• Capitulo 31 •

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Luísa

Já fazia dois dias do meu aniversário, eu estava com a Jana no campinho e logo vi a Samira vir.

- Lá vem! - Falei revirando os olhos e encarando os meninos jogarem.

- Ela tá com uma cara de acabada! - Jana disse.

Ela foi direto no Pedrinho que beijava uma menina, ela ficou ali plantada enquanto ele e a menina se beijava. Ela saiu e logo ele se afastou da menina e veio pro meu lado.

- O que ela queria? - Perguntei.

- Sei lá, eu tava ocupado pra ouvir... - Ele disse.

-Ela já tá vindo com aquele jeito de arrependida, ela que enfie no cu. Pimenta no cu dos outros é refresco né?! - Falei e ele concordou.

- Mas ai, nem batemos um papo depois da tua festa, tu vazou pro te quarto. Aonde tu tava cara? - Pedrinho perguntou.

Sinal que Vigarista não disse nada...

- Fui andar um pouco, a Samira tinha me falado umas coisas que me deixou mais mal, mas tudo tranquilo! - Falei e ele concordou.

- Lu, preciso ir... Já já meus pais chegam e eu to aqui ainda... - Jana disse e eu me levantei.

- Vamos, eu te levo! - Falei e ela concordou.

Tinha uns caras na dionéia que ficava mexendo com as meninas. Eu preferi sempre levar ela lá, querendo ou não os pessoais sabia quem eu era. Eu preferia voltar sozinha, do que Deus me livre deixar ela ir sozinha e acabar acontecendo alguma coisa.

Mulher não tem sossego, infelizmente...

- Aê, tô vazando junto, Vigarista deve tá putão comigo, falei que só ia em casa e já voltava. Faz umas duas horas que tô aqui... - Padrinho dizia rindo.

Rindo de nervoso.

- Tu conhece ele faz tempo? - Jana perguntou e Pedrinho concordou.

- Desde os meus dez anos... O coroa dele comanda uma favela lá de São Paulo, minha véia foi pra lá e eu fui junto. Eu sempre trombava com ele na favela, ele tava indo pra boca e eu pra escola, ele sempre falava que era o caminho certo que eu tava fazendo. Papo que não cheguei nem nos quinze e já tava no crime... - Pedrinho disse. - Mas o Vigarista lutou pra caralho pra mim meter o pé dessa vida, tu tá ligada que só tem dois fim, ou a cadeia ou a morte! - Ele disse e eu já fui logo fazendo o sinal da cruz.

Sangue de Jesus tem poder, proteja meu pai e todos...

- Tu não pensa em sair não? - Perguntei.

- Tava batendo um papo com o Vigarista, pra mim sair dessa vida, eu tenho que ter um bagulho pra investir, não dá pra trampar pros outros não, não é vida pra mim! - Ele disse e eu concordei.

Depois disso ele ficou o caminho todo em silêncio fumando maconha. Jana começou a comentar sobre o cara que ela havia ficado, único problema é que ele não prestava.

Como sempre.

Chegamos na frente da casa da Jana e a gente se despediu. Ela entrou e Pedrinho foi me puxando.

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