Cap.48 - Paróquia/ festa popular (Parte IV)

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Até quando não tem intenção, Matheo faz besteira... Fazer o que né? Essa é a natureza dele. 

E ela... Bem, ela é a única que pode fazê-lo mudar. Pelo menos melhorar. E ele se esforça. Por ela, ele está disposto a qualquer coisa. Até deixar de ser tão ogro, se necessário for... ;-) 

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— Ainda se divertindo, Alteza? — e Matheo quebra o silêncio, trazendo-a de volta da "viagem" angustiante e maluca por seu subconsciente para tentar entender toda aquela explosão de sentimentos desconexos.

— Muito... E o senhor? — Por que fui perguntar...?

— Mais, impossível. — e estica os lábios, lindo, para ela. — Gostaria de conhecer outra atração? Também há prêmios lá. — e a convida, todo sugestivo.

— Seria ótimo.

No caminho, novamente, Elisa os viu ao longe. Não conseguia digerir o que testemunhava... O que está acontecendo com minha ama?...

A dama tinha tanto medo dele e dos dois ali, juntos, que faltava-lhe coragem para se aproximar. Ficava espiando de longe, como se fosse algo tão fascinante quanto perigoso.

Finalmente chegaram à próxima atração. O objetivo desta era fazer com que uma barra pesadíssima de chumbo tocasse o sino no alto de um poste enorme, após percorrer o cabo esticado na vertical, impulsionada por um martelo também muito pesado.

Eram dadas três chances para o desafiante fazer a barra tocar o sino. Havia prêmios para quem tocasse o sino ao menos uma vez. E um prêmio máximo para quem acertasse as três marteladas, o que era praticamente impossível.

Os dois se puseram a assistir os desafiantes, ainda de braços dados, um pouco afastados do tumulto que se formara em torno da atração, já que esta era a que atraía a maior quantidade de espectadores, principalmente os rapazes, que aproveitavam o ensejo para exibir-se mostrando sua força e proeza.

Mas a real é que poucos conseguiam. Os espectadores faziam uma algazarra quando o sino badalava. Gritavam, aplaudiam, adulavam o vencedor com tapinhas nas costas...

Uma brincadeira bruta, típica de homens, mas bem distante do gosto das donzelas. E com Laila não seria diferente. Cada vez que o martelo acertava a plataforma de ferro, ela dava uma estremecida e fechava os olhos, aterrorizada com o barulho estrondoso.

— Parece assustada, Alteza.

— É um pouco assustador, de fato. — já deixando intrínseco que não era exatamente uma atração que lhe agradava.

— Quer ir para outro lugar...? — Matheo sugere.

— Seria uma boa ideia.

Quando se afastavam da atração, Pablo surge berrando atrás deles, o que faz Laila tomar outro susto.

— E você não vai lá???!!

— Não. Vamos procurar outra coisa. — Matheo devolve, sereno como nunca.

Ahhh... Não creio que não vai lá, dar umas marteladas.

— Por que você não vai...?

— Já fomos, eu e Herbert. Agora é sua vez.

— Deixa pra lá. Vamos a outro lugar...

— Tá amarelando, é???!!

E Matheo o encara com os olhos fumegando.

Seria capaz de pendurar Pablo em cima do poste no lugar do sino, mas, por sorte, havia Laila... E ele só se ateve a estrangular o amigo com o olhar.

— Eu o desafio, então! — Pablo propõe, todo corajoso.

Não faça isso...! Dessa vez foi Laila quem pediu clemência com o olhar.

— Ahh, é??? E o que me vai me dar em troca? — Matheo retruca.

Pablo, indiscreto, olha imediatamente para ela, ciente que aquele era o único "prêmio" pelo qual seu líder faria qualquer coisa.

Laila percebe e fica encabulada, desviando o olhar para o chão.

— Bem... Pode sugerir... — e Pablo não arreda da intenção de convencê-lo.

— Alteza, o que a senhorita sugere? — Matheo passa a ela o privilégio de escolher a recompensa.

Daria qualquer coisa que pedisse, no mundo... Não importa o quê... Dizia com os olhos.

— Nossa... — e vira a cabeça para trás, — Não tenho... a menor ideia... Desculpem-me... É que não gostei muito desse... Dessa... atração. — e nem sabe como chamar aquilo.

— Tá vendo...?! Preciso sair daqui com Sua Alteza agora. — Matheo se justifica.

— Amarelando... — Pablo insiste em provoca-lo.

Laila o encarou firme, outra vez. Era visível que estava fora de seu juízo, só pela caneca que segurava. Mas era muita ousadia... Talvez até falta de amor próprio, desafiar esse homem...

— Alteza... Importa-se se eu for atender o pedido do meu amigo aqui? — Matheo pede autorização a "sua dona".

Ela lançou-lhe o mesmo olhar de suplício em resposta.

— Não se preocupe... Não demoro. — ele ainda complementa, todo convencido, recebendo um suspiro e um olhar de "não acredito que pensou que fosse isso".

E lá foi ele, não antes dar um beijo na mão de Sua Alteza, deixando-a juntamente com a boneca aos cuidados de Herbert, que tinha chegado e pego a metade da conversa entre os dois amigos.

— Senhor Herbert...

— Alteza, por favor... — e estica o cotovelo para ela, recebendo um olhar assustador de Matheo. — Aproveitando a festa?

— Bastante... — e deixa escapar um tímido sorriso.

Herbert percebeu que estava bem e parecia feliz.

Sempre ficava preocupado com os dois juntos. E monitorava cada passo, principalmente do amigo sem medidas.

— Ainda não me disse o prêmio. — Matheo desafia Pablo.

— Serve o que tá debaixo daquela coroa ali? — provoca, jogando a cabeça para trás.

Matheo riu, balançando a cabeça.

— Se fosse capaz... Eu passava a noite aqui fazendo esse sino tocar.

— Nunca se sabe. Nada é impossível... — Pablo realmente não conhecia as circunstâncias do que sugeria.

Matheo se aproximou do dono da atração para pagar-lhe.

— Não!! Deixa essa comigo. — interrompe Pablo. — Eu o desafiei.

E ficaram lá esperando, até que chegasse a vez dele.

Matheo não gostava muito de chamar a atenção para o que era capaz, mas Pablo estava importunando. Além de tê-lo desafiado, coisa que o deixava alucinado, num ímpeto sem controle por agarrar e dar cabo daquela incumbência.

Já na sua vez, Matheo segurou o martelo com a mão direita e o ergueu para o céu.

Os mais próximos riram. Era quase impossível com as duas mãos, quem diria com uma só.

Assim que ele desceu a arma contra a plataforma de ferro, a barra quase estourou o cabo e derrubou o sino.

O barulho foi tão alto que fez Laila estremecer dos pés a cabeça, colocando Herbert em estado de alerta máximo. O que ele tá fazendo...? Já preocupado com as consequências daquela brincadeira inútil.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora