Prólogo

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Sasuke

Odeio sextas-feiras, todo mundo fica tão animado com elas e eu odeio gente animada, odeio tudo que é alegre.

Estou agora voltando para casa depois de um dia exaustivo na escola. Paro na frente do portão e espero meu irmão para irmos embora, abro meu celular e mando milhares de mensagens para ele mesmo sabendo que ele vai aparecer aqui em poucos segundos.

Dou um sorriso discreto. Meu hobbie favorito é irritar meu irmão, mas ele é a pessoa mais calma que eu conheço, isso só torna as coisas mais interessantes.

- Ta no silencioso, bobão - Itachi aparece do meu lado de repente, tocando minha testa e olhando para tela do meu celular me fazendo tomar um susto e desliga-lo.

- Meu pau na sua mão - guardo o celular e vou andando na frente pela calçada, ele ri e vem atrás.

Por mais infantil que seja essa é uma brincadeira que temos desde muito tempo atrás, sempre que ele me chamava de bobão eu respondia com "cara de melão", mas a gente cresceu e aprendeu frases melhores que terminam com "ão".

Paro de andar quando vejo que não há nada no lugar onde deveria estar nosso carro.

- O Izumo não chegou ainda? - franzo as sobrancelhas, nosso motorista não era de se atrasar.

- Pelo visto não é esse o problema... - diz Itachi atrás de mim concentrado em algo no seu celular, me viro e vejo que era uma mensagem do papai - vamos ter que ir a pé hoje?

Foi uma pergunta retórica... mas tão estranha que continuo confuso. Itachi dá de ombros.

- Ok, vamos então - ele guarda o aparelho e começa a andar na direção oposta a escola sem nem me explicar nada.

Eu nunca andei a pé para lugar nenhum, quer dizer, eu já nasci no meio milionário porque eu faria isso?

- Ei! me espera - vou a passos apressados ao seu alcance para andarmos lado a lado - você sabe o caminho?

- Sim.

Não, ele não sabe.

- Não é melhor usar o gps? - digo já desbloqueando o celular, mas Itachi o toma da minha mão.

- Não precisa.

- E se a gente se perder? não é melhor chamar o papai? o Izumo ficou doente? esqueceu que tem que nos buscar ou a mamãe deu a louca de novo sobre sermos sedentários demais e resolveu nos forçar a andar? - tombo a cabeça de lado o encarando enquanto espero uma resposta.

- Eu não sei, o pai só me disse para irmos rápido para casa e que ninguém ia poder nos levar hoje.

- Estranho... - volto a atenção para o caminho a frente.

Tento me lembrar dos caminhos que eu via pela janela do carro todos os dias, mas percebi que não conheço absolutamente nada dessa cidade enorme e super movimentada. Ai meu Deus, eu vou ser assaltado aqui e vamos morrer como indigentes. Me desespero com a possibilidade.

- Estamos chegando? - pergunto.

- Sim.

Não, não estamos.

Andamos por 10 minutos e nada, Aqui é gigante não tenho nem ideia de onde estamos agora. Quase morri atropelado pelo menos umas 5 vezes até agora, qual é o problema dessas pessoas que não sabem esperar???

Paro de andar e me viro para Itachi o fitando como um robô.

- Itachi e se a gente se perder e anoitecer e precisarmos ficar aqui para sempre sem casa sem comida vivendo a base de esmola até nos cansarmos de passar fome e migrar para a área do roubo até evoluir para o tráfico e sermos mortos por não pagar nosso agiota em dia?

Burguês na favela - sasunarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora