Cap 46
Dois dias depois.
Por Ivy
Meu corpo ainda dói.
Já se passaram 48 horas desde que aquele filho de um demônio me deu uma surra no banheiro do restaurante e ainda sinto dores nas costelas e nas costas. Pelo menos meu olho desinchou,só está assustadoramente roxo.
Também tenho hematomas nos braços,pernas e barriga. Tantos que odeio a imagem que reflete no espelho do banheiro da mansão que meu marido reformou para nós dois “construirmos um legado".
Sim,estamos em Nova York.
Alec quis voltar para casa depois de tudo o que aconteceu. Passamos o dia seguinte inteiro depois do ataque discutindo sem parar. Gritamos um com o outro,brigamos feio quando ele me chamou de mimada e permanecemos em silêncio durante todo o percurso de volta para a cidade que nunca dorme.
Quando chegamos à mansão que fica no alto de uma colina,vim direto para o quarto principal. Estava brava demais para conversar com o Alec e precisava de pelo menos um banho quente antes de conhecer os funcionários e a propriedade.
Fiquei bastante impressionada com a suíte. Ela é toda decorada em tons escuros,tem móveis bem modernos,uma lareira para as noites românticas e paredes de vidro que dão acesso à varanda e vista para Nova York inteira.
Perto do closet tem uma área deliciosa com um sofá preto bem grande,cheio de almofadas e com uma mesa de centro. A cama é enorme e parece muito confortável. A iluminação é perfeita.
Caralho,isso aqui é um sonho. Parece que o Alec entrou na minha cabeça e mandou construir a casa que sempre imaginei.
Dei uma passada na varanda e meu queixo caiu.
É bastante espaçosa,tem sofás também escuros e a mesa de centro grande,de mármore,com uma lareira também bem grande. A piscina privativa fica bem em frente,tem borda infinita e circula uma outra área de lazer,também com sofá e com outra lareira menor.
Decidi tomar um banho antes de explorar o closet - que provavelmente vai me deixar maluca - e me choquei com o banheiro.
Porra,quem planejou essa casa deveria ganhar um prêmio!
As paredes de vidro são gigantescas e também mostram a cidade. A banheira com hidromassagem está virada para a paisagem e contém um estofado escuro para abrigar velas aromáticas,sais de banho e tudo mais que posso precisar.
O mármore aqui não é tão escuro,é confortável e elegante. O espelho vai do chão ao teto. A pia é dupla,assim como os chuveiros que ficam dentro do box espaçoso e a iluminação também é inacreditável,ótima pra fazer maquiagem e…e até pra fazer uma cirurgia. É incrível.
Enchi a banheira com água escaldante,coloquei meus sais de banho preferidos,pétalas de rosas brancas,acendi as velas com aroma de jasmim e entrei no paraíso.
Não tenho ideia de quanto tempo fiquei na água, mas só sai quando senti que estava relaxada, tranquila e quase sem dor.
Meus itens de higiene estão em uma bandeja de prata em cima da pia. Todos os cremes,perfumes e até o protetor solar que sempre uso.
Alec pensou mesmo em tudo.
Hidratei meu corpo,fiz minha skin care,penteei e sequei o cabelo e,antes de colocar o robe branco de chambre,parei em frente ao espelho para avaliar o estrago.— Bastardo,filho da puta - xingo enquanto fecho o robe.
Odeio olhar pro meu corpo assim. Os hematomas são horríveis,escuros e enormes. As costelas estão praticamente pretas,tem marcas de sapato no meu ombro e na barriga e meu olho é um show à parte.
Irritada,cubro com maquiagem as marcas que carrego no rosto. Infelizmente ou não,estou bastante acostumada a fazer isso e não demoro no processo.
Já estou passando batom quando ouço o Alec se aproximando. Os passos pesados e confiantes são inconfundíveis.
— Podemos conversar ou ainda está brava demais para ser coerente? - Alec provoca ao parar junto ao batente da porta.
— Meu humor estava melhorando até você abrir a boca - retruco.
— Sei que está chateada,Ivy. Também não queria que nossa lua de mel acabasse tão cedo e muito menos da forma que foi,mas continuar em Ibiza seria perigoso demais. Preciso descobrir quem encomendou sua morte e porque - o capo argumenta. Suspiro cansada.
— Eu sei,Alec. Também quero encontrar esse maldito e almoçar o fígado dele - garanto. Ele ri.
— Então você entende,só está descontando a raiva em mim - ele constata.
— Você poderia muito bem ter mandado algum funcionário de confiança investigar,não precisava vir pessoalmente - argumento.
— Meus funcionários de confiança foram para Ibiza com a gente - o capo responde.
— Você tinha o Jason aqui - insisto.
— Ele não é…
— Não é seu subchefe porque você não quer nenhum. Porque prefere voltar pra essa cidade infernal no meio da nossa lua de mel,do que deixar alguém assumir alguma responsabilidade no seu lugar - acuso,brava.
— Ninguém vai assumir responsabilidade no meu lugar porque a porra da responsabilidade é minha! Você é minha mulher,caralho! - o moreno retruca,também irritado.
— Você não entende,não é?! Não tem a ver com a Família ou com quem mandou me matar…
— Também não tem a ver com a lua de mel. É você - ele me interrompe - você estava feliz em Ibiza. Estava livre,se divertindo,não tinha que ser a mulher perfeita e nem proteger ninguém. Agora que voltamos,sua mãe também vai voltar,seu pai vai atormentar a vida dela e você a dele - o capo declara com convicção,me pega desprevenida.
A verdade é como um tapa na cara.
Essa merda de realidade é uma surra maior que a da outra noite.
Ainda não tive coragem de avisar minha mãe que voltei para Nova York. Ela está tão bem com a tia Isabela,está leve e feliz como nunca tinha visto antes. Não quero que volte pro casamento infeliz que tem.
Mas é o que ela vai fazer.
Camille Denaro nunca me deixaria sozinha numa guerra,menos ainda contra o Salvatore. Ela vai voltar no instante em que souber o que aconteceu em Ibiza,vai vir até minha casa para saber se estou bem e depois vai voltar para seu cargo,sua cruz.
E eu não vou estar lá. Não posso bater de frente com meu pai para defendê-la porque não vou estar em casa. Tenho pavor dele machucá-la de novo.
Meu marido suspira ao perceber meu desconforto e acaba com a distância entre nós. Ele me toma nos braços,coloca meu cabelo pra trás e dá um beijo carinhoso na minha testa.
— Você ainda o tem nas mãos,Lilith. Não se esquece disso - ele lembra. Me surpreendo.
— Tenho? - questiono. Alec sorri.
— Salvatore tem uma dívida imensa no nosso cassino. Tenho certeza que não vai se incomodar em ser civilizado com a esposa,se for cobrado da forma certa - ele sugere,o brilho maligno em seus olhos me arrepia inteira.
— Não sei se uma dívida seria suficiente pra fazer aquele verme ficar longe dela - comento.
— Tudo depende da forma com que você se posiciona. Camille é sua protegida,então deixa isso claro pra ele. Diz que não vai tolerar qualquer tipo de violência contra ela e,se ainda assim ele te desafiar,cobra a dívida - meu marido orienta - Salvatore não tem como pagar. Ao menos não de uma vez. Então você,a senhora da Família Genovese,vai poder escolher a forma de pagamento,os juros e as punições caso o acordo não seja cumprido - ele explica.
— Está dizendo que posso enforcá-lo em praça pública? - pergunto,já cheia de ideias. O capo ri.
— Acho que já tivemos homicídios demais por enquanto - ele nega.
— Um a mais,um a menos - tento.
— Tudo tem sua hora,linda. Ainda preciso do Salvatore vivo - ele conta,atiça minha curiosidade.
— Por que? - pergunto sem me conter.
— Estou trabalhando com uma droga nova e seu pai é o responsável pela entrada dela na cidade. As vendas estão melhores do que nunca e,ao menos até eu saber quem é o traficante que fornece o material pro Salvatore,preciso que a cabeça dele continue em cima do pescoço - meu marido explica.
— Então é isso. Ele me vendeu por drogas - a constatação só sai,sem autorização.
Mágoa não é exatamente o que estou sentindo. É mais indignação e raiva.
A cada dia que passa,cada coisinha nova que descubro sobre aquele verme,mais o odeio.
— A aliança entre nossas famílias é muito mais antiga do que isso. Você conhece a história - ele declara,tenta apaziguar a situação.
— O que mais esse acordo envolve,Alec? - questiono com seriedade.
— Poder,dinheiro,proteção…teoricamente,os Gambino e os Genovese são uma única Família agora - ele responde e coloca as mãos sobre meu ventre,as palmas acariciam minha barriga mesmo sobre o tecido do robe - um dia você dará à luz uma criança,sangue do meu sangue e do seu. Ele vai ser o símbolo mais forte e poderoso da nossa aliança - o capo completa,a voz cheia de orgulho.
Não consigo conter o impulso de encarar minha barriga sem volume. Imagino como ficaria com um bebê dentro,redonda e enorme.
Sempre quis ser mãe,sentir esse amor tão puro e intenso,que não tem fim. Pegar meu bebezinho no colo,amamentar,sentir o cheirinho e ficar toda boba com aquele sorrisinho sem dentes…
Mas isso parece tão impossível pra mim,tão triste e distante.
Quando tiver um filho,vou me sentir a pessoa mais egoísta do planeta. Dar à luz uma criança que já vai nascer com um legado de morte e cercado de inimigos,que vai precisar crescer para assumir o lugar do pai.
Meu coração dói.
— Tudo bem? - o moreno pergunta,carinhoso.
— Tudo. Eu só… - suspiro e deixo a frase morrer. Não quero me abrir tanto.
— Um dia você vai me contar porque fica tão mexida quando falamos sobre filhos? - o capo questiona.
— Não sei…não gosto da ideia de te deixar ir tão fundo - respondo em tom de provocação.
— Mentira. Você adora quando vou bem fundo - ele retruca,me fazendo rir.
— Tarado - repreendo de brincadeira.
Em resposta,as mãos dele passeiam pela minha cintura e vão descendo,vão deixando um rastro de calor até chegar a minha bunda. Alec aperta as nádegas com possessividade,enche as mãos e me puxa contra sua virilha.
Nossa,acho que estou mesmo mal acostumada. São só dois dias sem sexo e já sinto falta,sinto uma necessidade louca de ter esse homem entre minhas pernas de novo. Minha buceta pulsa.
— Gostosa - ele elogia. Está tão perto que sua respiração faz cócegas na minha pele.
— Sabe o que vai ser muito gostoso? - pergunto com segundas,terceiras e quartas intenções. Alec morde o lábio inferior.
— O que? - ele questiona,ansioso.
— Batizar essa casa inteira - respondo e passo os braços ao redor do pescoço dele - vi pouco, mas ela parece tão grande…
— Enorme - meu marido garante.
— Só na nossa suite tem tanto espaço,tanto para explorar… - comento. Os olhos dele incendeiam.
— Onde quer que eu te coma primeiro,Ivy? - o capo questiona,a voz cheia de emoção.
Porra…
Mordendo sensualmente o lábio inferior,penso no assunto.
Adoro sexo ao ar livre,sentir a brisa no rosto e o calor do corpo dele se misturando a emoção da possibilidade de ser flagrada,de estar fazendo algo imoral.
Mas também quero muito estrear aquela cama quentinha e macia. Com as dores que estou sentindo,transar devagar,com a luz da lareira e pétalas de rosas parece o paraíso.
— Onde,diabinha? Onde quer…
— Senhor Genovese? - uma voz feminina soa de longe,provavelmente do corredor.
— Quem é? - pergunto,já me irritando de novo.
— Candice. É a governanta da casa - meu marido conta.
— E o que ela quer? - insisto. Alec ri.
— Provavelmente avisar que seus presentes estão prontos,esperando por você - ele responde e volta a me surpreender.
— Presentes? - questiono.
— Comprei algumas coisas pra você,outras já são suas desde o momento em que se tornou minha mulher,mas quero mostrar tudo antes de te jogar naquela cama e entrar bem fundo… - ele provoca e dá risada quando lhe dou um tapinha.
— Preciso colocar roupa? - pergunto.
— É mais fácil,mais rápido e mais prudente do que eu esvaziar a casa inteira só pra você desfilar pelada por aí - ele responde - apesar de que…
— Vou adorar andar pelada por aí - garanto - já pensou? Podemos ficar os dois pelados e curtir muito essa casa enorme… - sugiro,excitada com a ideia.
— Alec? - a voz chama de novo.
— Alec? - repito,surpresa.
— Candice trabalha pra minha família desde antes de eu nascer. Na verdade,ela adora se gabar de que ajudou a criar o capo dos capos - ele explica.
— Então ela não se incomodaria com nossa nudez. Já deve ter visto sua bundinha linda - brinco. Ele gargalha.
— Se veste,vai - ele pede,já se afastando - vou falar com a Candice e te espero na sala.
— O que eu devo vestir para essa surpresa tão especial? - pergunto com desdém.
— Se quiser manter a roupa inteira,usa algo fácil de tirar - ele aconselha.
— E por baixo? - insisto sem me conter,adoro provocá-lo. Alec sorri,os olhos passeando nas minhas pernas nuas.
— A lingerie rosa - ele fala sem pensar duas vezes. Não contenho o sorriso.
— Não tirou ela da cabeça,não é?! - provoco.
Alec não responde com palavras,só lança aquele olhar safado,dá um tapinha na minha bunda e sai do banheiro deixando a promessa de sexo para trás.
Não tenho ideia do que podem ser esses tais presentes,mas se o depravado do Alec me deixou semi nua no banheiro e foi embora animado,é porque com certeza vou adorar.
Ansiosa,termino de me perfumar e venho até o closet torcendo para que minhas coisas - as que enviei antes da lua de mel - já estejam arrumadas nos armários. Se tiver que revirar as malas,vai demorar uma eternidade.
— Uau - exclamo,encantada.
O lugar é imenso. Os armários são pretos,bem grandes e revestem as paredes do chão ao teto. Também tem um espelho de corpo inteiro,uma área separada exclusivamente para as jóias e os acessórios,um lustre de cristal lindo,que ocupa uma boa parte do teto e um divã cinza no centro.
Meus olhos chegam a encher de lágrimas quando vejo meus sapatos.
Puta merda,que lindo!
Todos os meus sapatos estão separados por cor e ocasião. Eles ocupam duas paredes inteiras, são de diversas marcas e designers. Um arco íris enorme,lindo e mágico.
Nossa…olhar essas prateleiras me excita tanto quanto admirar o Alec saindo do banho com a toalha amarrada no quadril.
— Foco,Ivy. Foco - me incentivo.
Posso brincar aqui mais tarde - e com certeza vou - mas agora tenho outras partes da casa para conhecer,presentes para receber e um marido para seduzir.
A lingerie rosa que eu ia usar naquela noite em Ibiza está em uma das malas que ainda não abri. Ia levar uma eternidade pra encontrar e não estou tão disposta assim a agradar o Alec.
Foi ele quem encerrou nossa lua de mel,então é ele quem tem que me mimar e não o contrário.
Abro algumas portas de armários e gavetas antes de encontrar o espaço que abriga minhas roupas íntimas. Camisolas de seda,lingeries italianas, bodys de renda francesa,baby dolls que fariam o Enorme Alec chorar de emoção e…
Uma risada escapa quando vejo mais calças de flanela e camisetas de malha. Alguns pijamas de inverno são mais quentes,de pelúcia.
Acho que me casei com o último cavalheiro da máfia.
Ainda sorrindo,escolho uma lingerie rosa escura. O sutiã é bem estruturado,flores estão sobre os seios e brincam com a transparência do tecido de baixo. A calcinha é pequena,delicada,com a mesma renda da parte de cima e desenha minha bunda.
Mas o melhor é a cinta liga. Ela é presa com um fecho na altura dos quadris,a renda escorrega até a calcinha e depois a fita de cetim rosa desce nas minhas coxas até encontrar as meias três quartos da mesma cor.
Alec vai ficar maluco!
Para cobrir a lingerie inteira e não estragar minha surpresa,escolho um vestido longo. O tecido leve flui com naturalidade pelo meu corpo,não marca nenhuma curva mas vai se moldando a mim. É só um modelo simples,mas muito bonito.
Depois de pronta,saiu do quarto e percorro o longo corredor até às escadas.
A mansão tem três andares e nossa suíte fica no último. Não tenho ideia de quantos quartos,salas, escritórios e piscinas essa casa tem,mas sei que meu marido adora todo esse espaço.
Assim que chego na sala de estar principal,vejo o Alec parado perto de uma das paredes de vidro. Os tons escuros e a decoração moderna combinam com ele. Na verdade,essa casa é a cara do capo dos Genovese.
Meu marido é elegante,charmoso e aparenta ser bem clássico,mas também tem algo selvagem no olhar,um fogo intenso e uma personalidade que é fascinante.
Exatamente como a mansão.
Os sofás são grandes e cinza escuros,ficam bem posicionados perto das paredes de vidro. A mesa de centro é de carvalho,obras de arte abstratas dão um ar mais leve enquanto a lareira embaixo da escada trás aquele clássico que adoro.
— Por que tem lareiras em todos os cômodos? - pergunto assim que meus pés tocam o último degrau preto da escada flutuante.
— Porque fico impressionante a luz do fogo - ele responde com humor. Dou risada.
Alec sorri e seus olhos percorrem meu corpo de cima a baixo. Ele não esconde que está com saudade,a expressão corporal fala por si,além da mão rodeando o copo de whisky e os dedinhos ansiosos batendo no vidro.
Porra,que homem lindo!
A calça escura modela as coxas grossas e não esconde nada da protuberância no meio das pernas. A barriga tanquinho e os braços fortes estão cobertos pela camisa cinza e o brilho da corrente de ouro - a que eu dei - chama atenção quase perdida por baixo do tecido.
— Fica mesmo - concordo.
A imagem dele completamente nu,iluminado só pela luz da lareira da casa de Ibiza,enche minha mente.
Fizemos amor naquela noite. Depois fodemos feito dois animais no cio e então fizemos amor de novo e de novo…
Foi uma das noites mais bonitas que tivemos.
— Depois relembramos,Lilith. Temos muito o que fazer antes de voltar pro quarto - ele conta.
— Muito? - choramingo. Ele sorri.
— Não vou te arrastar pra uma tour completa. Você está morando aqui,vai ter tempo pra conhecer tudo. Mas tem algumas coisas que quero mostrar pessoalmente - ele explica.
— Vamos lá,então. Estou ansiosa - confesso.
— Ah,eu sei - ele responde com presunção e lança um sorriso safado antes de colocar o copo sobre a mesa de carvalho.
Alec aponta para sairmos da sala e me guia por um longo corredor até uma porta grande,escura, de mogno maciço. Ao atravessarmos,percebo que estamos na garagem.
O ambiente é gigante e lotado de carros. Parece até um estacionamento de shopping de luxo. Os automóveis estão lustrados,brilham em todas as cores,tamanhos e formas. Antigos,novos…São lindos.
— Pensei que não fosse do tipo de coleciona carros - comento enquanto observo um McLaren preto.
— Não sou. Só gosto de me exibir - o moreno responde. Dou risada.
— Qual é o seu preferido? - pergunto curiosa.
— Aquele ali - ele aponta um carro esportivo lindo,azul celeste - é um Aston Martin Valhalla. Ganhei em uma aposta no ano passado - meu marido conta.
— Que tipo de aposta? - questiono.
— O tipo obscena,suja e irresponsável. Você não vai querer os detalhes - ele garante.
— Agora eu quero - declaro e,me apoiando no carro,cruzo os braços. Alec ri.
— Bom,eu estava na Inglaterra em algumas reuniões para tentar fechar parceria com uma empresa especializada em cobre,para melhorar a produção das munições da Genovese. Em um certo momento,o CEO,Malcolm,me convidou pra jantar na casa dele,para conversar mais sobre os contratos - ele conta - quando cheguei no apartamento,reconheci a esposa do cara…
— Você transou com a esposa dele? - pergunto indignada. Alec dá de ombros.
— Ela não era casada na época. Acho que estava na despedida de solteira e eu só estava no bar com alguns amigos - ele se justifica.
— Sabe,na maioria das culturas modernas,um noivado é considerado compromisso - debocho. Ele revira os olhos.
— Quer ouvir a história ou não? - meu marido revida. Aceno para que continue - então,o cara não tinha intenção de fechar negócio. Ele soube que foi traído e queria confrontar a esposa e o suposto amante…
— Espera aí…noiva,esposa…em que momento essa mulher transou com você? - questiono.
— Na despedida de solteira. Depois ela casou, foi pra lua de mel,ficou bêbada e contou tudo pro cara que “perdoou" e me procurou em busca de vingança - ele explica.
— Tá. Continua - incentivo.
— Então,o corno apontou uma espingarda pra mim e disse que ia me cortar em pedacinhos e dar para os porcos… - ele continua. Dou risada.
— É criativo - elogio.
— Eu apontei minha arma pra ele,discutimos e fiz um desafio. Propus resolver esse assunto no pôquer,como dois homens de verdade - o moreno conta.— Ele ia ganhar o que? - questiono.
— Ia deixar o cara me dar uma surra pra lavar a honra - Alec responde.
— Então você ganhou o carro depois de comer uma noiva prestes a se casar e humilhar o marido dela no pôquer - simplifico. Ele assente.
— E ainda fechei o contrato - o capo se gaba.
— Impressionante - comento - por isso ele é tão especial? - pergunto.
— Não,só gosto dele. Acho que criamos uma conexão - ele responde. Dou risada.
— E aquele ali? - aponto um carro mais antigo, perto da entrada principal.
— Aquele é o Imperial. É o carro mais velho e mais caro que tenho aqui. Foi criado em 1954, desenhado por Virgil Exner. Era o preferido do meu pai - ele conta. A voz se torna um pouco distante,cheia de raiva.
— Por que está aqui e não na mansão Genovese? - insisto.
— Minha mãe não queria mais nada do meu pai perto dela. E o carro é meu por direito,minha herança - ele explica - tudo o que aquele maldito construiu,tudo o que fez…esse carro era o maior orgulho dele,o maior amor que ele já sentiu - meu marido declara,parece magoado.
— Então você se apropriou do coração dele - deduzo. A risada do Alec é fria,cortante.
— É,acho que sim. Se ele tinha um coração, com certeza pertencia a esse carro - o moreno confirma.
— Macabro - comento e me levanto - agora pode dizer o porquê de estarmos aqui? - volto ao assunto principal.
— Aquilo ali - ele responde e aponta para o outro lado da garagem.
Mais adiante,perto de uma parede pintada de preto,um carro está coberto por um tecido cinza escuro. Daqui,quase não dá pra ver.
Me aproximo do automóvel. A ansiedade fazendo meu coração martelar e a animação quase me fazendo saltitar. Alec vem logo atrás.
— Esse é meu presente? - pergunto.
— Um dos seus presentes - ele corrige.
Sorrindo e sem pedir permissão,seguro a base do tecido grosso e puxo de uma vez.
O que tem por baixo me faz gritar de alegria.
— Aí meu Deus,Alec! - exclamo chocada.
— Não vou nem perguntar se gostou - ele brinca.
— É da minha cor preferida! - declaro,animada. O moreno ri.
— Uma Ferrari Sergio. Te dou uma Ferrari Sergio e você se empolga com a cor - ele finge lamentar - sabia que só existem seis no mundo? Foi difícil pra cacete conseguir uma pra você.
— Não só com a cor. Olha esse carro…Meu cabelo vai ficar incrível voando nesse conversível - falo animada,já começando a tagarelar.
Alec só sabe rir e fazer um ou outro comentário antes de sugerir,cheio de más intenções,um teste drive.
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A Esposa Do Diabo
RomanceIvy Gambino é uma mulher linda,inteligente,forte e está determinada a destronar o capo de sua Família,seu pai, Salvatore Gambino. Criada pelos tios na Itália,a garota volta a Nova York para se casar com Alec Genovese,um homem poderoso e capo mais j...