• Capitulo 70 •

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Luísa

Vigarista vazou pra São Paulo no outro dia já. Disse que era negócio sério e que ele tinha que ir resolver. Não abri minha boca pra reclamar.

Ele mandava mensagem toda hora, e quando não mandava, ligava perguntando se tava tudo bem ou se eu estava brava.

Brava pelo o que?

Coloquei meu celular no modo avião e fiquei encarando os meninos jogarem bola. Samira tava no maior beijo com Pedrinho. Cheguei a viajar pensando nas coisas.

Sai dos pensamentos depois que ouvi meu nome, eu olhei pra trás e vi o Lelê vindo. Ele se sentou perto, mas ao mesmo tempo meio longe.

- E aí? Tá de boa? - Ele perguntou.

- Eu tô e você? - Perguntei.

- Tamo indo né... - Ele disse. - Vai ter uma socialzinha lá em casa amanhã por causa do meu aniversário... É pra tu ir... Leva tua irmã! - Ele disse.

Eu nem dei orelha, ele saiu de perto e quando virei a cabeça olhando pra Samira e Pedrinho, os dois me olhavam.

- O que é em? - Perguntei.

- Se Vigarista fica sabendo... - Pedrinho disse.

- Deixa de ser boca larga, o menino veio chamar pro aniversário dele. Inclusive Samira, ele te convidou também! - Falei.

- Ih, que papo é esse... Não curti essa caminhada não! - Pedrinho disse.

- E desde quando tu tem que gostar de algo? Não vejo problema algum de ir... - Samira respondeu.

Pedrinho ficou lá no maior bate boca com ela.

******

Dia seguinte...

Tava aquele fervo na saída da escola, Samira segurava minha mão enquanto eu ia empurrando geral ali.

Quando finalmente eu consegui sair daquela multidão, eu senti um puxão.

- Ei caramba! - Falei puxando meu braço.

- Aê, cês vão ir né?!- Lelê perguntou.

- Se ela for, eu vou! - Samira disse se referindo a mim.

- Qual é em? Vai deixar de ir mesmo? É bagulho de boa, nada de droga e perreco! - Lelê disse.

- Não sei... Talvez quem sabe! - Respondi.

Ele concordou me encarando de cima a baixo.

- Saudade em! - Ele disse.

Eu neguei virando o rosto parando o olhar no Vigarista. Ele vinha na maior pressa, ele parou na frente do Lelê e cruzou os braços.

- Tu tem amnésia? Qual foi o papo que eu mandei pra ti caralho? Tu é burro ou se faz? - Vigarista dizia.

Certeza que o Pedro contou sobre ontem e ele veio por ciúmes.

Vigarista tava lá há dois dias, era pra ficar mais dois...

- Qual é Vigarista, tava do batendo um papo saudável. - Lelê disse.

- Papo saudável o caralho, tu acha que eu sou cego? Olha o jeito que tu olha pra minha mulher caralho. Tu tá mexendo vom bagulho errado, tu tá sendo avisado, na próxima tu mãe vai te achar num iml vagabundo! - Vigarista disse.

Eu puxei na mesma hora o Vigarista.

Já tinha uma rodinha em volta da gente.

- Para, ele não disse nada de mal! - Falei tentando puxar o Vigarista.

E quem disse que eu conseguia?

Eu com meus 1.60, e o Vigarista com seus 1.80.

- Tu ainda defende esse arrombado! - Ele dizia indignado.

Eu empurrei ele com tudo.

- Para com esse show caralho, se eu quisesse ficar com ele, eu tinha escolhido ele, que inferno! - Falei alto me afastando dele e indo embora.

E quem disse que ele deixou?

Vigarista me levou até a casa dele, e só no meio do caminho eu percebi que ele havia cheirado.

Eu entrei e ele já foi destruindo tudo ali. Tudo que era de vidro ele quebrou, ele berrava, mas eu nem entendia nada. Depois daquele show dele, ele voltou pra sala me encarando.

- Prefiro ficar sozinha do que ter que aguentar um drogado assim. - Falei brava. - Para de estragar tudo porra, olha a tua casa, olha a ameaça de hoje, que ciúmes ridículo Washington, tu acha o que? Que eu vou sentar pra ele? Caralho, se eu quisesse, eu teria te deixado já. Que merda, você não entende que eu amo você! - Falei alto.

- Tu acha que não deu pra ouvir o “saudade em”?- Vigarista disse. - Assim não dá, isso me deixa cheio de ódio. - Ele disse.

- Tu confia tanto em mim, que acha que eu vou acabar esfregando a minha buceta nele! - Falei. - É, tá tão preocupado que eu devia mesmo fazer isso! - Falei brava.

Pra quê fui falar isso...

Ele jogou com tudo um vaso que tinha ali. E veio pra perto, os olhos dele estavam vermelhos, eu não abaixei a cabeça em nenhum minuto, eu sustentei meu olhar ao dele.

- Minha vontade é de te bater! - Ele disse fechando os olhos.

- Bate! - Falei. - Mais bate com força! - Falei encarando ele.

- Eu não consigo, não é de mim isso. Que ódio, sinto ódio nesses bagulhos que tu me disse! - Ele disse. - Problema não é tu não, é a maldade que ele tem em você! - Ele disse.

Eu me afastei.

- Eu achei que você ia ser diferente... Ai na primeira oportunidade fala que quer me bater, tu é maluco? Se realmente o problema não fosse eu, você não taria se importando, tu devia parar de achar que se ele me quiser, eu vou correndo dar. - Falei. - Não chega mais perto de mim, eu tô sentindo nojo de você, não quero nenhum drogado comigo, não quero que acabe com a minha vida, como você acabou agora com o meu psicológico! - Falei brava abrindo a porta e saindo rápido dali.

Eu fervia de raiva, meu peito estava rasgado, eu sentia vontade de chorar, mas prometi não derramar nenhuma lágrima por ele...

aperta na estrelinha •

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