Matheo chegou perto da hora do almoço, com Fernan.
Nem bem pisou no Castelo e já se pôs atrás dela. Mas, óbvio, não a encontrou... Mudou imediatamente seu foco para Elisa.
Matheo, enfurecido por já ter dado busca no Castelo inteiro atrás das duas, foi até a dama, que pensava poder se esconder dele por muito mais tempo.
— Boa tarde, senhorita.
Elisa só ouviu a voz apavorante e inconfundível ressoando em sua retarguarda, enquanto estava agachada limpando o móvel, colocando-se em pânico de antemão.
— Onde está sua ama? — num tom ainda mais intimidador.
— Boa, senhor... Sua Alteza... fo-fo-foi na escola das crianças... Ajudar... — e encolheu os ombros, esperando pelo pior.
— Eu... Eu não acredito, Elisa. — e precisou se controlar para não acabar com outra mobília.
Saiu sem dizer mais nada, direto para a Escola, enfurecido.
Chegando, achou Laila sem dificuldades.
Ela estava sozinha na biblioteca, organizando os livros numa das várias prateleiras.
Ainda havia muitos exemplares jogados por cima da mesa e mais um tanto espalhados pelo lugar.
De costas para a porta, Laila nem o percebeu se aproximar.
— O que a senhorita faz aqui fora outra vez...? — e tirou um livro da mão dela para colocar numa prateleira mais alta, que ela não estava alcançando.
— Boa tarde para o senhor também. — e virou-se para Matheo, abrindo seu deslumbrante sorriso.
E ele não tinha antídoto contra aquilo. Estava preparado para dar-lhe uma "senhora" bronca, mas não era mais capaz.
— Pedi à senhorita que não deixasse o Castelo sem que eu soubesse. — e alisou o cabelo dela, amável, dando um beijo terno na testa.
Laila ficou encabulada, mas não relutou à demonstração de carinho.
— Eu avisei Elisa... Ela não te disse?
— Disse. Mas não quero que saia sem a segurança apropriada.
— Sem o senhor me assegurar. — e corrigiu a frase.
— Sua Alteza sabe que... eu me importo muito. Além disso, sou oficialmente responsável...
— Eu sei, Matheo. Mas não posso ficar lá, de braços cruzados, esperando que o senhor esteja disponível, pra eu fazer alguma coisa por este lugar. Olha só pra isso? Está tudo uma bagunça... — o que o fez soltar um riso involuntário.
— Tem razão... Tá horrível mesmo. — ele concordou, o olhar fascinado, ajeitando uma parte da franja dela que caía sobre o rosto, já que Laila mantinha as mãos ocupadas pelos livros que segurava. — Por que será que fizeram isso...?
— Disseram que era pra atear fogo. Mas alguém os deteve antes... — e virou os olhos, lançando-lhe um sorriso meigo.
— Ah, é...? Que bom, não? — e ficou todo orgulhoso em ter seu feito reconhecido, dessa vez, pela única pessoa que importava de verdade. — Vou ajudá-la com isso, então. Vamos acabar logo com essa bagunça. — providenciando uma empolgação ali, só para ela.
— Muito bem! Pegue esses livros, coloque lá em cima em ordem alfabética. Depois tem aqueles ali. Também na prateleira lá atrás, no alto.
E lá foi ele, cumprir as ordens de "sua mulher".
Em dupla, com Matheo inspirado, acabaram o serviço em menos de meia hora. De fato, ele não via a hora de sumir com Laila dali.
• • •
— Vamos...? — e esticou o braço para ela.
— Agora mesmo. Hoje sem festinhas nem bebidas fortes?
— Sem festinha... Mas bebidas fortes...
— Quê foi, hein??!
— Nada... Minha responsabilidade é levá-la em segurança pra casa.
Laila riu ao perceber que o deixou sem graça.
— Sabe que adorei ontem...?
— Eu também... — e beijou a mão dela, todo derretido.
— Preciso avisar Jáfe.
— Não se preocupe. Disse a ele que poderia ir quando terminasse.
Matheo a pegou pela cintura e montou o animal.
— Estou gostando muito dessas novas atribuições.
— E eu não estou gostando nada da senhorita sair sem eu saber. — aproveitando o ensejo para mais uma bronca de leve.
— Não vou ficar a esperá-lo até que possa, com sorte, acompanhe-me.
Ele deu um sorriso fofo, sem dizer mais nada.
E lá foram, de volta para o Castelo.
Matheo ficou desgostoso por não conseguir criar outra ocasião de estar a sós com ela.
Já estava ficando mal-acostumado...
Laila também não deu qualquer abertura, o que só reforçava o quanto ele definitivamente não entendia nada de mulheres.
Como podia estar tão a vontade num dia e tão distante no seguinte...? Essas oscilações de comportamento eram algo enigmático...
Mas ele estava aprendendo a controlar a ansiedade também, pois só uma pessoa importava no mundo. E essa pessoa demandava todo o cuidado, todo capricho inerente a uma donzela, somado ao indecifrável e incompreensível comportamento feminino.
Matheo a deixou em frente à porta de serviços para ir prender o cavalo.
Laila decidiu visitar Pablo na enfermaria, que continuava aos cuidados do médico, junto aos outros enfermos que ainda não tinham tido a liberação de doutor Euclides.
— Boa tarde, Alteza! Que honra mais uma vez aqui.
— Vim ver como o senhor está.
— Hum... Deixe-me pensar em algo contundente...
Laila riu.
— Melhor que ontem, com certeza.
— Isso uma ótima notícia! — Laila se animou.
— E as coisas aí fora...?
— Complicadas... Mas já caminhando pra ficarem em ordem.
— Sua Alteza se aventurou por algum lugar hoje?
— Fui à escola das crianças, organizar a biblioteca.
— Que bom. Muito trabalho?
— Muito. Havia livros por tudo. Matheo me ajudou...
— E ele tá te tratando bem?
— Por quê?! Tá com ciúmes???!! — e, de repente, o próprio surge de surpresa, farejando, de longe, o cheiro de "sua mulher".
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(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)
RomanceE finalmente o 3º, último e derradeiro livro da história de **LAILA**. Quem ainda não leu o 1º ou o 2º livro, ambos estão na minha página @vivianevmoreira no wattpad. ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ Até chegarmos no desfecho dessa impensável história...