Cap.66 - Sob Controle (Parte I)

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Daqui em diante, já antecipo que é só alegria, romance, declarações, algumas desavenças, que ninguém é de ferro, e um pouco de safadeza também, afinal, trata-se de um ogro incontrolável, com desejos reprimidos a muito custo... ;-)

Espero que gostem desta fase final da história de Laila e dividam comigo suas opiniões...

Dedico este capítulo a querida JeSandim

Bjs e obrigada por acompanharem o livro!

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(terça-feira)

A alvorada dava o ar de sua graça, quando os guardas, que acompanhavam a Família, abriram a porta de ferro que interligava o esconderijo à área externa do prédio, com dificuldade, pelo peso que tinha.

Laila, assim que deixou o corredor escuro, aspirou o ar do início de manhã com toda vontade e deu uma boa espreguiçada, para afastar a sensação de ter dormido dentro de um baú apertado.

Seguiram pelos fundos do Castelo até a entrada do subsolo para acessar a parte da masmorra, usada pela Guarda e pelos serviçais.

A entrada era vigiada por três guardas que imediatamente se afastaram para que a Família pudesse passar, surpresos em vê-los ali.

Enquanto caminhavam pelo labirinto e antessalas, deparavam-se com uma movimentação intensa e caótica. Habitantes comuns misturavam-se a guardas e serviçais. Muitos deles feridos.

Alguns se aproximavam para falar com a Família.

Fernan imediatamente reassumiu o comando para avaliar a situação em seu Reino, deixando as duas mulheres de sua vida a cargo dos guardas.

Mãe e filha seguiram atravessando os inúmeros ambientes. Laila, perdida, de fato, não se lembrava de haver passado por aquele lugar alguma vez na vida.

Enquanto caminhava, inconscientemente, procurava por Matheo em cada canto daquele labirinto sombrio. Queria ter notícias dele, saber como estava. Imaginou que, pela derrocada dos invasores, certamente havia contribuição dele para o feito. Mas ansiava saber se ele estava bem.

Em um determinado ponto, Laila notou algumas mulheres se movimentando freneticamente, enquanto cuidavam dos enfermos que apareciam aos montes com ferimentos leves e até graves.

— Mãe?

— Que foi, filha...?

— Acho que quero ficar aqui, ajudando essas moças.

— Como?! — estranhou a Rainha.

— Não há mais perigo, mãe. E eu quero ficar aqui... ajudando essas moças a cuidarem dos enfermos.

Isaboh estranhou o desejo de Laila, mas não tinha porquê se opor.

— Está bem, filha. Mas tome cuidado.

— Não se preocupe, mãe. Não sairei daqui.

Laila recebeu um beijo de Isaboh, antes da Rainha seguir com os guardas para a área privativa do Castelo, e foi direto oferecer seus préstimos as moças.

Junto ao ato voluntário, imaginava também ser sua chance de encontrá-lo, quem sabe...? Ou, ao menos, de conhecer seu paradeiro. Mas precisava ser discreta. Guardaria à sete chaves esse almejo, até que achasse alguém de confiança.

Uma das moças assumiu a princesa e permaneceu com ela explicando como fazia os curativos com faixas de pano. Laila acompanhou alguns curativos, fez outros sob supervisão da enfermeira e, logo que se sentiu confortável, instalou-se numa pequena antessala para receber as pessoas com ferimentos leves e ajudá-las com os primeiros socorros.

Ela até que levava bastante jeito. Limpava a escoriação apropriadamente, enfaixava-a com toda a paciência, cortava o pedaço de pano e arrematava-o com um fio apropriado para manter o curativo firme.

Matheo estava sendo atendido em uma antessala próxima dali, sem saber que "sua mulher" estava a metros de distância dele.

Tinha um corte profundo na testa e outros vários espalhados pelas costas, tórax e abdômen. O braço esquerdo precisou ser imobilizado, por causa de uma luxação. Mas ele estava até bem, perto do tanto que lutou.

Fora, sem dúvida alguma, a batalha mais dura da sua vida. Eram tantos homens que certamente não pertenciam a um grupo distinto de invasores.

Ansioso por querer acabar com a invasão, dessa vez, Matheo não se poupou como faria em outra batalha qualquer. Tanto é que não precisaram mais do que uma noite para dizimar o bando, apesar de agressivo, numeroso e bem organizado.

Os amigos também estavam bem, dentro do possível.

Pablo com um ferimento profundo na perna oriundo de um golpe de espada, precisou ter o membro imobilizado. Doutor Euclides cuidava pessoalmente dele, pela gravidade do caso. Herbert e Patrick tinham várias escoriações e hematomas pelo corpo, mas nada crítico.

Matheo já tinha deixado a antessala com sérias intenções de avaliar a situação de seus homens e do Reino. Mas, antes de tudo, havia planejado buscá-la no esconderijo. Queria averiguar com os próprios olhos que Laila estava bem, não desejando nunca mais ter de passar pela angústia da perda que o acometera na noite anterior.

Enquanto andava apressado por entre as passagens da masmorra, um senhor muito velhinho cruzou seu caminho. Parecia desnorteado...

— Olha só... Que beleza... — e o velhinho mostrava a mão enfaixada para todo mundo. — Foi a princesa... Você viu? Que beleza de curativo...

Matheo ouviu o homem, mas não entendeu nada daquela "suposta alucinação".

— A princesa... — o homem repetia, orgulhoso.

— Senhor!! O que disse? — Matheo o abordou.

— O que disse o quê, meu filho...?

— A princesa...

— Olha só que beleza... Foi a princesa.

— A princesa o quê??!

— A princesa que fez.

— Mas como...?

— A princesa... Que linda... Foi ela.

— Onde está??! — Matheo já perdia a exígua paciência com as coisas sem nexo que o velho balbuciava.

— Lá...

— Onde??! — espumando de nervoso.

— Lá... — o velho apontava para o fundo de um pequeno corredor, imprimindo mistério na voz, o que o irritou ainda mais.

Matheo saiu correndo, alucinado, para apurar o que o maluco dizia.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora