Cap.74 - Pedido "Baile da Guarda" (Parte V)

443 79 1
                                    

Depois de um bom tempo, quando já tinha acalmado um pouco os ânimos.

— Embora não goste de cargos e compromissos... — ela logo retomou a conversa.

— Eu sei... Eu sei... Por você, encaro tudo.

— Duvido!

— Não me desafie, Laila.

— É verdade... Eu duvido.

— Até bobo da corte eu viraria...

— Rá, rá... Não precisa ir tão longe. Porém... príncipe...

— Sei bem...

— Mas se servir de consolo... Pense que um monte de nobres daria tudo pra estar no seu lugar.

Matheo amarrou a cara de uma vez, num desconforto de imaginar, nem que por um lapso, Laila com outro homem. Cruzou os braços e passou a encara-la de forma intimidante.

— Digo... Usando aquela coroa.

— Não acho que seria a razão principal, senhorita.

— Olha que pra alguns ambiciosos... certamente, sim...

— Agora quem duvida sou eu.

— Por quê?

— A coroa é um brinde de festa de Igreja, se comparada a essa "deusa" que eu vejo aqui na minha frente... — e partiu para agarrá-la, sem medidas, provocando gritos escandalosos nela.

— Mas eu falo sério... Eu aceito qualquer coisa que esteja em torno de você. Qualquer coisa, Laila...  

— Sabe que é uma parafernália bem complexa, não?

— E como... — sorriu.

De fato, Matheo nem se importava mesmo. Para ele, havia Laila no centro e o que viesse em torno dela, teria de ser absorvido, aceito ou simplesmente tolerado.

— A começar pelos meus pais... Passando pelas minhas... Bem... Pelas nossas responsabilidades como herdeiros, além das que você já tem hoje, de manter a paz e a ordem por aqui e, como se já não fosse o bastante, nos arredores.

— Uma lista bem extensa, hein? — ele a provocou.

— Ahhh... E ainda nem terminei.

O que o surpreendeu.

— Falta o mais importante. As minhas necessidades pessoais... como mulher... Como a sua esposa. — e as últimas duas palavras apagaram tudo que veio antes.

Não havia mais nada ali. De tudo que conversaram, era só que ele filtrou.

Laila... sua esposa...

— Que foi? — ela interrompeu aquele olhar de deslumbre. 

— Fiquei no "sua esposa". 

— Como?

— A senhorita... Minha esposa. Ainda não consegui atinar pra isso.

Laila fez uma cara intrigada.

— Você não está pensando em mudar de ideia... agora que aceitei? 

— Nem se estivesse louco ou inconsciente. 

Ela o fitou desconfiada.

— Sei que já disse, mas nunca me canso de repetir: você é a coisa mais importante da minha vida. A única que importa pra mim.

— Por que... coisa?

— Pela extensão do significado. Coisa é muito maior que pessoa, ou algo que eu possa ter...

Huummm...

— Você é tudo o que me interessa na vida, Laila. Ficou melhor assim??  

— De qualquer jeito está... perfeito. — e partiu para dar um beijo com paixão em seu futuro marido.

• • •

— Será que um dia você vai gostar de mim do mesmo jeito que eu gosto de você? — ele parecia preocupado e cabisbaixo.

— Por que acha que já não gosto agora? 

— Infelizmente... Acho que não.

— Pense bem...

— Muito difícil... Mas não tem problema. Mesmo se não gostar... Eu gosto por nós dois.

— Matheo... Você não sabe a proporção que um amor reprimido pode atingir.

— Será...? — e sorriu encantado para ela.

Ficaram o resto da noite juntos, curtindo-se, admirando-se, bajulando-se.

Ele a levou até a porta do quarto, a aurora já estava por chegar. 

— Você... Minha... — ele apontou para sua futura esposa.

— Eu e você...

— Boa noite, mulher da minha vida.

— Boa noite, meu amor.

Despediram-se na porta do quarto.

Laila nunca tinha se encontrado tão feliz.

Não imaginava poder, um dia, ser contemplada pela sensação plena de amar sem se por limites e ser correspondida muito acima de suas expectativas. Além de ter tirado um peso enorme das costas, ao finalmente dar um rumo para sua impensável relação com Matheo e poder assumir plenamente aquele amor nada usual, que a transtornava em todos os aspectos.

Dormiu realizada como nunca...

❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎

E finalmente, hein?! O derradeiro pedido... Agora vamos saber se Matheo cumprirá tudo que prometeu para sua noiva.

Em se tratando dele... Sei não... ;-)

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora