Cap.74 - Pedido "Baile da Guarda" (Parte III)

611 149 47
                                    

— Eu poderia passar a noite aqui, te beijando incansavelmente. — confidenciou, para o deleite dele, o que o fez mudar a feição no ato e devolver um sorriso deslumbrado para ela. Aproveitando-se da receptividade, Matheo começou a acariciar o rosto e logo evoluiu para uns beijinhos delicados.

Quando Laila se deu conta, ele já estava atrás dela, envolvendo-a com os braços, espremendo-a contra o corpo. Queria saciar-se da incontrolável vontade de tê-la, mesmo não sabendo onde aquela conversa iria dar.

— Mas o que me pede, vai muito além disso... Muito além do que eu poderia te oferecer...

— Vai... — e beijos atrevidos escapam sobre o pescoço, junto ao roço da barba grossa da base até a lateral do rosto, que sempre a deixava transtornada de desejo.

Isso parece... impossível de resistir...

— E não sei se estou preparada... Pra viver com você... Pelo resto da vida. Sabe... Você é muito intenso... E extrapola todos os limites... — dizendo com dificuldade, ofegante, pela abordagem alucinante.

Ele ria, malicioso...

— Você às vezes, até parece me sufocar... Com essa mania de me perseguir.

— Para a sua segurança, senhorita... — e ampliava ainda mais a liberdade desmedida ao esfregar os lábios pela pele desnuda. As mãos também não se cansavam de circular entre a cintura e os braços, demorando-se nos seios.

E lá estava... A versão mais perversa de seu ser, completamente descontrolado por ela.

Não haveria como detê-lo.

— Pois é... Para minha segurança... — retrucou, já rendida à abordagem auspiciosa de seu autor. — Não haveria outra desculpa melhor, não é? Tudo pela minha segurança. — repetia, na ironia que conseguia.

Ele ria dela e a apertava mais forte... Que tentava conter, em vão, as mãos e braços sem controle.

— Eu... não sei... se suportaria... lidar com... isso.

— Mesmo se eu prometesse não fazer mais...?

— Você, Matheo! — e levantou a voz como se chamasse a atenção de uma criança. — Acho que até prometeria. Mas não acredito que fosse capaz de cumprir.

E agora, a beijava no rosto.

Laila ainda relutava um pouco para tentar contê-lo.

Mas, nossa... Beirava o impossível...

— E se ao menos... tentássemos...? — ele sugeriu.

— Como assim...?!

— Me diga quais são suas condições...

— Bom senso é a minha condição, Matheo.

E ele soltou um riso nasal, esfregando os olhos com força. Parece que não entendia nada daquelas duas palavras: bom senso.

Laila aproveitou que ele a "libertou", para seguir com a conversa um pouco mais composta.

— Eu... Não... Bem... Na real... O que pra mim parece aceitável, para a senhorita...

— Eu já sei. Você não conhece os parâmetros do bom senso.

Ele deu de ombros.

— Esse é o nosso problema, Matheo. Eu preciso de alguém que me respeite, alguém que não extrapole meus limites. E você... Você nem conhece os limites de nada. Parece que ninguém nunca colocou limite algum em você. E se colocou também...

— Eu quebrei todos.

— Exatamente... — inspirando o ar, inconformada.

— Mas... E se a senhorita me dissesse o que lhe agrada?

— Matheo?

— Se me ensinasse o que é bom senso no seu entender?

— Matheo!?

— E se fosse me explicando, aos poucos, como eu poderia... agradá-la. E lidar com a senhorita... Conhecer os seus limites...?

E mais um suspiro profundo se apresentou ali.

— Não acredito que funcione. Sinceramente, não acredito...

— Posso te pedir... pelo menos pra tentarmos? — e a segurou pelo pescoço, para olhá-la nos olhos.

— Não existe "tentar" com você, Matheo. Ou é ou não é.

Ele sorriu confiante e voltou a alisar o rosto dela.

— Além de tudo... Você nem mereceria.

Matheo expirou um riso com a sinceridade das palavras, numa feição ainda mais admirada.

— Eu concordo, Laila. Mas, de verdade... Não consigo imaginar minha vida sem você.

E lá estava a declaração que a desmontou novamente.

Ela lhe devolveu um sorriso sem graça, ainda se queimando por dentro em tentar conter um sentimento quase irreprimível e mútuo por aquele homem.

— Laila, eu falo sério. Eu não pensei a minha vida sem você, desde quando me descobri apaixonado... por essa mulher... A mais linda e doce que já vi.

Outra vez "no chão", ela não conseguia mais se controlar.

Retribuiu com os olhos brilhando e um sorriso meigo, rendendo-se completamente, o que o fez avançar um pouco mais e fechar a pequena distância entre os lábios.

Deu-lhe um beijo ardente e muito... Mas muito apaixonado.

Ficaram lá se beijando, sem conseguirem parar.

Quando finalmente deram um tempo, ele ainda a manteve firme em seu braço, como se quisesse sentir que era sua.

— Tenho uma curiosidade... — ela comentou.

— Qual?

— Quando foi que... se apaixonou por mim?

— Bem... Eu achei que fosse...

— Nem me fale!

— Não... Não é o que tá pensando. — e antecipou-se, para não correr o risco de perdê-la naquele momento único.

— Eu achei que fosse naquele Baile. Você lá... linda... De vermelho...

E a confissão a fez ficar da cor do vestido que usava naquela noite.

— No entanto...

— No entanto... Acho que me enganei.

— Por quê?

— Você me derrubou, desde quando a tirei do mar, Laila. Algo aconteceu ali, comigo... Mas que ignorei completamente, por desconhecer tal... sentimento. — confessou, seguido de outro beijo que preenchia os segundos de silêncio do difícil diálogo.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora