• Capitulo 52 •

3.4K 386 109
                                    

Luísa

Segunda feira, Março de 2018

Cheguei em casa cansadona, já fazia uma semana que nem via Vigarista, não apareceu mais. Eu cheguei até a ficar pensando nele nos dois primeiros dias, mas ai coloquei na cabeça que eu não podia me apaixonar não, ainda mais por ele.

Quem sabe sabe, traiu a Karine comigo, tu acha que não iria me trair com outra?

Além do mais que a gente só transa, sem nada sério, o problema é o gostoso que ele é, não dá, fode com o psicólogo de qualquer um, sem maldade mesmo.

Almocei, troquei de roupa e fui tomar aquele sol na laje, Samira descoloria os pelos enquanto eu me deitava naquela toalha.

- Aê, vi teu macho hoje, ele tá com o pai agora de pouco! - Samira disse.

- Qual macho? - Perguntei.

- Vigarista, a cara de bravo como sempre... - Samira disse. - Tu curte ele ou a foda dele? - Ela perguntou e eu encarei ela.

- Sei lá Samira, tô tentando nem ficar pensando muito pra não dar merda. A gente nem tá se vendo desde aquele dia, eu acho até melhor sabe? Apaixonar não é uma das coisas que tô querendo por agora! - Falei.

- É, mas ai que é o problema, no coração a gente não manda! - Samira disse e eu não disse nada.

Isso que é foda.

Algum bagulho nele me atraía, eu não sei se era o jeitão, mas me deixava meio prendida, querendo mais e mais...

******

Já era tardezinha, eu assistia um desenho na tv quando meu celular começou a tocar sem parar. Eu olhei e vi um número desconhecido.

Deve ser cadeieiro lá de sp.

Parou de tocar, não demorou nada e começou a tocar de novo.

Cadeieiro insistente.

Ligação 📞

- Quem é? - Perguntei.

- Luísaaaa! - Reconheci a voz de Jana de começo.

- Caralho Jana, achei que era da cadeia... Mas e ai? Como tu tá em? - Perguntei.

- Eu acho que tô grávida. Meu Deus o que eu fiz? - Jana dizia no maior desespero.

Grávida?

- Tá maluca Jana? Como assim? Fez teste? - Perguntei.

- Não Luísa, eu tô ficando louca já, já tá atrasado a dias... - Ela disse. - Tô aqui no trabalho sem pique nenhum, eu pedi pra sair mais cedo hoje! - Ela disse com voz de choro.

- Aonde você tá? - Perguntei.

- No trabalho, eu vou sair... - Ela dizia.

- Seguinte, vem pra cá Jana, eu vou comprar um teste e a gente se encontra no pé da favela. - Falei.

- Obrigada Lu! - Ouvi a voz trêmula da Jana.

Ligação 📞

Me levantei e fui direto pegar dinheiro, me troquei com uma roupa mais decente e sai de casa indo pra farmácia. Peguei aquele de fitinha mesmo.

Eu em, eu que não ia pagar aquele lá que quase mostra o sexo da criança.

Fui pro caixa pagar e...

- Ê Luísa! - Ouço um berro alto. Olhei pro lado e vi Pedrinho vindo. - E ai cunhada, sumiu em... - Ele disse beijando minha cabeça.

- É então né... - Falei.

- O teste é dez reais... - A atendente falou colocando na sacola.

Pedrinho olhou pra mim, pra sacola e pra moça.

- Tu tá prenha Luísa? - Ele perguntou tacando a mão na boca.

Eu paguei a moça e fui saindo.

- Não tenho tempo pra bater papo Pedro, depois a gente conversa! - Falei descendo a rua rápido.

Fiquei esperando por uns dez minutos a Jana, logo ela chegou com a cara toda vermelha de tanto chorar.

- Ai Luísa, eu sempre faço merda meu... - Ela dizia no maior chororô.

Eu abracei ela de lado e fui subindo até em casa com ela. Nenhuma palavra que eu falei pra tentar consolar ela adiantou, parece até que deixou mais nervosa a coitada.

Chegamos em casa indo direto pro banheiro, eu entrei com ela e fiquei de costas esperando ela fazer o xixi no potinho, ela fez e colocou o palito na urina.

Na mesma hora apareceu um risco forte vermelho, não demorou muito e apareceu um bem fraquinho. Ela me encarou e eu encarei ela sabendo da merda que tinha acontecido.

- Positivo né? - Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.

Ai ela começou a chorar muito, ela se abaixou no chão e ficou chorando por pelo menos cinco minutos sem parar.

Eu abaixei a ela e acariciei a cabeça dela.

- Jana, calma... - Falei sem jeito. - Vai dar tudo certo, eu tô contigo... - Falei vendo ela me olhar.

- Eu sou nova Luísa! - Ela disse.

- Eu sei, mas agora já foi Jana, não tem o que fazer... Vem vamos! - Falei levantando ela.

Joguei fora as coisas, só deixei o teste mesmo com a Jana. Levei ela pro meu quarto e ela só sabia chorar.

- Eu fui burra demais em transar sem camisinha, que raiva, justo agora! - Ela dizia brava chorando.

- Calma Jana, não fique se culpando, já foi. Olha, eu tô aqui pra qualquer coisa, eu já te disse que te arrumo uma casa aqui. E acredito que o Alê vai adorar ter um filho, por mais que não foi planejado... Vai dar tudo certo, respira fundo, a vida não pode parar Jana, você precisa passar mais esse obstáculo! - Falei e ela concordou enxugando as lágrimas.

Ela se levantou e suspirou.

- Acho melhor eu ir falar com o Alê... - Ela disse.

- Eu te acompanho. - Falei e ela concordou.

Saímos de casa já no final da tarde, fomos direto pra aonde ele ficava, ela entrou e eu fiquei na parte de fora vendo o movimento. Eu me sentei em um banco que tinha ali e comecei a ver cada pessoa passando ali. Logo avisto Vigarista vindo, quando ele me viu, mudou até a direção, veio direto em mim, eu bem virei o rosto.

- Aê, que papo é esse de tu tá prenha? - Vigarista perguntou.

Pedro, eu te mato.

• aperta na estrelinha •

MUNDO MOnde histórias criam vida. Descubra agora