• Capitulo 98 •

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Maratona

Luísa

Eu ainda pedia pra Deus que tudo aquilo fosse uma mentira, que fosse um pesadelo e que logo eu acordaria.

Eu olhava todas aquelas pessoas que estavam no velório e só pensava o quão seria difícil daquele dia em diante viver sem o Washington. Havia muita gente ali, a maioria chorava. Depois que eu havia saído da sala aonde ele tava sendo velado, eu voltei ao banco aonde eu estava sentada. Eu não queria ninguém ali comigo no momento, e todos haviam entendido isso, eu ainda tentava raciocinar o que tava rolando, como aquilo havia acontecido, e como eu havia perdido o Washington pra sempre...

Encarei mais afastado Pedro e uma garota grávida conversando enquanto me olhavam, eu virei o rosto encarando o céu e logo senti um pingo cai bem na minha testa.

Realmente estava um tempo bem feio...

Sai dos meus pensamentos quando vi aquela mesma garota sentar do meu lado. Eu encarei ela rapidamente e pude ver que ela devia ter seus vinte e poucos anos. Pele morena, cabelo liso, e com os braços cheios de tatuagens.

- Você que é a famosa Luísa então? - A voz dela saiu enquanto a gente se encarava.

- É... - Sussurrei.

Ela estendeu a mão pra mim.

- Péssimo momento pra gente se conhecer... Eu sou a Maiara. - Ela disse.

Eu fechei os olhos suspirando, nada tava fácil pra mim. Eu abri meus olhos estendendo a mão a ela também. Demos um breve aperto de mão e logo afastamos nossas mãos novamente.

- Péssimo mesmo! - Falei virando o rosto e encarando aqueles pessoais que entravam na sala em que Washington estava sendo velado.

- Imagino que Vigarista falou sobre eu pra você... Por que ele disse muito de você pra mim! - Maiara disse. - Tu teve a sorte que nem eu e nem nenhuma menina teve. Tu teve o amor dele, tu teve ele realmente pra você! - Ela dizia.

- Por que tá dizendo isso? - Perguntei engolindo o choro que já tava vindo.

- Vigarista nunca amou ninguém... Eu só fui uma companheira pra ele, nada demais... Já você, foi diferente, quando ele veio falar que não queria mais nada comigo que tava apaixonado por outra, eu me assustei por que todo o tempo que eu estive com ele, ele nunca me olhou do jeito que ele me olhou quando estava falando de ti gata. - Maiara dizia. - Quando falei que eu tava grávida, ele deu o maior suporte, não deixou de pagar nada, sempre me fortaleceu mesmo de longe, e quando ele ia pra São Paulo, ele ia comigo nos pré natais que davam... - Ela disse com a voz embargada.

Eu sentia as lágrimas caírem, meu peito doía tanto.

- Eu amo tanto ele, que eu não sei como vou viver sem ele... - Sussurrei enquanto chorava.

Maiara me abraçou de lado.

- Vigarista te amou muito, saiba disso Luísa, ele ia largar o corre por você, ele largou a cocaína por você, coisa que ele nunca fez quando eu pedia... - Ela disse. - Eu amo muito o Vigarista também, mas eu sei que ele nunca me amou como amou você. Você sim foi importante pra ele, e mesmo assim eu fico feliz que você tenha feito ele feliz. O Vigarista ficou diferente depois que ficou contigo, a luz dele tava diferente, até parecia que era na época em que o irmão dele tava vivo! - Ela disse.

- Obrigado Maiara... - Falei. - Eu espero que você fique bem também... Que teu bebê nasça com saúde... Washington tinha sonho de ser pai! - Falei passando a mão na barriga dela.

Ela tava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

- Luísa, você foi o amor da vida do Washington. Washington teve duas pessoas importantes na vida dele, o irmão dele e você! - Maiara disse.

Eu não consegui falar nada, apenas concordei chorando ali. Ela saiu de perto me deixando sozinha enquanto eu chorava sem parar sentindo aquela dor que não tinha fim.

******

Quando ele foi enterrado, ai mesmo que eu cai no desespero. Eu fiquei mais uns quinze minutos do lado do túmulo chorando e pedindo pra que ele voltasse. Todos já haviam ido embora, e só estavam os pessoais lá de casa, e o Pedro.

Pedro chegou perto de mim, se abaixou e pegou na minha mão.

- Luísa, a gente precisa ir... - Pedro sussurrou bem baixo.

Eu encarei ele que estava com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu não quero deixar o Washington sozinho aqui... - Falei soluçando de tanto chorar.

- Ele não tá sozinho... Ele tá com o Leo agora... - Ele disse me levantando e me abraçando. - Washington não ia querer te ver assim! - Ele sussurrou no meu ouvido.

Eu fui pra casa o caminho todo ainda anestesiada, eu sentia a pior dor do mundo, a dor de ter perdido a pessoa que você mais amava.

• aperta na estrelinha •

Últimos capítulos.

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