Cap.49 - Recaída (Parte II)

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E vamos descobrir quem chegou de surpresa no quarto da dama... Suspeitas?  ;-)

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A dama, num reflexo, correu apavorada e grudou-se ao braço de Laila, que ficou segurando o livro contra o corpo com a outra mão. As duas estavam "pregadas" à parede, petrificadas, como se aguardassem pelo ataque inevitável.

A última esmurrada foi tão forte que fez a porta do quarto abrir-se, revelando o autor da investida.

— Alteza?! — e Matheo assustou-se ainda mais que ela, ao vê-la ali.

Laila estava acuada, os olhos estalados de pavor.

Ele soltou um suspiro incrédulo, esfregando a mão na cara, decepcionado consigo mesmo pela atitude desmedida e inexplicável.

— Desculpem-me, senhoritas.

— Mas... o que... houve? — a voz trêmula quase não saía.

Elisa ainda estava grudada em sua ama, o rosto escondido atrás do ombro dela, como se tentasse se proteger. Parecia em choque.

— Desculpe-me, Alteza. Não sabia que... — e as palavras sumiam. Estava encabulado pelo que fez.

— Há algo errado? — ainda receosa da reação esquisita e deveras invasiva.

— Não... Nada. — e se aproximou das duas. — Queria saber só se estava... tudo bem. — enquanto beijava a mão de Laila. 

Ele logo percebeu que a dama estava ainda pior que "sua mulher".

— Queira me desculpar, senhorita. — pediu, na sequência, beijando também a mão de Elisa, que ainda se mantinha grudada à princesa, fitando o chão com os olhos chorosos.

As duas tremiam feito vara verde. Matheo estava muito sem graça.

— Eu pensei... que tivesse saído. — e tentou justificar o injustificável.

Laila encarava-o, incrédula. Mais um indício do comportamento inexplicável dele...

E não havia o que ser feito ali. Estava extremamente desconfortável para os três.

— Com licença, sim? — ele deixou o quarto, sem dizer mais nada.

Assim que saiu, Laila puxou Elisa para sentá-la à beira da cama, já que a dama não reagia. Ambas ainda pálidas, da cor do lençol estendido sobre o colchão. 

— Elisa?

Ela não respondia.

— Lis... Está tudo bem. Não precisa se apavorar. 

E a dama liberou de vez a angústia em um choro desesperado.

— Calma... Calma... Não fique assim. — a princesa procurava consolá-la, com a cabeça de Elisa acolhida em seu ombro.

Apesar de assustada também com a atitude de Matheo, Laila sentiu-se impressionantemente imune a abordagem, já calejada pelo falta de noção dele. Mas a dama não. Descompensada, Elisa não conseguia restabelecer o controle sobre suas emoções.

E foi-se um tempo até que começasse a se acalmar.

— Minha ama... O que... é... esse... homem? — ainda soluçando.

— Também não sei, Lis. Mas não se preocupe que falarei com ele, está bem? Não se preocupe.

Laila mais uma vez frustrava-se, ao vê-lo perdendo a mão daquela maneira.

Ficou ainda por um tempo com Elisa, até que ela se sentisse melhor.

• • •

Depois que deixou o quarto da dama, quando passava pela área externa do Castelo...

— Alteza? — o chamado veio de trás dela, de surpresa.

— Sim... — respondeu de impulso, apreensiva. 

— Tem alguns minutos?

Laila balançou a cabeça, ainda não refeita do susto, enquanto Matheo se aproximava.

Ele armou o braço para ela, que cedeu o seu, e a conduziu corredor adentro, rumo ao Saguão Principal.

— Devo-lhe novamente um pedido de desculpas, pelo mal entendido desta tarde. — pede, humilde. Irreconhecível...

Laila encarava-o estarrecida. Não adiantava reprimi-lo ou enfrentá-lo. Era evidente que não conhecia os limites de nada...

— Senhor... Só lhe peço uma coisa. Como deve perceber, Elisa é uma pessoa muito sensível... 

— Eu sei. — e expirou um sorriso que queria ter evitado.

— Por isso, precisa ter cuidado no lido com ela... também... — insinuando que a dama merecia algum respeito, como ela.

— Entendo, Alteza. Devo mais um pedido de desculpas a ela, inclusive.

— Sabe que tenho muito apreço por Elisa. Ela é quase uma irmã pra mim, além de ser uma ótima companhia. — Laila explicou. — Mas ela tem um certo medo... do senhor...

Ele sorriu sem graça. 

— Por esta razão, é importante que não se exceda com... ela. — e ponderou cada palavra para não afrontá-lo. Ele é definitivamente assustador...

— O que me pede, sabe que é uma ordem pra mim.

— Está certo.

Caminharam até o Saguão Principal.

— Tenha uma ótima tarde, Alteza.

— Obrigada.

E a deixou à beira da escadaria.

Laila permaneceu em seu quarto, ainda bem confusa com as oscilações de comportamento dele, mas com um sentimento confortável de que finalmente estava aprendendo a lidar com Matheo.

Pelo menos isso...

Na verdade, ela era a única pessoa no mundo capaz de controlá-lo. Mas ainda não tinha se dado conta disso, num sentido mais amplo, com todas as implicações que tal poder pudesse lhe atribuir.

Matheo foi embora confiante por achar que conseguiu desfazer o mal entendido daquela tarde. Sentiu "sua mulher" um tanto quanto amedrontada, mas nada pudesse preocupar-se.

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Nem precisava contar que era aquele homem-do-mal perdendo a mão outra vez... ;-) Será que um dia ele aprende a lidar com uma donzela como Laila...? isso é o que saberemos nos próximos capítulos... ;-) Não deixem de acompanhar! Obg!

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora