• Capitulo 67 •

3.4K 383 128
                                    

Luísa

Minha mãe só rezou o tempo todo. Vinícius jogava um jogo de futebol no celular, e eu, Samira e Letícia falava do boy novo da Letícia.

- Vai casar com ele Lê? - Samira perguntou e ela logo negou.

- Não caso mais na minha vida e nem coloco mais homem dentro de casa! - Letícia disse.

- Tá certa viu, hoje em dia não dá pra confiar em ninguém! - Falei e ela concordou.

Ouvimos os foguetes e a minha mãe foi correndo abrir a porta. Ela pegou o celular e foi ligando pro meu pai.

- Finalmente, tô numa larica do cacete! - Vinícius dizia saindo dali.

- Fábio, tá tudo bem? Pelo amor de Deus me responde! - Minha mãe disse. Meu pai falou algo que não deu para entender e ela logo abaixou na parede suspirando. - Tá, mas vem logo! - Minha mãe disse.

Leticia logo foi pegando o celular da mão da minha mãe.

- Ô pulmão convertido, cadê o Caveira? A gente não tem mais nada, mas eu me preocupo né... - Letícia perguntou.

- Ih ainda ama ele! - Samira disse saindo dali.

Eu sai dali e fui direto pegando meu celular, enchi de mensagens o WhatsApp do Vigarista e nada dele ver, só deu um risco...

Eu comecei a ligar mas ele não atendia.

Washington não faz isso comigo, me atende por favor...

Nada dele me atender, eu deixei meu celular e fui pra cozinha vendo minha mãe esquentando a comida.

- Ele não vai vir embora? - Samira perguntou.

- Teu pai já disse que só vem a noite com o Vigarista, diz ele que vai passar comprar umas pizzas e trazer... - Minha mãe dizia. - Teu pai é assim, sempre tem festa pra ele! - Minha mãe disse fritando uns filés de frango.

Samira me olhou e fez uma cara de safada, ela chegou perto e me deu um tapa na bunda.

- Conquistou o coração do sogro! - Samira sussurrou no meu ouvido.

*****

O dia todo nervosa passei, mesmo sabendo que ele tava bem, eu queria mesmo era ver ele pra eu poder ficar tranquila. Quando Samira me avisou que ele chegou, eu sai do banho rapidinho, corri me vestir no quarto. Eu sai do quarto e fui direto pra sala, vi ele de costas sentado, ele tava sozinho enquanto olhava o WhatsApp, logo pude ver que era o meu chat.

Eu fui caminhando e logo ele se virou me olhando.

- Tá tudo bem? - Perguntei.

- Tá, e aí? - Ele perguntou e eu concordei sentindo o maior alívio.

- Quer água? - Perguntei e ele negou.

- Quero tu... - Ele disse baixo rindo de lado.

- E ai Vigarista, fala aê pra minha menor que tu me salvou hoje... - Meu pai apareceu me dando um beijo na cabeça e sentando no sofá.

Ai todo mundo que tava na cozinha veio pra sala. Minha mãe, Samira, Letícia, Caveira e Vinicius.

- Não fiz mais que a minha obrigação Fumaça, qual é, eu não podia deixar ninguém matar os teus e muito menos tu... - Vigarista disse.

- Mas ai, tenho só gratidão Washington, tive certeza que tu tem postura sim pra comandar uma favela toda! - Meu pai disse.

-Que isso Fumaça, ainda não chegou a hora, tenho que aprender muito contigo... - Vigarista disse.

Ficou o maior silêncio.

- Aê, bora comer, tô a base de água e bolacha cream cracker. - Caveira disse.

- Por isso que tá só o Esqueleto! - Minha mãe disse.

- Aê, tu me respeite Marilda, tua acha que eu sou a largatixa da Letícia pra tu tá falando assim?! - Caveira disse no maior deboche.

Letícia deu uns tapas nele.

- Me respeite Caveira, tu acha que sou tuas negas?! - Letícia disse.

- Tu sabe que ainda amo tu Letícia, nem vem em! - Caveira disse.

- Aturar a Leticia, tu é guerreiro em! - Meu pai disse se levantando e indo pra cozinha.

- Guerreiro mesmo é teu pulmão que ainda nem sei como ele ainda consegue fazer o processo da sua respiração, pulmão pifado! - Letícia disse.

Foram todos pra sala. Vigarista se levantou e eu abracei ele.

- Ei... Luísa! - Ouvi a voz da minha mãe.

Eu olhei pra trás me afastando.

- Só vim agradecer ele! - Falei e ela foi até ele abraçando também.

Fomos pra cozinha comer pizza, mas o que tava parecendo ali era uma feira. Letícia e Caveira discutindo relação, mas na verdade dava pra ver que os dois se amavam. Minha mãe e meu pai estavam abraçados conversando baixinho, Vinícius batia o maior papo com o Vigarista que nem prestava atenção nele, ele me encarava na cara dura.

Logo aparece Pedrinho.

- Me chamaram eu vim, comida de graça! - Pedrinho disse pegando a pizza.

*****

Era umas meia noite quando todo mundo foi embora.

Aliás, nem todo mundo, Pedrinho e Vigarista fizeram aquele mesmo esquema de sempre, pularam o muro e entraram pela janela.

Tranquei a porta como sempre e vi ele chegar perto de mim me segurando firme.

- Fica comigo Luísa, eu tive a certeza hoje que eu não posso tá postergando um bagulho que eu tenho medo... - Ele disse.

- Medo por que? - Perguntei.

O pior de tudo é que eu tentei não te amar, e vejo que isso você também tentou. Acho que estava escrito em nossos destinos, tinha que acontecer.

- Tu nunca irá entender meu mundo, Luísa! - Vigarista disse acariciando o meu rosto.

- O que adianta se meu mundo é você, Washington! - Falei encarando seus olhos que brilhavam.

O meu erro, ou até mesmo acerto, foi te amar demais, o amor que eu senti chegou a doer e sangrar em meu peito, talvez agora sim eu pude entender o verdadeiro significado do amor da minha vida.

- A minha vida é toda errada e cheia de perigo. - Vigarista disse.

- Eu passaria por qualquer perigo pra estar contigo. - Falei.

Senti o abraço dele e suspirei sentindo alívio em estar aos braços do meu amor...

• aperta na estrelinha •

MUNDO MOnde histórias criam vida. Descubra agora