Cap 39

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Cap 39

No dia seguinte.

Por Ivy
Tenho o marido mais sexy do mundo!
Sério,além de inegavelmente lindo,Alec tem essa pose de bad boy que faz qualquer mulher desejar desesperadamente pelo menos um minuto de sua atenção. Ele emana poder,é o tipo de cara que marca o lugar,que tem marra,presença e que faz sua consciência gritar “Perigo!".
Viemos a outra boate e,enquanto danço na pista de led,ele está recostado no balcão do bar na área vip. Seu copo de whisky está sobre o mogno lustrado,seus olhos escuros estão presos no meu corpo enquanto seus lábios rodeiam um baseado que ele comprou quando chegamos.
Alec disse que não costuma fumar maconha,mas usa quando quer relaxar.
E porra…se irritado ele é um pecado,relaxado é a própria encarnação do diabo.
A fumaça só o deixa mais misterioso e reforça o estereótipo de mau. A jaqueta de couro,a camisa preta e a calça escura são o uniforme de todo vilão digno e esse olhar malicioso,cheio de segundas intenções,molha minha calcinha.
Enquanto movimento o corpo no ritmo da música agitada,sei que ele está me despindo dentro da mente diabólica.
Não contenho o sorriso e viro de costas para que meu marido aprecie melhor. Escolhi uma calça soltinha,pantalona e brilhosa,num tom bege que realça minha pele e com recortes na altura dos quadris. O cropped é quase um sutiã,é bem estruturado e tem os aros marcados. Tinha um kimono branco por cima,mas tirei ao sentir calor e deixei sob os cuidados do capo.
Não é o look mais ousado do mundo,mas é sexy suficiente para manter Alec e os outros homens do recinto bastante impressionados. E,levando em conta o ego do meu marido,sei que vai me rodear e mimar a noite toda.
Apesar das roupas confortáveis,as sandálias Jimmy Choo douradas que escolhi para combinar não são as mais macias do mundo. Elas são lindas,tem tiras tão delicadas que parecem fios de ouro e saltos altos finos,do tipo que delineia as pernas.
É o tipo de sapato que vale o desconforto,que dá poder e define uma mulher.
Já cansada e louca por uma bebida,viro de novo na direção do Alec e sou surpreendida pelo que encontro. Meu marido não está mais sozinho,na sua frente,ocultando a visão que tinha de mim e da pista de dança,está uma mulher.
Ela é morena assim como eu,tem cabelo longo e ondulado. Está usando um vestido curto,soltinho no corpo magro e todo bordado com lantejoulas douradas. Assim,de costas,ela parece ser bem bonita.
Alec dá risada de algo que ela diz e sinto a fúria queimar meus ossos ao vê-la tocar suavemente o braço dele.
O braço do meu marido!
Curiosa e irritada,resolvo deixar meus fãs e partir de encontro ao meu marido. Se ele pensa que vai ficar de gracinha com outra na nossa lua de mel, está muito enganado. Vou acabar com essa farra agora mesmo.

— Ivy - Alec cumprimenta assim que me vê e estica o braço para me receber,a mão possessiva direto no meu quadril.
Faço questão de depositar um selinho demorado nos lábios carnudos do Alec e sinto o aroma e o gosto da maconha se misturando ao whisky. Não é ruim.
Ao me virar,me posiciono ao lado do capo e fico de frente para a mulher. Seu rosto familiar me surpreende e sua presença só me deixa ainda mais irritada e apreensiva.
— Alma Hernández,quanto tempo - falo antes que meu marido inicie as apresentações.
— Desde a formatura - Alma lembra.
— Formatura? - o capo questiona. Confirmo com a cabeça.
— Alma e eu estudamos juntas - conto.
— A vida toda,desde a pré escola - a garota complementa.
— Ah,então são amigas - meu marido deduz.
— Conhecidas - corrijo.
— Crianças são cruéis e Ivy e eu não éramos diferentes. Pegamos muito no pé uma da outra - ela explica.
Alma é filha caçula do comandante mais forte da Camorra,Nicolai Hernández. Temos um mês de diferença uma para a outra e,como a máfia leva a educação das mulheres muito a sério, frequentamos as melhores escolas da Sicília.
Na época,éramos consideradas rivais. Todas as gincanas,concursos e jogos eram disputadas com sangue nos olhos,queríamos ter a melhor nota da turma,dividimos as atenções dos meninos e a inveja das meninas…
Caramba,olhando agora,parece que minha vida foi um tipo de adaptação de garotas malvadas.
— Mas não estamos mais na escola. O que tem feito? - “além de dar em cima do meu marido" completo mentalmente.
— Passei um tempo viajando pela Itália e fiquei noiva - ela conta.
— Noiva? Meus tios não comentaram nada - falo, surpresa com a novidade.
— É bem recente ainda. Matteo e eu nem nos conhecemos - a morena explica.
— Matteo? - questiono.
Não,não pode ser…
Deve ser outro Matteo.
Mas o sorriso e o brilho malvado nos olhos da Alma me dizem que é exatamente quem estou pensando.
O homem que trabalhou pro meu tio,era um dos seus soldados preferidos e tinha muitas chances de crescer na Famiglia,mas traiu a Cosa Nostra e fugiu. Dois anos depois,soubemos que começou a negociar drogas e abriu um bordel no subúrbio de Calábria.
Hoje Matteo Collucio é líder de um dos clãs mais poderosos da Ndrangheta e não para de crescer. É uma ameaça,se fez inimigo.
E pelo jeito nosso aliado mais antigo,a Camorra, está indo pelo mesmo caminho.
— Matteo Collucio - Alma responde e confirma minhas suspeitas - não sei se chegaram a ser apresentados,mas ele trabalhou pro seu tio há alguns anos - a morena declara.
— Lembro dele - garanto,a firmeza na minha voz mostra que não estou contente.
Alec aperta minha cintura com mais força,um sinal para que eu me comporte.
Me comportar uma ova!
— Então a Camorra está fazendo negócios com a Ndrangheta - concluo e a incentivo a continuar.
— Não sei quais são os negócios,mas tenho quase certeza que só vão ser acertados depois do casamento - ela se apressa em dizer.
— É praxe. Primeiro vem a aliança e depois as negociações - meu marido comenta.
— De qualquer forma,não vou ter participação direta. Você conhece as regras da Camorra em relação às mulheres,são bem mais rigorosas que as da Cosa Nostra - ela confessa.
— Se vai se tornar um troféu,então vai ter participação direta - corrijo. Ela estreita o olhar.
— Troféu? É assim que você define? - minha antiga colega cutuca,está atiçando por causa da presença do Alec.
— É o apelido mais delicado que encontrei para seus ouvidinhos de menina pura - retruco ainda de mau humor.
— Ivy - Alec pede,repreende.
— Não está feliz com sua união,Ivy? - ela questiona.
— Estou muito - garanto - como você mesma afirmou,as regras da Cosa Nostra são menos rigorosas em relação a participação das mulheres e me sinto perfeitamente confortável com o papel que me foi dado - explico pacientemente.
— O de troféu maior? - ela provoca. Dou risada.
— É,acho que dá pra dizer que sim - concordo.
Apesar de me sentir mais livre que a maioria das mulheres na minha situação,ainda sou um troféu como todas elas. Claro que tenho planos,quero crescer e me tornar na prática a rainha que sou só na teoria,mas isso não é da conta deles.
Por enquanto,vou precisar me contentar em ser a imagem por trás do rei.
Por enquanto!
— Para quando é o casamento? - meu marido pergunta com interesse e muda de assunto.
— Setembro. Ainda estamos enviando os convites,mas acredito que logo receberão os seus - ela responde.
— Vai convidar uma filha da Cosa Nostra para o casamento com um Ndrangheta? Isso sim é uma surpresa - provoco.
— Você não é mais um membro ativo da Cosa Nostra,paixão - o capo lembra.
— As alianças novas da Famiglia não tem ligação com as antigas e tenho certeza que Francis não quer ofendê-los. Os membros da Cosa Nostra vão ser convidados,assim como alguns das Cinco e dá Outfit - ela garante.
— Claro,Francis é sempre tão diplomático - falo em tom de deboche.
— Bom,espero vê-los lá. Agora preciso ir,meu noivo está me esperando…
— Matteo está aqui? - Alec questiona,surpreso. A morena confirma com a cabeça.
— É nosso primeiro encontro - ela conta.
— Boa sorte - desejo. Porque ela vai precisar.
Alma se despede dizendo que está ansiosa para apresentar seu noivo ao meu marido - com os olhos brilhando de interesse - e vai embora com passos determinados,caminha em direção a um dos camarotes.
Minha mente está trabalhando loucamente. Essa aliança não pode ser coisa boa,principalmente depois da desavença que o tio Vittorio teve com Francis - capo da Camorra - no último encontro deles.
Francis está louco para casar sua filha,Mia,com meu primo Lucca. Mas a garota ainda é menor de idade,acabou de completar dezessete anos. Meu tio jamais aceitaria algo assim,mesmo com uma diferença de só três anos entre a menina e o Lucca.
E a Alma…
Ainda tenho raiva dela,não gostei da forma com que se aproximou do Alec e não confio em sua índole. Sei que tem mais por trás dessa história e,pelo pouco que ouvi,tenho certeza que vão tentar envolver o Alec.
Faço uma nota mental para ligar para minha tia e contar sobre esse encontro inesperado. Seja lá o que for acontecer,a Cosa Nostra precisa estar preparada.
— Você poderia ser mais sutil - o capo sugere e me arranca dos pensamentos. Seu tom firme e acusador me irrita.
— Sutil como você flertando com outra mulher no meio de uma boate? - retruco,o veneno é quase palpável.
— O que? - ele questiona,surpreso.
— Ah,Alec. Já estamos íntimos demais pra lidar com esses joguinhos - declaro cansada - vi você rindo com ela,a mão dela no seu braço…
— E supôs que estávamos flertando - o capo completa por mim.
— Vai dizer que não? - afronto.
— Não posso dizer quais foram as intenções dela,principalmente com o suposto noivo tão perto…
— Acho que você é experiente suficiente para reconhecer uma mulher interessada - insisto.
Alec sorri de lado e vira ligeiramente o corpo para me pressionar contra o balcão. Ele se posiciona na minha frente,a mão grande acaricia meu rosto com uma gentileza que não combina com o aperto possessivo no meu quadril.
Os olhos dele ardem com um fogo que reconheço bem,com excitação,diversão e paixão.
Seu perfume,sua presença,seu calor…
Perco o fôlego.
Qualquer pensamento coerente escapa da minha cabeça.
— Sou experiente suficiente pra saber quando uma mulher está morrendo de ciúmes de mim - o moreno declara com soberba.
Irritação arde no meu peito.
Excitação faz minha buceta pulsar.
Inferno de homem gostoso e prepotente!
— Quero ser respeitada,Alec - falo e a mágoa na minha voz surpreende nós dois.
— Você é,diabinha - ele garante e chega tão perto que sinto sua respiração fazer cócegas na minha pele - posso ser um canalha,mas jamais humilharia minha mulher - o capo declara.
Sua boca tão perto me deixa tonta,mas a pontada de decepção que sinto no peito só me magoa e me enfurece mais.
Então ele é um canalha e não se importaria em fazer nas minhas costas…
Quando dou por mim,minha mão já está ao redor do pescoço dele,meu olhar firme e meu tom de voz surpreendente frio. As palavras jorram dos meus lábios.
— É a última vez que falo,Alec - alerto - se quer ter outras mulheres,vai em frente. Não posso te impedir. Mas se mentir pra mim,se me trair…
— Vai fazer o que? - ele me desafia,os olhos escuros me afrontando e o corpo másculo pressionando o meu.
— Vou ensinar o diabo a queimar - respondo sem desviar o olhar ou me intimidar.
O sorriso que cresce em seus lábios é ainda mais endiabrado que os intensos olhos castanhos. Ele me incita a ir mais longe,é autoconfiante.
Um tirano.
A mão no meu quadril aperta com mais força e a que estava no meu rosto escorrega até a nuca,se entrelaça no meu cabelo. O calor dele me envolve,uma de suas pernas se enfia entre minhas coxas e,num movimento forte e rápido,ele me beija.
Não é um beijo carinhoso e gentil. Alec não pode passagem para a língua,só invade minha boca e exige minha atenção. Ele se apodera de mim,me deixa em chamas.
Rendida,afroxo a mão que estava no pescoço do Alec e o envolvo com os braços. Faço carinho no cabelo dele e estico meu corpo para se encaixar melhor no dele.
O desgraçado ri no meio do beijo e apoia minhas costas,me puxa para mais perto como sabe que gosto. A sensação da pele dele na minha me faz estremecer,me deixa formigando.
— Você fica uma delícia quando está brava - o capo murmura,os lábios ainda colados aos meus - mas é ainda melhor quando está molinha assim - ele completa e me beija de novo,um selinho longo.
— Odeio você - falo,já entregue. Ele sorri.
— Odeia nada. Você já está toda caidinha por mim - ele retruca com arrogância. Dou risada.
— Conta com isso - debocho.
— Conto - ele continua firme e me rouba mais um beijo.
— Sério…o que ela queria com você? - volto ao assunto.
— Sinceramente,acho que ela queria provocar você - ele responde com franqueza.
— Você é uma das razões pelas quais Alma e eu nunca nos entendemos - conto - tem certeza que ela não estava tentando te seduzir e te levar pro lado mal da força? - insisto. Ele ri.
— Pensei que nós éramos o lado mal da força - o moreno brinca.
— Somos malvados,mas não desonestos - falo. Ele estreita o olhar me contestando e não seguro a risada - você entendeu - me defendo. Ele ri.
— Entendi,sim. E garanto que não vou trair minha palavra. Minha lealdade não tem duas vias - o capo promete - e você…
— E eu… - incentivo a continuar.
— Você é tão terrível que fez todas as outras perderem a graça - ele declara e a sinceridade na sua voz me deixa toda boba.
— Terrível - repito com incredulidade.
— Terrivelmente gostosa - ele se corrige e me faz sorrir antes de me puxar para outro beijo.
Deixo Alec me envolver na aura escura dele e me carregar para aquela dimensão só nossa, onde só nós dois importamos e não existe nada além de desejo,prazer e paixão.
E,como ele é o capo dos capos,o homem mais poderoso de Nova York - talvez do mundo - não corremos o risco de sermos interrompidos.
— Tenho uma coisa pra você - ele anuncia quando nos afastamos para respirar.
— O que? - pergunto curiosa e ansiosa.
Alec afasta uma das mãos que estavam na minha cintura,leva até o bolso traseiro da calça e puxa um cigarro para fora. Reconheço a maconha na hora.
— Vai me drogar,senhor Genovese?! - falo com humor. Ele ri.
— A senhora fez um acordo com o diabo,não fez? - ele retruca. Confirmo com a cabeça.
— Alguma coisa sobre me divertir sem pensar no dia de amanhã - lembro. Alec estende o cigarro.
— Sempre honro minha palavra - ele garante - ainda quer? - meu marido pergunta.
— Quero - respondo sem pensar muito e pego o baseado.
Sorrindo,Alec usa um isqueiro para acender e me instrui a tragar o cigarro. De início não gosto,até tusso um pouco,mas lá pela terceira tragada já estou craque.
Não demora até meu corpo ficar leve,minha mente enevoar e toda e qualquer inibição me abandonar.
Acabo voltando para a pista de dança sob o olhar protetor e enfeitiçado do meu marido. Deixo meu corpo guiar,a cabeça desligar e me solto como nunca antes.
Os problemas podem esperar até amanhã. Hoje vou me divertir,exatamente como acordei com o diabo.

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