• Capitulo 50 •

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Maratona

Luísa

Vigarista gozou e eu sai de cima vendo a camisinha com gozo. Eu me sentei no banco do carro ainda ofegante, olhei pro Vigarista e ele estava encostado com a cabeça no banco da frente.

Não sei quem foi que tomou o chá, eu e ele estávamos acabados.

Comecei a me vestir e Vigarista me encarou.

- Vai aonde? - Ele perguntou.

- Voltar né... - Respondi.

Ele começou a se vestir também, eu fui abrindo a porta e logo Vigarista puxou fechando, eu encarei ele.

- Pô, bora aproveitar essa noite só nóis dois, amanhã nóis vai tá agindo na maior ignorância um com o outro mesmo... - Vigarista disse acariciando meu cabelo.

Eu concordei com a cabeça chegando mais perto dele, Vigarista me puxou com tudo deitando no peito dele.

Tocava um rap bem baixo no rádio, ele fazia carinho em meu cabelo, eu fechei os olhos por alguns minutos e logo comecei a pensar na merda que ia dar.

Sem sentimentos...

Me afastei vendo ele me olhar, os olhos dele estavam murchos. Eu acariciei de leve o rosto dele, ele olhava cada movimento meu.

- É verdade? - Perguntei.

- O quê? - Aquela voz seca ecoou pelo carro.

- Que tu tem vontade de me beijar toda hora ou foi só o tesão mesmo que falou mais alto? - Perguntei.

Ele riu pelo nariz negando, ele virou o rosto e eu puxei de volta fazendo ele me encarar.

- Os dois! - Vigarista respondeu. - É o que? Vai querer interrogar cada palavra que já falei pra ti? - Ele perguntou.

- Hum, eu queria tirar algumas dúvidas sim! - Falei. - Tem ficha criminal? - Perguntei.

- Sabia não que tu é advogada... - Ele disse e eu fechei a cara. - Roubo, tráfico, estelionato e homicídio! - Ele dizia tranquilamente como se fosse contando o dia dele.

- Pagou na cadeia ou é fugitivo? - Perguntei.

- Paguei dois anos, ai eu vazei... - Ele disse na normalidade dele.

- Conheceu a Karine lá em São Paulo? - Perguntei e ele assentiu.

- Nem toque no nome dessa praga, maior b.o pra despachar ela pra cidade dela de volta! - Ele disse.

- É assim que você trata as mulheres? - Perguntei.

Ele revirou os olhos sem a maior paciência pra falar comigo, eu acho até que ele tinha se arrependido de falar pra gente ficar ali.

- Bora mudar de assunto, tu já fez pergunta demais! - Ele disse. - E tu e aquele morfético da rua três? Tão junto? - Ele perguntou me encarando enquanto bolava um ali na minha frente.

- Não conheço nenhum morfético da rua três. - Falei e ele me encarou de canto sério. - Tu acha mesmo que sou igual você, que tá com uma pessoa e tá dando pra outra? - Perguntei no maior deboche.

Ele acendeu o baseado e negou.

- Não curto aquele mané não Luísa, papo reto mesmo, mas ai a buceta é tua! - Vigarista disse.

Nem falei nada, virei o rosto encarando minhas mãos, o carro tava cheio de fumaça, parecia neblina.

- Tu vai acabar igual meu pai, tu fuma demais! - Reclamei.

- Único jeito de me acalmar! - Vigarista respondeu.

- Acalmar de que? - Perguntei.

- Das fitas que rodam na minha mente, só não cheiro aqui por que tu tá aqui! - Ele disse abrindo a janela e soltando a fumaça pra fora.

- Quer conversar? Eu não abro a boca, são escuto mesmo... - Falei.

- Não vou te encher com meus problemas não gata, na boa mesmo! - Ele disse jogando o baseado pra fora e fechando a janela de novo.

Eu subi em cima dele, ele segurou firme minhas coxas.

- Conta vai Washington! - Falei acariciando ele.

Ele fechou os olhos por alguns segundo sentindo meu toque. Ele abriu os olhos e suspirou fundo.

- Nem devia tá abrindo meu bico desses b.o aê, mas eu tô numa semana foda, fico atolado com as paradas lá da boca, mas minha mente tá longe pra caralho, isso fode com qualquer um. Canseira mental é pior do que a física! - Ele dizia sério. - Essa semana que tá pra vir é o aniversário do meu irmão. - Ele disse virando o rosto pra janela.

- Eu entendo... Mas que legal que é aniversário dele, ele vai vir pra cá? - Perguntei.

Vigarista ficou encarando a janela por um pequeno tempo e depois se virou pra mim. Eu pude ver seus olhos vermelhos, e nem pela maconha era, os olhos se encheram de lágrimas e eu só soube abraçar ele forte ali, não sabia qual era o motivo de estar chorando, mas pelo visto coisa boa não era.

Ficamos abraçados por um bom tempo, ele não disse nada, ele teve ter ficado chorando em silêncio enquanto eu estava abraçada e acariciando ele. Ele se afastou de mim e me encarou limpando o rosto.

- Perdi meu irmão faz dois anos Luísa, mataram ele pra atingir meu pai, Leonardo era novão... Pô, perdi um pedaço de mim, pior dor for perder ele e ver minha coroa se afundar, bagulho mexeu comigo, eu levo a vida do jeito que dá, por mim eu já tinha ido! - Vigarista dizia sério.

Eu limpei as lágrimas dele e acariciei seu rosto.

Senti ele respirar fundo, parecia que havia saído um peso dele.

- Sabe Washington, eu acredito que o mundo não merece muitas pessoas que estão nele... Teu irmão deve ter sido uma pessoa boa que não merecia esse mundo aqui, com toda certeza do mundo ele está lá em cima te guardando de todo mal. Você precisa ser firme, precisa levantar a tua mãe de volta, ela não pode perder mais um filho não! - Falei vendo ele passar as mãos no rosto.

- Eu prometi vingança Luísa, já faz dois anos e nada! - Ele disse e eu neguei.

- Não Washington, esquece, infelizmente não vai trazer o teu irmão de volta. Tu precisa voltar a tua vida meu bem... - Falei acariciando o rosto dele.

Vigarista me puxou me dando um selinho demorado.

Por trás da marra dele, tinha una história delicada...

- Quero vazar daqui! - Vigarista sussurrou me abraçando.

- Vamos embora. - Falei saindo do colo dele.

Vigarista concordou e foi abrindo a porta. Ele deu a volta e foi no banco de motorista, eu pulei o banco e fui no passageiro.

Ele saiu dali na maior tranquilidade, ele devia estar pensativo demais, eu relei na coxa dele e acariciei encarando ele me olhar de canto.

- Tu é pior que a cocaína! - Vigarista disse.

- Por que? - Perguntei e ele negou sem falar nada.

• aperta na estrelinha •

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