chegou toda raivosa no sitio de Ariteu.

O menino, ao vê-los se aproximarem, não acreditou que o maior herói de todos estava ali novamente, em sua humilde casa.

— Boa tarde, Alteza... Senhor... — e os cumprimentou, um tanto sem jeito.

— Boa, Ariteu. — Matheo definitivamente não tinha paciência. — Vim ajudá-los, com esse... treino. — comentou, com certo desdém. — Alteza? — e chamou por Laila, que estava atônita, não acreditando que ele fosse ficar ali. E que ainda se intrometeria na aula que era dela. — Queria se posicionar, por favor?

— Oi?!

— A espada, tome aqui. — e atirou a réplica para ela.

Laila, estarrecida, segurou a arma no ar.

E lá Matheo ficou, de tutor dela e de Ariteu, a ensiná-los as movimentações a valer — o posicionamento corporal durante o ataque e a defesa; a postura ao portar uma espada; os golpes para intimidar, defender-se e os que efetivamente eram usados para dominar o inimigo.

E ele não perdia uma oportunidade de corrigir a postura de Laila, colocando a mão sobre a cintura dela, braços e até sobre as pernas. Estava exultante de ficar tanto tempo perto dela, de poder tocá-la e vê-la mais que linda, movimentado-se feito uma dançarina.

Pelo tanto que exigiu dos dois, acabou deixando-os exaustos no final do dia.

Laila sentiu-se ainda mais cansada que da primeira vez que treinou com Ariteu.

Assim que encerraram a "luta", ela se atirou de qualquer jeito no degrau da varanda e ficou lá, recuperando o ar que parecia não vir, ruborizada pelo esforço muito além de seu limite.

Ariteu não estava nada diferente. Ficou vermelho e extenuado pelo cansaço.

Matheo se sentou ao lado dela, que não se aguentou. Despencou a cabeça no ombro dele, entregue.

Não haveria outra ocasião no mundo de vê-lo mais feliz, que ali, ao lado da mulher que amava, vendo-a recuperar a confiança nele, dia após dia. Minuto após minuto..

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora