Cap.55 - Afronta (Parte II)

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Por Deus... Laila foi voltando depois de minutos.

— O que houve...? — ao abrir os olhos, deu de cara com o oceano enorme, revivendo todo o trauma que guardava, desde que fora engolida pela força do mar. Encolheu-se no colo de Matheo, escondendo o rosto no peito dele, segurando firme em sua camisa.

— Calma... Não precisa se preocupar. Eu estou aqui...

Ela olhava para ele, que retribuía o olhar, terno, a admirá-la.

Laila estava com o rosto e cabelo molhados, os olhos lacrimejados e muito ruborizada.

Aos poucos, ela foi se acalmando e recuperando o fôlego.

— O que aconteceu?

— A senhorita teve um desmaio.

— Nossa...

— Quando descia da carruagem.

— Estou... tonta.

— Faço ideia.

— Minha testa dói.

— Há um pequeno hematoma nela. — e seguia removendo os fios de cabelo grudados no rosto dela, que o cobriam parcialmente.

— Está... quente...

— Bastante.

Ela esticou a mão para pegar um pouco de água e se refrescar.

Matheo se sentou com jeito, mantendo-a em seu colo.

Laila nem se importou. Ficou ali, repousando, encostada nele, a aguardar que o mal-estar passasse. A água, que encharcava o vestido, ajudava a se refrescar.

Matheo não parava de alisar o cabelo dela, o rosto, já bem mais tranquilo, ao ver que Laila parecia bem.

Mas, aos poucos, sua preocupação ia cedendo lugar ao arrependimento.

De novo, havia ignorado completamente a fragilidade dela, colocando-a à prova, testando seus limites.

Laila respirava fundo, recostada nele, de costas para o oceano.

Ele esfregava um pouco d'água nas costas dela, parcialmente exposta pelo decote do vestido.

— Sente-se melhor?

— Acho que sim... Ainda tonta.

Ela não tinha empalidecido dessa vez, provavelmente pelo calor e pela exposição ao sol.

E outra vez, lá estava ele, atinando a contragosto, que não levava o menor jeito mesmo para lidar com criaturas delicadas. Sempre invencível, ignorava a existência de seres mais sensíveis e até, mais fracos do que ele.

Não tinha a menor noção para perceber que não havia nada como ele. Aprendia a duras penas como tratar "sua mulher", fazendo-a sofrer constantemente, já que não escutava ninguém, nem o próprio amigo, que se desdobrava em mil para poder ajudá-los a se resguardarem, um do outro.

Laila, por sua vez, tinha uma relação diferente com Matheo. Pela ousadia ou pelo infortúnio que aconteceu... havia uma liberdade e até uma intimidade mútua que ela jamais imaginou ter com qualquer outro.

Matheo se aproximava dela deliberadamente, mas ela não criava mais resistência. Nem se quisesse, conseguiria êxito em afastá-lo. Fora o fascínio e admiração que sentia por ele e que custava, cada dia mais, a manter reprimidos.

• • •

— Precisamos voltar. — ela comenta.

— A hora que quiser.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora