• Capitulo 7 •

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Luísa

Sexta-feira

Tinha feito o maior esquema pra dormir na casa da Jana. Ela morava na dionéia, isso me fazia querer ir pro samba no bar do Arlindo, que era perto da casa dela.

Jana era da igreja, aliás, os pais dela. Era aqueles pais meio rígidos, não deixava ela fazer umas par de coisa, o que me deixava indignada, até por que o que ele não deixavam, ela fazia escondido, o que era pior.

Toda vez que eu ia dormir lá, era a mesma coisa de sempre, esperava os pais dela dormir. Se arrumava e saia pela janela, nunca tinha dado merda. Mas uma coisa eu pensava...

Uma hora a merda vai dar e vai ser grande.

Já devia ser por volta das dez e meia da noite, estávamos indo pro bar até ouvir um assobio, eu olhei pra trás vendo um dos caras com arma, eu não conseguia enxergar, mas sabia que era alguém que trabalhava pro meu pai.

Eu só não curtia ir pra dionéia por conta dos caras que tinha lá, era tenso...

Continuamos andando até eu ouvir.

- E ai cu! - Ouvi um berro.

Olhei pra trás e vi Pedrinho.

- Nhada! - Ele terminou de falar quando parou do meu lado.

- Já tá assim? - Perguntando debochando.

- To de brinks pô, relaxa ai! - Ele disse. - Mas aê, cadê tua irmã? Nem se trombamos mais! - Ele disse.

- Tá em casa lá, ela não quis vir junto. - Respondi e ele assentiu.

- Tão indo pro Arlindo? - Ele perguntou e eu concordei. - Bora lá, vou tomar umazinha só, só pra começar o fim de semana leve! - Ele disse se escorando em mim.

Nem me conhece e já vem se encostando.

Pensa, parecia um papagaio, não parou de falar um minuto, ele ficava até sem ar de tanto falar. Em uma semana ali na rocinha, ele sabia a vida de todo mundo. Quem tava traindo quem, quem era o tiozinho evangélico mas que vivia marolando...

- Não tava sabendo que tu mudou de profissão, invés de traficante, agora é olheiro da vida dos outros! - Falei e vi ele gargalhar mo alto.

Eu não aguento.

Demorou nada pra gente chegar no bar, que por sinal tava lotado...

- Vou chegar ali no Vigarista, depois venho ai! - Pedrinho comentou ainda rindo e saiu.

- Cara chapadão! - Jana disse.

- Demais, e olha que ele tava sem usar droga nenhuma! - Falei indo até o balcão.

Eu pedi uma garrafa e dois copos, não tinha lugar ali, então eu paguei e fui pro outro lado me sentando em uma escadinha da casa de alguém.

- Ele que ficou com a Samira? - Jana perguntou.

- Foi, tinha que ver o enrosco que tava no banheiro. Se meu pai visse aquilo, certeza que o pulmão parava de vez! - Falei gargalhando junto de Jana.

Demos o primeiro gole e eu suspirei.

- E aquele carinha que tu me disse? Ele é daqui né? - Jana perguntou e eu concordei.

- Nossa Jana, eu não me arrependo sabe? Até por que eu não sabia, to ligada que foi erro meu não perguntar se ele era solteiro ou não, mas ele foi o mais errado de não ter postura! - Falei vendo Pedrinho se achegar mais perto.

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