• Capitulo 39 •

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Maratona

Luísa

Já era sexta feira, eu tava nem querendo ir pra escola, tava me arrumando na força do ódio mesmo. Só fui por que depois de uns dois dias sem ver a Jana, ela disse que iria pra me contar o que tinha rolado.

Calcei o chinelo e sai de casa com o Vinícius reclamando na minha orelha. Chegamos na escola e eu fui direto pra sala de aula, Jana tava lá na mesma carteira de sempre. Eu me sentei do lado e suspirei.

- Fodeu muito pra ti lá na tua casa? - Perguntei.

- Fodeu demais, meu pai encheu meu saco até umas horas. Nunca fui tão xingada na minha vida. - Jana dizia rindo, mas dava pra ver a tristeza nos olhos dela. - Ele tá com o papo de me mudar de escola, quer me colocar lá no asfalto, por que ai ele me leva, me busca e é período integral né?! - Ela disse e eu revirei os olhos.

- Desculpa, mas teu pai acha que isso vai fazer tu parar de fazer as coisas? - Falei negando.

- Amanhã mesmo, a gente vai pro baile né?! - Jana disse e eu encarei ela.

- Olha o b.ozão que deu maluca, teu pai vai te espancar na próxima, acho melhor tu se aquietar por uns dias ai, ficar de boa e ai sim bater um papo com teu pai e tua mãe! - Falei.

- Não aguento ficar sem casa não. Se eles querem que eu seja do jeito deles, eles que tenha outro filho e moldam do jeito deles, comigo não é assim não, eu em! - Jana disse e eu suspirei ouvindo ela contar detalhadamente da briga do pai dela.

*****

Quando deu o horário de ir embora, eu vazei junto da Samira, a gente não falou nada uma pra outra, só fomos embora juntas mesmo. O Vinícius nem pra escola entrou, foi matar aula na casa de uma menina ai.

Chegamos em casa e nada da minha mãe ali, certeza que tinha ido fazer as unhas ou a sobrancelha. Eu fui direto pro banho, fiquei por uns dez minutos na água gelada até ouvir uma bateção na porta.

- Luísa, sai daí caralho! - Ouvi a voz de Samira.

Eu desliguei o chuveiro e bufei.

Tem o outro banheiro, não sei por que tá batendo aqui.

Me vesti e enrolei meu cabelo na toalha, fui saindo do banheiro e comecei a ouvir uns berros, eu encarei Samira e ela tava com a maior cara de nervosa.

- Karine tá ai na frente falando que tu é talarica por sentar no Vigarista! - Samira disse.

Era só o que faltava.

Fui em direção da porta e abri vendo Karine berrando e Pedrinho xingando ela. Eu sai de casa e parei na frente dela.

- Dá pra parar de berrar caralho? Tá achando que tá aonde? - Falei brava.

- Tu é uma safada, se fez de minha amiga pra sentar pro meu marido! - Karine dizia cutucando meu peito.

Afastei a mão dela de mim e neguei.

- Nunca nem fui tua amiga, e nunca nem sentei pra macho alheio, a vergonha na cara eu tenho, você pelo visto não tem! - Falei.

- Karine para de caô, quando Vigarista voltar ele vai ficar bravo contigo. Ele não gosta desses bagulho não! - Pedrinho dizia tentando puxar ela.

- Cadê teu pai pra ele saber da escrota que tu é?! - Karine disse gritando.

Olhei pros lados e via umas três pessoas olhando.

- Ih garota, sai daqui, se quiser gritar, vai gritar na porta da tua casa. - Samira disse puxando a Karine. - Se alguém te deve satisfações é o Vigarista e não ela! - Ela disse soltando a Karine.

- Tu é farinha do mesmo saco que ela. Fácil né? Sentar pra homem dos outros! - Karine disse.

- Tive a oportunidade e não sentei. Agora sai daqui, tu acha que berrando aqui vai mudar em que? Se tu quiser perrecar por qualquer outra coisa beleza, mas não vem latir pra cá não por causa de macho! - Falei e me virei.

Só senti aquele puxão no cabelo. Eu virei com tudo acertando um murro na cara dela. Ela soltou o meu cabelo e cambaleou me encarando feio. Pedrinho foi puxando ele na maior força pra baixo enquanto ela berrava que eu era vagabunda.

Eu sou a vagabunda, mas o presente de Deus é o perfeito né?!

• aperta na estrelinha •

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