Cap 37

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Cap 37

No dia seguinte

Por Ivy
Alec avisou que precisava resolver um problema e se trancou no escritório,então decidi sair para fazer algumas comprinhas e me distrair.
Vim de carro até o shopping mais próximo,tomei um milk shake na praça de alimentação e visitei algumas lojas. Tem biquínis e saídas de praia lindas por aqui,além dos sapatos que são minha obsessão.
Como sempre saiu cercada por pelo menos três seguranças,peço que eles carreguem as sacolas enquanto caminho em direção a outra loja. O dia está produtivo hoje e o processo de renovação do meu guarda roupa ainda não acabou.
Não sei se um dia vai acabar,na verdade. Adoro comprar!
Estou olhando uma vitrine quando meu celular toca e vejo o nome do meu irmão no visor.

— Olha…lembrou que tem irmã - provoco ao atender.
— Olha tem fala. Perdi as contas de quantas vezes te liguei e você não atendeu - Jasper retruca.
— Estive ocupada. Lua de mel - justifico.
Apesar de não ver o rosto do meu irmão,sei que ele está revirando os olhos e com a pele corada de raiva.
Jasper e Alec se detestam.
— Aquele demônio tem te tratado bem? - o moreno questiona de mau humor. Seu sotaque italiano é forte.
— Alec se revelou um perfeito cavalheiro. Acho que está tentando me conquistar - conto. Jasper ri.
— O diabo de Nova York já está de quatro por você? - ele pergunta,o humor começando a melhorar.
— Para ser sincera,eu não sei. Ainda tenho o pé atrás com ele,mas Alec está se esforçando - falo com franqueza.
— Ao menos assim não causa problemas - o herdeiro Gambino responde.
— É,talvez não - murmuro - e você? Alguma novidade? - questiono com curiosidade.
— Uma - ele fala - Richard mandou alguns homens até Nova York,vamos atacar o bordel do centro - meu irmão conta.
— É uma boa ideia. Salvatore está confiante demais desde o meu casamento,tem que sentir mais a pressão - comento com contentamento - como vai ser? - questiono.
— Recebi informações de dentro que ele tem putas ilegais,então não vai poder pedir ajuda aos aliados. Vão ser dez seguranças no local contra doze homens do Richard - ele conta.
— Fácil - concordo.
— Vou libertar as garotas,limpar o caixa e deixar uma baguncinha - meu irmão continua.
— E o responsável pelas prostitutas? - pergunto com interesse.
— Ainda não decidi o que fazer com ele. Não sei se mato ou deixo um recado…
— Por que não deixa as garotas decidirem? Se estão lá obrigadas,tenho certeza que vão querer se vingar - sugiro.
— Você é sanguinária,não é?! - meu irmão comenta,consigo ouvir o sorriso na voz.
— Sei o que é ser negociada como mercadoria e adoraria punir o responsável. Aquelas mulheres merecem a oportunidade - explico com mágoa.
— Você também merece e vai ter - o moreno promete.
— Vou mesmo - decreto - iso me lembra de uma coisa…
— O que? - ele pergunta.
— Há alguns dias Alec ficou irritado com uma ligação e me contou que Salvatore estava devendo no cassino. Parece que ele joga,perde e não quer pagar porque é o pai da mulher do dono - conto.
— Típico - meu irmão debocha com irritação.
— Tenho certeza que não foi a primeira vez e, apesar de não saber exatamente a quantia que está devendo,sei que é suficiente pro Alec se dar ao trabalho de cobrar - continuo.
— Cobrar como? - o herdeiro questiona com seriedade.
— Meu guarda costas estava bastante animado enquanto conversava com os amigos. Alec deixou os soldados aproveitarem o bordel de graça - respondo.
— Então foi ele quem mandou a prostituta preferida do Salvatore embora - ele comenta.
— Como é? - questiono surpresa.
— Resolvemos atacar o puteiro porque uma das garotas contou pro Ramon sobre o tráfico humano. Essa garota se autonomeou “A da vez" do Salvatore - ele explica.
— Bárbaro,nojento - xingo com ódio - a garota foi pra onde? - pergunto.
— Voltou pro país natal - ele responde.
— Menos mal - comento.
— Bom,o ataque vai acontecer amanhã de manhã,quando o bordel estiver fechado - meu irmão alerta.
— Vou ficar de olho no Alec e aviso se perceber alguma coisa errada - garanto.
— Cuidado com ele,Ivy. Alec pode estar só jogando,mas ainda é perigoso - o moreno aconselha.
— Sei lidar com monstros,Jasper. Eles não me assustam mais - retruco. Ele suspira.
— É,imagino que sim - meu irmão murmura.
— E você? Soube que a filha do Richard voltou da Inglaterra - comento,jogo verde.
— Sim,Selena chegou há alguns dias. Richard me pediu pra cuidar da segurança dela - meu irmão fala despreocupado e me surpreende.
— Você cuidando da segurança da herdeira? Por que? Você é subchefe - questiono.
— Ela ficou marcada depois do sequestro e agora que está de volta os North Side Mob querem vingança. Richard confia em mim e acha que posso protegê-la - ele conta.
— Tem um histórico - lembro.
Depois da briga com nosso pai,Jasper deixou os Gambino e foi para a Itália. Meu irmão começou a ajudar nosso tio na Cosca e,após representar a Famiglia na festa de dezoito anos da herdeira da Outfit,salvou a garota de um sequestro. Desde então,ele e Richard viraram praticamente pai e filho.
Ninguém sabe exatamente o que aconteceu na noite do sequestro,mas Selena conseguiu fugir e encontrou o Jasper na rua. Meu irmão a ajudou, houve um tiroteio e a garota acertou o herdeiro dos North Side Mob,deixando o cara em coma. Ela foi jurada de morte e deixou o país para estudar em Oxford.
— Apesar dos esforços da Outfit,a gangue se organizou no subúrbio e está mais forte. As coisas ficaram mais tensas depois que a Selena voltou - ele conta.
— Imagino. Aquele cara ainda está vivo? Nunca mais ouvi falar - pergunto com curiosidade.
— Recebo informações de que os soldados do Philip pegam suplementos nos hospitais e pagam médicos e enfermeiros,então acredito que sim - ele responde.
— Não dá pra cortar esses suplementos? - sugiro. Meu irmão ri.
— Você está cada dia pior - ele provoca.
— Verdade. É tão simples que vocês já devem ter pensado nisso - retruco.
— Philip paga bem e sempre tem alguém interessado. Não podemos ameaçar e subornar todos os hospitais,menos ainda atacar - o moreno justifica.
— É tão fácil encontrar um desonesto no meio dos bons - debochou.
— E praticamente impossível encontrar um bom no meio dos desonestos - ele complementa. Suspiro.
— Como a Selena é? Está te dando trabalho? - pergunto.
— Ela é bem tranquila e amável. Acho que está se esforçando pra não me atrapalhar - ele confessa.
— Como assim? - questiono.
— Ela acabou de voltar depois de quatro anos e…está insegura,acho. Fora que sabe que não sou um guarda costas,se sente culpada - o herdeiro explica.
— Pelo menos não é uma chatinha metida a besta - tento ajudar.
— Não,não é. Está bem longe disso - meu irmão comenta e seu tom carinhoso chama minha atenção,me faz sorrir.
Jasper nunca foi do tipo pegador como o Alec e nosso primo Lucca,nem nunca demonstrou ter interesse em alguma mulher especial,então fico feliz em perceber que talvez a Selena esteja ganhando um pedacinho do coração do meu irmão.
Ele merece ser feliz.
E,como próximo capo dos Gambino,um Denaro de nascimento,é um ótimo partido para a única herdeira da Outfit. 
— Fico aliviada que esteja bem,Jas - falo com sinceridade.
— Também fico,Ivy. Fico preocupado o tempo todo com você - ele confessa.
— Não precisa se preocupar comigo. Estou bem e sei me virar - garanto.
— Sempre vou me preocupar com você,Pandinha - ele retruca. Meu coração aquece.
— É…sei como é - respondo,um sorriso discreto nos lábios.
— Arrabbiato? - ouço uma voz feminina,ao fundo, chamar.
O sotaque não é italiano,apesar do apelido ser. E, pala intimidade e a leveza no tom,imagino que seja alguém próximo.
— Desculpa,eu não sabia que estava no telefone - a mulher fala com preocupação.
— Não foi nada. Só um minuto - Jasper pede.
— Quem é? - pergunto com curiosidade,sem me conter.
— É a Selena,filha do Richard. Ela chegou pra treinar - meu irmão responde.
— Treinar? - questiono.
— Aulas de autodefesa - ele explica.
— Olha…além de guarda costas também é professor - provoco.
— Para você ver - ele murmura,finge mau humor.
— Não vou atrapalhar vocês. Nós falamos depois - falo.
— Te ligo assim que o ataque tiver acabado - ele promete.
— Tá bom - concordo.
— Tchau,Ivy - ele se despede.
— Boa aula,Arrabbiato - respondo com humor e ouço um xingamento antes de desligar. Dou risada.
Arrabbiato significa zangado,o que combina tão bem com o Jasper que me irrito por não ter pensado nisso antes. Apesar de não ser agressivo e nem mal educado,meu irmão é bem rabugento e fechado.
Ainda sorrindo,coloco o celular de volta na bolsa e parto para outra loja. Além dos sapatos,também quero investir em algumas roupas e talvez uma ou outra lingerie.
Minha vida sexual anda bem ativa - típica de uma recém casada,imagino - e gosto de me sentir sexy e desejada. Aquele olhar profundo do Alec, as pupilas dilatadas…Fico excitada só de lembrar.
Meu olhar recai em uma saída de praia na vitrine e entro na loja para ver mais de perto. As peças daqui são lindas,bem delicadas e costuradas com perfeição.
Peço para a vendedora mostrar os biquínis no meu tamanho e,quando dou por mim,estou no caixa passando o cartão de crédito e saindo com mais quatro sacolas.
— Acho que exagerei um pouco - comento com meu guarda costas. Ele sorri.
— Não chegou nem perto de bater o recorde da senhora Genovese - James conta.
— Você está na Família a muito tempo? - pergunto com curiosidade,enquanto caminhamos no corredor.
— Fui iniciado com dezesseis anos,assim como o Alec. Mas cresci na Família Genovese,meu pai era um capitão do Christopher - ele responde.
— Ele era tão ruim quanto dizem? - questiono.
— Era muito diferente do Alec. Christopher era um homem mais…clássico,digamos assim - ele fala.
— Um machão clássico - deduzo. O moreno ri.
— Acho que dá pra dizer que sim. Ele era parecido com seu pai,só que mais bem sucedido - o segurança explica.
— Fico aliviada de não tê-lo conhecido - confesso.
— Ia ser um verdadeiro caos. Se a senhora e o Salvatore já vivem em pé de guerra,com a presença do Christopher ia ser nuclear - ele garante.
— Não me chama de senhora,pelo amor de Deus. Me sinto…uma senhora - peço com pesar. Ele volta a rir.
— É realmente pesado para uma mulher tão nova - o soldado concorda.
— Quantos anos tem? - questiono.
— Vinte e cinco - ele responde.
— E é amigo do Alec…
— Sou um soldado do Alec - James corrige. Faço que não com a cabeça.
— Vocês são amigos,sim. Ele confia em você - insisto.
— Como eu disse,trabalho na Família desde os dezesseis anos. Comecei praticamente junto com o Alec,fizemos o mesmo treinamento e saímos nas mesmas missões - ele conta.
— Sabe…você é de longe o mais decente dos amigos do Alec que já conheci - declaro. James não contém o riso.
— Isso não é bem um elogio. Alec tem amigos bastante perturbados - ele comenta.
— Pervertidos - corrijo - aquele da boate queria fazer um ménage comigo,com o Alec e a mulher dele - conto.
— Não fico surpreso. Juan é praticamente um ator porno - ele fala - mas me surpreende o Alec não ter arrancado os testículos do cara. Ele é tão possessivo com você.
— É? - questiono chocada. James assente.
— Ele quase bateu no Kai na festa de noivado - o moreno lembra.
— Isso com certeza não era sobre mim. Eram só dois machos brigando por território - rebato.
— Não acho que ele estava brigando por território quando alertou os soldados sobre os comentários e olhares sobre você - o soldado conta e me surpreende.
— Alerta? - repito.
— Você é uma mulher que chama atenção e Alec não ficou muito feliz quando percebeu isso. Ele fez questão de mandar os soldados baixarem os olhos se quiserem mantê-los na cara - ele confessa.
— Machão demarcando território - simplifico.
— Ele é seu marido,é um dever proteger sua imagem - o moreno justifica.
— Sim,mas…
— Pode parar aí - a voz de um dos seguranças me interrompe.
James e eu olhamos para trás e encontramos um homem não tão alto,bastante forte e careca em frente ao soldado encarregado da minha proteção. Ele está usando roupas leves e não parece ser daqui.
O soldado está em posição defensiva,tenso. Uma das mãos ainda segura duas sacolas e a outra está estendida,mantendo o careca no lugar,longe de mim.
— O que está acontecendo? - James pergunta,a voz grossa e irritada.
— Esse homem quer se aproximar da senhora Genovese - seu subordinado responde.
— Por que? - questiono curiosa.
— A senhora não é aquela atriz? Aquela que fez mulher maravilha? - o careca pergunta. Fico desconfiada.
O homem não parece uma ameaça. Está mais para um turista maluco. Mas essa história está tão mal contada que é difícil acreditar.
Gal Gadot é uma verdadeira beldade e,além dos cabelos escuros,não temos nada em comum. E o careca não é do tipo que assiste filmes de super heroínas.
Mas não vou me preocupar. Estou em lua de mel e ninguém sabe que estou em Ibiza,então as chances de um assassino ficar atrás de mim são bem menores do que as de ser confundida com a Gal Gadot.
— Com certeza,não. Mas fico lisonjeada pela confusão - falo com humor.
— Desculpe. A vi de costas e com os seguranças em volta…
— Desaparece,cara - meu guarda costas corta sua fala.
— Desculpa mesmo o incômodo - o careca repete enquanto se afasta.
— Deusa do inferno,Gal Gadot…Acho estou realmente muito bem - brinco. O segurança não acha graça.
— Acredito que seja melhor voltar pra casa,Ivy - James aconselha,o olhar afiado acompanhando o careca.
— Isso é mesmo necessário? É só um idiota - falo frustrada. Ainda não comprei nem metade do que vim comprar.
— É o mais prudente. Tenho certeza que pode voltar outro dia para terminar as compras - ele responde.
— Duvido. Alec não me dá um segundo de paz - retruco.
— Senhora…
— Ivy - corrijo. Ele suspira.
— Ivy - o homem repete como se fosse uma maldição - não acho que aquele rapaz realmente a confundiu…
— Por que não? Não acha que pareço a Gal Gadot? - questiono.
— Não,não acho…
— Ela é mais bonita do que eu? Não posso ser confundida com uma atriz de cinema? é tão absurdo assim? - continuo fingindo irritação. Ele fica desconcertado.
— Não foi isso o que eu quis dizer. Só acho que ele chegou perto demais e pode representar algum tipo de ameaça a senho…você - James se corrige a tempo.
— Ele já foi embora e,mesmo se não tivesse ido, é um só contra quatro. Acho que podemos dar conta - argumento.
— Ivy…
— James,eu te dou minha palavra de que vou me esconder e usar esse seu corpo cheio de músculos como escudo no instante em que tiver qualquer sinal de perigo,mas não vou correr de volta pra casa porque um cara desavisado tentou tirar uma foto comigo - declaro com franqueza. O soldado suspira,parece contrariado.
— Tudo bem - ele fala por fim - mas se acontecer qualquer coisa,te jogo por cima do ombro,depois dentro do carro e te levo para se explicar pro Alec - o moreno decreta. Dou de ombros.
— Não tenho medo dele - desdenho. James revira os olhos.
— Quer ir pra onde agora? - ele pergunta com cansaço.
— Vou encontrar uma joalheria,quero comprar um presente pra minha mãe - respondo. O homem só acena e aponta para que eu volte a andar.

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