• Capitulo 21 •

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Luísa

Fiquei pouco tempo ali no baile, não tava bom pra mim. Eu sai dali e fui descendo até aonde o Amadeu tinha a barraca dele de podrão.

Porra, lotadão de catupiry.

Geralmente todo ano novo ele trabalhava mas pra minha tristeza aquele ano ele não tava ali. E ele estava certo, tinha que passar com a família dele.

Eu desci mais pra baixo e fui pro campinho, acho que era um ótimo lugar pra pensar na vida, de madrugada ninguém ficava ali. Me sentei no banco e fiquei encarando o céu cheio de estrelas.

Eu só queria paz nesse ano que chegou, nada mais e nada menos.

Ouvi um barulho e me virei com tudo vendo Vigarista chegando perto e sentando um pouco afastado de mim. Eu virei o olhar e continuei olhando pro céu.

Samira me magoou, de verdade...

Toda vez que o Ian ia vir, eu ainda tinha a esperança que Samira não me deixasse de lado, mas sempre era a mesma coisa. Me afetava, eu e ela sempre fomos muito grudadas, sempre foi a pessoa que eu mais confiei, sempre fomos muito parceiras em fazer merda...

Mas pra mim tinha acabado aquilo.

O Ian iria embora só depois do meu aniversário, que aliás, já estava chegando. Eu fazia aniversário dia vinte de janeiro.

Infelizmente eu teria que aturar.

Sentia meus olhos se encherem de lágrimas, eu era muito sensível quando o assunto era se afastar de pessoas que eu realmente me importava. Mas infelizmente, nem todos se importa com a gente.

- Ô caralho, tô falando contigo! - Ouvi a voz e logo senti um empurrãozinho.

Eu olhei pro lado e Vigarista me encarava sério.

- Que foi? - Perguntei.

- Tu tá aê chorando, qual que é a fita? - Vigarista perguntou acendendo um cigarro.

Eu suspirei sentindo as lágrimas cair e fechei os olhos.

- Eu me importo muito com os outros, mas nem todo mundo se preocupa comigo, que ódio! - Falei encarando ele.

Ele soltou toda fumaça na minha cara.

- Pô, que foda em... - Ele disse. - Nem liga não, tu devia parar mesmo de ligar, tu ficar chorando ai não adianta não, papo reto mesmo, se eu fosse tu eu nem tchum pros pé rapado que não liga pra mim. Se eu tiver de carro e a pessoa na caminhada, eu passo por cima, dou ré, e passo por cima de novo! - Vigarista disse olhando reto.

- Porra, mas é minha irmã! - Falei.

- Ah, ai o bagulho é foda... - Ele disse.

- Que raiva, é sempre essa porra, ela me deixa de lado, nem conversa comigo quando o Ian vem pra cá, ai quando ele vaza, ela volta como se nada tivesse acontecido! - Reclamei.

- E tu volta a falar com ela ainda? Desculpa aê, mas tu é trouxa, se fosse eu, eu judiava, gosto dessas parada não. Eu fazia o mesmo, até pior. Bagulho chatão cara! - Ele disse se levantando.

- Ela é minha irmã... Não consigo, mas eu já falei pra mim, de hoje em diante eu não quero mais papo pra ela, ela só vem atrás quando o filho da puta do Ian não tá aqui! - Falei bufando fechando o punho.

- Aê, respira fundo... - Ele disse. - Tu tá nervosona, quer comer um podrão não? - Vigarista perguntou.

Eu encarei ele e ele arqueou a sobrancelha.

- Essas horas? Tá tudo fechado! - Falei. - Eu nem devia tá aqui falando contigo! - Falei me levantando.

- Sai pra lá ingrata, porra, tô aqui oferecendo comida pra tu não ficar esquentando com a tranqueira da tua irmã e tu manda essa. - Ele disse negando.

Olha quem fala, o que não queria aceitar a minha comida.

- Tu paga? - Perguntei e ele revirou os olhos.

- Se eu perguntei e por que eu pago! - Ele disse pegando o celular dele e começando a digitar.

Tem que fazer algo de bom mesmo...

aperta na estrelinha •

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