Maratona
Luísa
07 de outubro de 2018 - Domingo 📌
Entrei em casa recebendo o maior silêncio. Eu fui direto pro meu quarto deixando as minhas coisas ali. Quando eu sai do quarto e fui pra sala, vi meu pai sentado no sofá com a cabeça baixa, e com as mãos na cabeça enquanto respirava ofegante.
- Tá tudo bem pai? - Perguntei quebrando aquele silêncio de casa.
Ele levantou o olhar me encarando e suspirou fundo.
- Senta ai... - Ele disse baixo.
Eu me sentei esperando ele falar. Ele ficou me encarando e negando com a cabeça.
- O que é em? - Perguntei.
Ele passou a mão no rosto, fechou os olhos e me chamou com a mão pra sentar do lado dele. Eu me levantei, me sentei no mesmo sofá e encarei meu pai que tava nervoso.
Ele segurou firme minha mão enquanto olhava meus olhos.
- Luísa, eu nunca vou entender o por que de certas coisas acontecerem... Eu questiono a vida todos os dias, e nunca tenho uma resposta... Eu realmente não sei nada da vida, mas eu sei que eu nunca vou abandonar vocês, nem tua mãe, nem teus irmãos, e nem você... Por mais difícil que seja as coisas, eu e tua mãe sempre vai tá contigo, independente de qualquer bagulho... - Meu pai dizia com lágrimas nos olhos. - Eu sinto muito Luísa... - Ele disse fechando os olhos e colocando a não no rosto.
Eu fiquei encarando ele com o coração disparado.
- Pai... - Eu sussurrei baixo com a voz falhada.
Ele levantou o olhar, ele estava com os olhos vermelhos, havia uma lágrima caída em seu rosto.
- Washington não aguentou... - Meu pai disse baixo.
Eu sentia meu coração acelerado, eu comecei a tremer e a sentir o meu peito se rasgar. Eu me levantei negando sentindo meus olhos serem inundados pelas minhas lágrimas.
- Não... Não pai, não fala isso, por favor, fala que é mentira pai! - Falei com a voz falhada.
Eu sentia aquela dor no peito.
Meu pai se levantou vindo até a mim e me abraçando forte. Eu desabei, eu chorei igual uma criança ali.
Pra mim tudo tinha acabado, eu sentia um vazio dentro de mim, eu me sentei no sofá e comecei a chorar alto. E só percebi que minha mãe e meus irmãos estavam ali na sala também, depois de muito tempo. Eu tive um ataque de pânico, eu tava desesperada, eu chorava e tremia sem parar, eu tava sem fôlego, meu coração batendo acelerado, e a única coisa que eu queria ouvir era que tinha sido um engano, que tinha sido uma brincadeira de muito mal gosto. Mas não, ninguém abriu a boca, apenas minha mãe que me abraçou forte sussurrando que ia ficar tudo bem.
Mas infelizmente já não tava tudo bem.
Perdi o amor da minha vida...
*****
Eu tomei uma banho com a ajuda da Samira, ela me trocou com uma camiseta do próprio Washington, uma calça e meu tênis. Eu fui direto pro carro. De casa ao cemitério foi aterrorizante aquela sensação de que quem iria morrer ali era eu. Quando chegamos, eu ainda sentia aquela esperança de não ser ele e tudo ali ser um engano.
Eu vi todo mundo ali, a mãe dele estava chorando abraçada com uma outra mulher, ela chorava alto enquanto perguntava o por que ela teve que perder o outro filho dela.
Eu me afastei de todos, me sentei em um banco olhando todos ao meu redor. De longe avistei o Pedro...
Pedro... Que dor em...
Ele me encarou de longe e se levantou com a cara toda vermelha de tanto chorar. Ele veio em minha direção e se sentou do meu lado.
Ficamos uns cinco minutos em silêncio ali.
- Tu já entrou? - Pedro perguntou com a voz embargada.
- Não... E você? - Perguntei baixo olhando pro nada.
- Não... Tô sem coragem... - Pedro disse.
- Eu também... - Murmurei olhando pro céu.
Pedro pegou na minha mão e me encarou sério.
- Valeu por ter feito o Washington feliz, tu foi muito bacana sempre com ele. E ele te amou de verdade, eu sou prova disso... - Pedro disse.
- Eu sei... - Murmurei com os olhos cheios de lágrimas. - Ele te tinha como filho Pedro, ele só confiava em você... - Falei limpando as lágrimas.
Pedro me abraçou forte chorando no meu ombro. Ele se afastou e se levantou indo pra dentro do velório.
Eu fiquei ali um bom tempo. Via todos me olharem enquanto falavam algo. Quando eu tomei coragem, eu me levantei e fui até a mãe dele. Ela tava sentada, quando me viu, ela negava com a cabeça.
- Luísa, fala pra mim o por que ele? Washington não, eu perdi o Leo, e agora ele... Eu não tenho forças Luísa, eu perdi meus meninos... - A mãe dele dizia chorando.
Eu me desmontei ali com ela, eu chorava tanto enquanto estava abraçada com ela. Ele puxou meu rosto.
- Luísa, obrigada por fazer o meu menino feliz. Ele nunca foi apaixonado por ninguém como ele foi por você. Você foi especial pra ele, e é pra mim. Ele te amava muito, já não existia Washington sem Luísa, você coloriu a vida dele, desde que o Leo foi, ele não era o mesmo, e você trouxe o meu antigo Washington... Obrigada! - Ela disse me abraçando de volta.
Eu não tinha palavras, só sabia chorar. Quando eu me afastei e fui indo pra sala do velório, Pedro tava encostado na parede.
- Tu vai entrar? Não tive coragem de olhar, entrei e sai... - Pedro disse.
- Vamos comigo Pedro... - Falei estendendo a mão.
Pedro pegou na minha mão e fomos caminhando até o caixão do Washington. Quando olhei, senti minhas pernas bambearem, ali eu tive certeza de que era ele... O meu amor havia ido mesmo, ele me deixou sozinha aqui.
Eu larguei a mão do Pedro e fui até ele, eu tirei o véu e beijei a testa.
- Eu te amo tanto... Por que me deixou aqui sozinha? - Sussurrei gaguejando. - Minha estrelinha... - Falei passando a mão no rosto dele. - Pra sempre eu vou te amar! - Sussurrei acariciando o rosto dele.
• aperta na estrelinha •
( NÃO É O FIM,)
Hoje faz três anos que perdi Miquéias, e aonde quer que ele esteja, pra sempre vou te amar meu amor! 🌟
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MUNDO M
RomanceEra uma vez não se encaixa com todas as histórias... Aliás, o era uma vez se encaixa apenas em histórias com finais felizes fictícios, mas e o meu que foi real? Será que se encaixa? BASEADO EM FATOS REAIS! SEGUNDA TEMPORADA DE "...