Cap.59 - Saída Antecipada (Parte I)

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Vejam só quem finalmente aparece. Meio retardatário, diga-se de passagem, mas até que enfim ele deu as caras...

Aproveitem e não deixem de dividir comigo o que estão achando, hein? Obrigada, bjs

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(quinta-feira)

No outro dia cedo, Laila acordou com as amigas, tomou um bom banho e desceu para o café da manhã. 

No refeitório, achou Sebastián sentado com os amigos. Ele ensaiou um meio-sorriso amarelo de longe, mas não se aproximou.

• • •

A aula da manhã era sobre artes. Havia uma parte teórica, explicando sobre os trabalhos e estilos dos diversos pintores das Regiões e depois, uma atividade em grupo para pintar um grande painel.

Num determinado momento, Laila olhou para um canto, intrigada, achando que pudesse estar sendo observada de longe. Mas logo desistiu da constatação, pensando ser fruto de sua imaginação.

Aquele homem a perturbava num tanto, que constatou já estar alucinando com essa mania de perseguição.

Dali alguns minutos e novamente... Não é possível... Certamente, estou fora da minha razão.

Olhou para um lado e outro. Os demais alunos em torno do grande painel, concentrados, cada qual envolvido com a sua incumbência.

Decidiu fazer um pequeno intervalo. Livrou-se do avental e saiu em busca de algo para beber, aproveitando para tomar um ar.

Ao deixar a sala, logo avistou uma mesa, no grande corredor, com jarras de água e copos. Foi até lá para se servir.

Estava tranquila, pensando na vida quando...

— Cansada dos afazeres, Alteza...? — e lá estava, a voz grossa, altiva, sussurrando deliberadamente em seu ouvido.

Não levou milésimos para perder a força nas pernas e soltar o copo. Ambos prontamente pegos no ar, em um reflexo impressionante. 

— Tudo bem...? —ainda com o braço atravessado em sua cintura e a barba colada na orelha, segurando o copo na outra mão.

— Impressiona-me a sua habilidade de me pegar desprevenida. — Laila, agora recomposta, tentava atinar para o que acontecia ali.

Custou a dar-se conta de que não se tratava de um devaneio.

— Tem passado bem, Alteza? — na usual ironia, enquanto a beijava na mão.

— Bastante... Salvo essa abordagem.

— Achou que fosse uma miragem...?

— Não exatamente... O senhor novamente me assustou.

— Deve ser a barba.

— Acho que não... só. — e ria de nervoso.

De fato, a barba de dias sem ver uma navalha deixava-o com uma aparência ainda mais perversa.

— A que devo a honra da visita inesperada...? — hipócrita.

— Vim buscá-la.

— Como?

— Sua Alteza... precisa voltar comigo. 

— Aconteceu... algo?

— Salvo que acabei de voltar de uma ocupação violenta, há menos de dois dias daqui, com várias baixas e os habitantes explorados, saqueados, maltratados...? Não... Nada de mais... —respondeu, cínico.

— Por que está falando assim...?

— Não gostei nada que viesse pra cá, Laila! Mesmo depois de tanto recomendar que não participasse!

— O senhor está me assustando... 

— É o mínimo que eu esperava! Que ficasse assustada e aprendesse a não negligenciar minhas recomendações! — agora, praticamente gritando e gesticulando para acuá-la. — Se eu fosse um impostor e quisesse me vingar de seu pai, já estaria há léguas daqui com a senhorita no lombo do cavalo! — o tom de voz soberbo ecoava pelo corredor.

— Nada aconteceu... 

— Mas poderia! Como eu acabei de mostrar... poderia e não seria nada difícil. Pergunte quantos guardas me abordaram até eu chegar aqui.

— Não faço id...

— Nenhum, Alteza! Absolutamente nenhum...! Eu entrei aqui com a mesma facilidade que o vento atravessa por esses corredores. Ninguém a me deter... Nem, ao menos, questionar a minha presença. 

— Não... imaginei que... — e lá estava ela, aflita, prestes a desabar...

Mais uma vez, Matheo percebeu que tinha ido longe demais.

— Não fique assim... Por favor... —  e recuou, alisando o rosto dela com o dorso do dedo. — Sabe que fico preocupado... De verdade. Sua Alteza deve perceber o quanto me preocupo. — e não conseguiu se conter em abraçá-la. Ficou por um tempo com ela dentro do braço, alisando o cabelo e enchendo a cabeça de beijos. 

— Quero que prepare suas coisas. Vou até a Vila agora e volto em uma hora pra buscá-la.

Laila não reagia.

Eis que ele segurou seu rosto para olhá-la nos olhos. Não estava mais ameaçador, já retomando a feição amável que guardava só para ela.

— Podemos fazer dessa forma...?

— Acho que sim...

E deu um beijo sobre a têmpora dela, antes de deixá-la para resolver os percalços da partida antecipada.

Foi-se um tempo até que Laila se refizesse do susto e da abordagem exacerbada. Outra vez, dava-se conta do quão monstruoso e desmedido era aquele homem do mal de quem tanto gostava.

(COMPLETO) Laila Dómini - Quando é para ser... (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora