Cap.68 - Ajuda ao Reino - 2º dia (Parte II)

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Matheo chegou perto da hora do almoço, com Fernan.

Nem bem pisou no Castelo e já se pôs atrás dela. Mas, óbvio, não a encontrou... Mudou imediatamente seu foco para Elisa.

Matheo, enfurecido por já ter dado busca no Castelo inteiro atrás das duas, foi até a dama, que pensava poder se esconder dele por muito mais tempo.

— Boa tarde, senhorita.

Elisa só ouviu a voz apavorante e inconfundível ressoando em sua retarguarda, enquanto estava agachada limpando o móvel, colocando-se em pânico de antemão.

— Onde está sua ama? — num tom ainda mais intimidador.

— Boa, senhor... Sua Alteza... fo-fo-foi na escola das crianças... Ajudar... — e encolheu os ombros, esperando pelo pior.

— Eu... Eu não acredito, Elisa. — e precisou se controlar para não acabar com outra mobília.

Saiu sem dizer mais nada, direto para a Escola, enfurecido.

Chegando, achou Laila sem dificuldades.

Ela estava sozinha na biblioteca, organizando os livros numa das várias prateleiras.

Ainda havia muitos exemplares jogados por cima da mesa e mais um tanto espalhados pelo lugar.

De costas para a porta, Laila nem o percebeu se aproximar.

— O que a senhorita faz aqui fora outra vez...? — e tirou um livro da mão dela para colocar numa prateleira mais alta, que ela não estava alcançando.

— Boa tarde para o senhor também. — e virou-se para Matheo, abrindo seu deslumbrante sorriso.

E ele não tinha antídoto contra aquilo. Estava preparado para dar-lhe uma "senhora" bronca, mas não era mais capaz.

— Pedi à senhorita que não deixasse o Castelo sem que eu soubesse. — e alisou o cabelo dela, amável, dando um beijo terno na testa.

Laila ficou encabulada, mas não relutou à demonstração de carinho.

— Eu avisei Elisa... Ela não te disse?

— Disse. Mas não quero que saia sem a segurança apropriada.

— Sem o senhor me assegurar. — e corrigiu a frase.

— Sua Alteza sabe que... eu me importo muito. Além disso, sou oficialmente responsável...

— Eu sei, Matheo. Mas não posso ficar lá, de braços cruzados, esperando que o senhor esteja disponível, pra eu fazer alguma coisa por este lugar. Olha só pra isso? Está tudo uma bagunça... — o que o fez soltar um riso involuntário.

— Tem razão... Tá horrível mesmo. — ele concordou, o olhar fascinado, ajeitando uma parte da franja dela que caía sobre o rosto, já que Laila mantinha as mãos ocupadas pelos livros que segurava. — Por que será que fizeram isso...?

— Disseram que era pra atear fogo. Mas alguém os deteve antes... — e virou os olhos, lançando-lhe um sorriso meigo.

— Ah, é...? Que bom, não? — e ficou todo orgulhoso em ter seu feito reconhecido, dessa vez, pela única pessoa que importava de verdade. — Vou ajudá-la com isso, então. Vamos acabar logo com essa bagunça. — providenciando uma empolgação ali, só para ela.

— Muito bem! Pegue esses livros, coloque lá em cima em ordem alfabética. Depois tem aqueles ali. Também na prateleira lá atrás, no alto.

E lá foi ele, cumprir as ordens de "sua mulher".

Em dupla, com Matheo inspirado, acabaram o serviço em menos de meia hora. De fato, ele não via a hora de sumir com Laila dali.

• • •

— Vamos...? — e esticou o braço para ela.

— Agora mesmo. Hoje sem festinhas nem bebidas fortes?

— Sem festinha... Mas bebidas fortes...

— Quê foi, hein??!

— Nada... Minha responsabilidade é levá-la em segurança pra casa.

Laila riu ao perceber que o deixou sem graça.

— Sabe que adorei ontem...?

— Eu também... — e beijou a mão dela, todo derretido.

— Preciso avisar Jáfe.

— Não se preocupe. Disse a ele que poderia ir quando terminasse.

Matheo a pegou pela cintura e montou o animal.

— Estou gostando muito dessas novas atribuições.

— E eu não estou gostando nada da senhorita sair sem eu saber. — aproveitando o ensejo para mais uma bronca de leve.

— Não vou ficar a esperá-lo até que possa, com sorte, acompanhe-me.

Ele deu um sorriso fofo, sem dizer mais nada.

E lá foram, de volta para o Castelo.

Matheo ficou desgostoso por não conseguir criar outra ocasião de estar a sós com ela.

Já estava ficando mal-acostumado...

Laila também não deu qualquer abertura, o que só reforçava o quanto ele definitivamente não entendia nada de mulheres.

Como podia estar tão a vontade num dia e tão distante no seguinte...? Essas oscilações de comportamento eram algo enigmático...

Mas ele estava aprendendo a controlar a ansiedade também, pois só uma pessoa importava no mundo. E essa pessoa demandava todo o cuidado, todo capricho inerente a uma donzela, somado ao indecifrável e incompreensível comportamento feminino.

Matheo a deixou em frente à porta de serviços para ir prender o cavalo.

Laila decidiu visitar Pablo na enfermaria, que continuava aos cuidados do médico, junto aos outros enfermos que ainda não tinham tido a liberação de doutor Euclides.

— Boa tarde, Alteza! Que honra mais uma vez aqui.

— Vim ver como o senhor está.

— Hum... Deixe-me pensar em algo contundente...

Laila riu.

— Melhor que ontem, com certeza.

— Isso uma ótima notícia! — Laila se animou.

— E as coisas aí fora...?

— Complicadas... Mas já caminhando pra ficarem em ordem.

— Sua Alteza se aventurou por algum lugar hoje?

— Fui à escola das crianças, organizar a biblioteca.

— Que bom. Muito trabalho?

— Muito. Havia livros por tudo. Matheo me ajudou...

— E ele tá te tratando bem?

— Por quê?! Tá com ciúmes???!! — e, de repente, o próprio surge de surpresa, farejando, de longe, o cheiro de "sua mulher".

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora