• capitulo 6 •

4.3K 408 100
                                    

Samira

Lavei o banheiro todo, arrumei o meu quarto e da Luísa e ai sim me vi livre.

Minha mãe tinha a mania de toda vez que vem visita, ela quer que a gente arrume até o guarda roupa. Como se alguém fosse querer ver.

Coisas de mães.

Me deitei na cama sentindo o alívio nas costas e logo ouvi a porta bater com tudo.

- Mãe! - Ouvi a voz de Vinicius.

Eu continuei calada, ele foi procurando em cada cômodo até chegar no meu quarto.

- Quer o que? - Perguntei.

- Cadê a mãe? - Vinícius perguntou.

- No meu bolso que não tá! - Respondi vendo ele bater forte a porta do meu quarto.

Ele é chato demais, essa é a nossa relação desde sempre. Antigamente eu achava que era por eu ser filha de outra mulher, mas vi que não tinha nada haver e sabia que era a ruindade dele mesmo. Ele e Luisa nunca se deram bem, e olha que eles são gêmeos.

Já Ian eu tinha o maior contato, mesmo de longe ele sempre me mandava mensagens querendo saber como tudo estava.

Ouvi um barulho de porta e fui correndo ver se era minha mãe. Logo entra ela e Luísa com várias sacolas, eu ajudei elas a guardarem as coisas e...

- Vai fazer o que mãe? - Perguntei.

- Lasanha, eu vou preparar ela já, ai depois é só enfiar no forno e boa! - Minha mãe disse terminando de guardar as coisas e saindo da cozinha.

Luísa logo me puxou pro quarto dela. Eu toda sem entender nada me sentei na cama dela vendo ela vermelha pelo sol.

- Tu não sabe a merda que eu fiz! - Luísa disse.

- Tá grávida? - Perguntei vendo ela revirar os olhos.

- Lembra do cara do banheiro lá? - Luísa perguntou e eu assenti com a cabeça. - Ele namora. - Ela disse passando a mão no rosto.

- Como assim? - Perguntei estranhando.

- Ele tava lá no mercado com uma mona. Tu tinha que ver o tamanho da aliança, se não desse certo, dava pra derreter e fazer um portão! - Luísa comentou indignada.

- Caralho Luísa que cara panaca, na real mesmo em. Mas ele nem te falou nada no dia? - Perguntei e ela negou.

Filho da puta demais.

- Não to me sentindo culpada não sabe? Não sabia que ele namorava, erro foi dele de nem mandar o papo pra mim... - Luísa ia continuar falando mas logo minha mãe entrou no quarto.

- Não vão ajudar não? Vinícius já tá ralando o queijo lá. Bora, bora... - Minha mãe disse saindo do quarto.

Saímos do quarto e fomos direto pra cozinha ajudar ela.

******

Devia ser por volta de quase oito horas da noite. Luísa tomava banho enquanto minha mãe terminava de fazer o jantar. Eu estava deitada no sofá jogando conversa fora com uma colega minha da escola pelo celular, até ver a porta abrir e logo entrar meu pai, um cara que era bem familiar e...

- Aê, essa ai é minha cria Samira. - Meu pai disse pros dois que me olhavam. - Esse aqui é o Vigarista e o Pedrinho! - Meu pai disse se sentando no sofá.

Eu me levantei dando a mão pros dois e saindo dali. Eu fui direto pro quarto da Luísa.

Que merda ele tá fazendo aqui?

Ouvi o chuveiro desligar e não demorou muito pra Luísa entrar no quarto dela.

- Já chegou o velho barrigo barbudo? - Luísa gargalhou e eu continuei séria.

Ela começou a se trocar e...

- Luísa, quem tá aqui é um cara chamado Vigarista e o Pedrinho. Aquele lá que eu fiquei no aniversário do Caveira. - Falei ainda desacreditando.

- Nossa que mundo pequeno em! - Luísa falou penteando o cabelo.

Ela se perfumou e logo ouvimos a batida na porta.

- O pai tá chamando! - Ouvimos a voz do Vinicius.

Eu guiei junto de Luísa até a sala, e quando chegamos lá, os dois nos olharam de cima a baixo.

- Essa é a minha outra cria Vigarista, a Luísa! - Meu pai disse.

Luísa ficou parada.

- Tudo tranquilo? - Saiu aquela voz grossa do Vigarista.

Luísa só conseguiu responder um “ uhum, e ai eu já tinha entendido tudo.

Eu sai dali indo pra cozinha junto dela.

- É ele! - Ela sussurrou afirmando e eu concordei.

Minha mãe havia posto a mesa toda já. Ajudamos ela a colocar os copos, pratos e talheres.

- E ai? É um velho? - Minha mãe perguntou.

- Quem dera se fosse! - Luísa respondeu.

*****

Durante o jantar, meu pai havia explicado como seria tudo isso. Parecia que meu pai e o pai de Vigarista era parceiros desde as antigas, e por isso ele quis dar uma força pro Vigarista, que logo fomos saber que o nome era Washington.

- Washington é só pros meus coroas, ninguém sabe, pra mim é um nome morto! - Vigarista disse no meio do jantar.

- To ligado, é igual o meu. Fábio mesmo é só quando a patroa tá bravona! - Meu pai disse e todos nós rimos.

- Mas aê, por que do apelido Fumaça? - Pedrinho perguntou.

Meu pai na mesma hora olhou pra minha mãe e riu pelo nariz.

- Mo história. Eu fumava pra cacete, Mariane me fez prometar que ia parar. - Meu pai disse.

- Ai ele começou a fumar cenoura, canudo de chocolate... - Minha mãe disse.

- Oloco, o vício nem era o cigarro e sim ter algum bagulho na tua boca. - Pedrinho disse rindo.

- Até era. Sinto falta, não vou mentir não. Mas o que eu não fosse por ela. Tava crítico o meu caso, meu pulmão tava comprometido mesmo. - Meu pai falou sério.

- Pulmão tava preto já? - Pedrinho perguntou e minha mãe caiu na gargalhada.

- Era o apelido dele. Até hoje é! - Ela comentou.

Nessa conversa toda eu via o Vigarista olhando de canto pra Luísa, ela comia quieta, só prestando atenção, mas sem ter contato visual com Vigarista.

Vai render isso ainda...


• aperta na estrelinha •

MUNDO MOnde histórias criam vida. Descubra agora