Cap 26

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Cap 26

Por Alec

Minha esposa permaneceu em silêncio durante todo o percurso até o campo de voo,continuou me ignorando enquanto embarcamos e até agora está reclinada em uma poltrona distante da minha. 

Como não sou maluco,resolvi deixá-la processar a raiva em paz e abri meu notebook na esperança de conseguir ler os relatórios que a equipe de finanças do cassino de Nova Jersey fez. 

Heroicamente,pude ver que os lucros estão cada dia maiores,principalmente depois que introduzi a ideia que a Ivy deu de misturar o prazer dos jogos com o prazer que só as mulheres proporcionam. Treinadas da forma correta,elas tiram bastante dinheiro desses velhos pervertidos. 

Eu devia aproveitar o momento e me dedicar ao trabalho. Ao menos até chegar a casa que escolhi para a lua de mel. Mas minha mente não se concentra em mais nada,só na linda morena de cara emburrada há poucos metros daqui. 

Desse ângulo,não consigo enxergar o rosto da Ivy,por isso não sei se ela está acordada ou não. Imagino que sim,pois dormiu uma noite e um dia inteiro. Mas estava tão fraca e está tão quieta…

Ao vê-la estremecer,provavelmente de frio,me vejo levantando e sinto um desconforto muscular após passar tanto tempo sentado na mesma posição. Acho que preciso relaxar um pouco. 

Pego um cobertor na poltrona ao meu lado e,com passos silenciosos,venho até minha esposa. Ela levanta a cabeça ao me ver e os olhos mostram surpresa quando estendo a manta sobre seu corpo. 

— Obrigada - Ivy fala. A voz sai um pouco rouca. 

— Como está se sentindo? - repito a mesma pergunta que fiz milhares de vezes desde a noite passada. 

— Com dor de cabeça - a morena confessa. 

— Quer um analgésico? - proponho. Ela só assente em resposta. 

Aceno para que uma funcionária se aproxime e a moça vem praticamente correndo - o que arranca um sorriso discreto da Ivy que estava de cara amarrada até agora -. Peço o remédio e um copo de água e a mulher logo se afasta. 

Me sento ao lado da Ivy e estendo a mão para tocar seu rosto. Sei que febre não é uma reação à medicação que ela ingeriu,mas tenho o impulso de conferir mesmo assim. 

— Sua temperatura parece normal - comento. 

— A noite está gelada - ela justifica. 

— Ou você que ainda está fraca. Li em algum lugar que fadiga pode dar frio - falo. 

— Estou bem,Alec - a morena garante. Nego com a cabeça. 

— Você está péssima - constato com franqueza. Ela não contém o riso.

— É sempre bom contar com seu romantismo - minha esposa fala com ironia e me faz sorrir. 

— Mesmo pálida,cansada e desidratada,você continua linda - corrijo. A risada dela faz meu coração dar um pulo - melhor assim? 

— Na verdade,não - ela responde e também me faz rir. 

— Sério…por que se deu ao trabalho de se arrumar tanto? Você deveria descansar - pergunto com curiosidade. 

— Não queria que ninguém me visse naquele estado deplorável. Nem eu estava suportando me ver no espelho - ela confessa. 

— Não entendo o porquê. Você estava uma delícia com aquela camisa - garanto. 

— É,debruçada no vaso sanitário e cheirando a vômito - minha esposa retruca. Faço careta. 

— Não foi a coisa mais sexy que já vi,mas não me importo de segurar seu cabelo enquanto vomita. O que incomoda é te ver mal,não cuidar de você - falo com sinceridade - e te ver usando minha camisa como pijama sem poder te tocar foi um inferno - confesso. 

A Esposa Do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora