Cap 69

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Cap 69

Por Alec 

Sai cedo para adiantar as assinaturas de alguns documentos e já estava a caminho da mansão Gambino quando recebi uma ligação do James dizendo que Ivy estava causando de novo. Dei ordens para que ele não saísse do lado dela e praticamente varri as ruas de Nova York com meu Porsche até chegar. 

A primeira coisa que vi foi fumaça preta saindo de uma das janelas,um sinal claro de que a esposa do diabo está brincando com fogo novamente. 

Não toquei campainha ou chamei a governanta, só abri a porta e corri escada acima,seguindo os gritos e cheiro forte de tecido queimado. Quando cheguei no corredor e vi Salvatore segurando um cinto,ameaçando bater na Ivy que já estava em meio a lágrimas,com marcas nas pernas e jogada em cima da mãe,perdi a cabeça. 

Não lembro com clareza do que disse,mas meu sogro ficou paralisado e aproveitei a oportunidade para avançar feito um animal em cima dele. Os gritos,o sangue e o incêndio ficaram em segundo plano,tudo o que eu via era aquele verme que feriu minha mulher. 

Bati nele com o mesmo cinto que ele usou para machucar a Ivy. Salvatore se protegeu como pôde,mas bati até tirar sangue. E só não bati mais porque Camille implorou e Ivy se jogou em meus braços,ainda chorosa e com o rosto de anjo vermelho. 

— Para. Para,Alec. Chega - minha mulher pede,a voz embargada. 

Seguro sua cintura com a mão livre e,após soltar o cinto no chão,uso a outra para acariciar seu cabelo. O ódio cedendo e me trazendo de volta a realidade. 

Abraçando minha mulher,sinto a culpa abrir um buraco no meu peito. 

Antes do casamento,jurei que nunca deixaria Ivy conhecer o diabo e as razões pelas quais esse apelido me foi dado. E quebrei a promessa. 

— Você está bem? - consigo perguntar,engolindo o nó na garganta. Ivy fica muda,agarrada a mim como um bichinho assustado. 

Enfio a cabeça entre seus cabelos e deposito um beijo em seu pescoço,roçando os lábios com cuidado e ternura. Ivy suspira,afastando a cabeça para encarar meu rosto. 

A visão me deixa perturbado. 

Já vi ela chorar,já vi seu rosto arrasado e a dor da humilhação,mas nunca assim. Ivy está abalada demais,provavelmente lembrando do trauma que me contou e muitos outros que nunca deve ter dito em voz alta. Mas também existe tanta raiva que é quase insuportável. 

Essa garota,a menina que Salvatore maltratou e rejeitou a vida toda,vai ser a destruição dele. 

Não eu,não os inimigos que ele colecionou e nem as drogas ou álcool. Quem vai matar Salvatore Gambino é sua filha caçula. 

— Você está bem - constato. Ela assente. 

— Deixa ele aí - Ivy pede com descaso,como quem fala de um pedaço de lixo - ainda não chegou a hora dele. 

— Nós vamos embora,mas só depois da Camille pegar as coisas dela - anuncio em voz alta, surpreendendo a todos.

Apesar do estado atual,o rosto da Ivy se ilumina tanto que aquece meu peito. Um sorriso aparece em seus lábios avermelhados e os olhos doces transmitem gratidão e orgulho. 

Camille parece tão chocada quanto o marido,que se apoia na cama na tentativa de conseguir se levantar. Claro que ninguém se dá ao trabalho de tentar ajudar. 

— Ela não vai a lugar algum. Camille é minha esposa e vai ficar aqui - Salvatore declara cheio de prepotência. 

— Se me lembro bem,você tinha um acordo com minha esposa - comento,passando Ivy para trás de mim. Não quero que Salvatore nem olhe para ela. 

A Esposa Do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora