Cap.63 - Déjà-vu (Parte II)

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— Quem fica dessa vez? — Laila pergunta, preocupada.

— Irei somente eu mais seis guardas. Os três estarão por aqui.

Humm... E a que horas partem?

— De madrugada. Por isso, vim te ver antes... — e distribuiu outros vários beijinhos pela cabeça dela.

— Bem... Só me resta desejar boa sorte.

— A senhorita me espera?

Laila sorriu, mas não respondeu.

Hein?! Me espera??! — insistiu, já começando a agarrá-la com aqueles braços, impossível de se desvencilhar.

— Só se prometer... que não demora.

— Pode ficar tranquila, Alteza. Não existe... a menor chance... da senhorita se ver livre de mim.

— Ai... Meu... Deus... Que medo! — Laila debochou, com um largo sorriso, sendo mais uma vez beijada com uma vontade absurda por Matheo.

• • •

— Só quero te fazer mais um pedido, e isso é sério. — e segurou o rosto dela pelo queixo para olhá-la firme. — Não quero que saia por aí, sem a segurança apropriada.

Laila ainda com uma feição apreensiva.

— A senhorita me entendeu? Existe um risco grande de LaViera ser invadido, não demora meses. E eu estarei fora alguns dias... — engrossando a voz.

— Sim, senhor...

— Devo ficar em Solinomo no máximo por dois dias. Enquanto isso, Herbert estará aqui, de olho na senhorita. — explicou, ainda muito sério. — Não acredito que possa acontecer algo em tão pouco tempo, mas não quero arriscar...

Ela agora o encarava com a admiração de quem assistia a um show.

— Eu não posso... arriscar te perder, Laila... — declarou-se, completamente apaixonado, mas ainda ponderando as palavras.

— Se depender de mim, juro que me cuidarei direitinho.

Permaneceram ainda por mais um tempo por ali, curtindo-se.

• • •

— Tenho que ir... Infelizmente.

— Posso te pedir uma coisa também?

— O que quiser... — e Matheo deixou um beijinho nos lábios dela.

— Não faz mais isso... perto de mim... — e apontou com os olhos, para o buraco na parede.

Ele suspirou, recriminando-se por ter sido, outra vez, tão impulsivo e grosseiro.

— Desculpe-me... — e a tomou nos braços com um abraço apertado. — Prometo que vou tentar me controlar daqui por diante.

E logo partiu, não antes de beijar a mão dela em respeito.

• • •

Lá pelas tantas, Elisa entrou no quarto trazendo uns vestidos.

Laila estava a ler um livro, jogada no sofá.

A dama caminhou pisando leve. Parecia querer se passar por invisível, tamanho o cuidado a cada passo.

Laila só olhou por cima do livro.

— O que houve no almoço...?

A dama, ainda de costas, indo em direção ao quarto de vestir e nada de responder.

— Elisa?!!!

— Ai, ama... Ele me abordou perguntando por Sua Alteza. — e derrubou todos os vestidos no chão, de susto, com o grito da princesa.

— E??!

— Eu disse que a senhorita almoçava com os pais, no Salão...

Laila continuava encarando-a, incrédula por Elisa ter descumprido um pedido seu.

— Ele me mandou ficar lá no meu quarto. Eu falei que precisava encontrar Sua Alteza, mas ele me deu uma ordem, taxativo, pra que não saísse de lá. E eu... obedeci, Alteza. Não tive o que fazer. Ele estava muito bravo... E monstruoso... Daquele jeito dele... Confesso que eu... Eu fiquei com medo... — e Elisa se pôs a chorar copiosamente por ficar entre os dois, sem saber para que lado correr.

— Lis... Não precisa chorar.

— Desculpe-me. — pedia, aos prantos.

Laila aproximou-se dela.

— Não fique assim... Está bem? Não estou brava com você. Ele é terrível mesmo.

Elisa ainda inconsolável.

— Lis, não tem com que se preocupar.

— Mas eu a contrariei. — e chorava mais e mais.

— Não se preocupe com isso.

— ...E Sua Alteza não gosta daquele homem horrível.

— Na verdade... Eu não tenho mais... diferenças com ele, está bem? A gente está... A gente está... num momento tranquilo... — e confortou-a como podia, já que não queria contar o que se passava. — Promete que vai se acalmar?

Elisa balançou a cabeça brevemente, concordando.

— Vá descansar um pouco. Não precisa fazer isso agora. — e referiu-se aos vestidos que Elisa tinha catado do chão de qualquer jeito, alisando de leve o cabelo dela.

— Mas... Sua Alteza não está brava comigo...?

— De jeito nenhum, Lis! Já te falei. Pode ir tranquila. E amanhã volte aqui logo cedo, está bem?! Quero que me conte tudo o que fez na festa de ontem.

— Combinado! — e, finalmente, a dama abriu um largo sorriso em meio às lágrimas.

Laila tinha muita paciência com ela. Sabia lidar perfeitamente com a dama, apesar de ter ciência que o oposto deveria ser o mais lógico a acontecer. Mas não se importava nem um pouco. Gostava de Elisa como uma irmã, apesar de sua sensibilidade quase descontrolada.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora