• Capitulo 65 •

3.4K 389 106
                                    

Samira

Já era terça-feira, eu contava logo os minutos pra ir embora da escola. Eu tava na porta da sala com um menino que falava pra mim o quanto era importante a legalização da maconha. Eu nem dei orelha pra ele, ficou falando sozinho.

- Ei, não é teu pai ali! - Ouvi esse mesmo menino falar.

Olhei pro corredor e meu pai vinha na maior rapidez.

Oxe, nunca vem buscar...

- Bora, vaza rápido pra fora pra onde o Pedro tá! - Meu pai disse e entrou na sala.

Ah não...

Comecei a andar rápido, logo trombei com Vinicius que quando me viu pegou na minha mão e foi me puxando correndo até lá fora.

Eu encarei de longe o Pedro, a Luísa e mais uns soldados do meu pai ali parados.

- Não creio que é b.o desse...- Vinícius disse.

Eu fui chegando perto de Pedro.

- Entrem no carro! - Pedrinho disse sério.

O que tá rolando caralho?

- O que tá acontecendo? - Perguntei.

Ele me pegou pelo braço e colocou dentro do carro. Eu entrei sentindo aquele arrepio. Ele entrou no carro e logo vi aquele monte de gente sair correndo da escola. Pedrinho ligou o carro e acelerou indo direto em casa, ele não disse nada, Luísa mexia os pés, eu estava inquieta naquele carro.

Chegamos lá na frente de casa e Vinícius e Luísa desceram rápido entrando em casa. Pedrinho me olhou e apontou pra mim entrar também.

- Pedro pelo amor de Deus! - Falei e ele me puxou me dando um selinho.

Eu desci do carro correndo pra dentro de casa. Eu mal entrei e minha mãe já foi empurrando o armário que tinha ali na porta.

- Sentem ai! - Minha mãe disse.

A gente se sentou no sofá e ela suspirou. Logo Letícia aparece saindo da cozinha.

- Vão invadir a qualquer momento, faz anos que não invadem, então eu quero que vocês fiquem calmos, a gente vai pro meu quarto, a porta do banheiro de lado é mais forte. - Minha mãe dizia rápido.

Ela tava muito nervosa.

- Quem vai vir? A polícia? - Luísa perguntou e minha mãe negou.

- Não, é um maluco que tem briga com teu pai faz anos... Ele quer a favela pra ele... - Minha mãe disse.

- E como sabem? - Vinícius perguntou.

- Teu pai colocou informante lá... - Minha mãe disse. - Agora vão logo! - Ela disse


Fomos indo direto pro quarto da minha mãe. Luísa mexia no celular e dava pra ver que ela falava com o Vigarista.

- Tô lembrando aqui que teve esse mesmo papo há uns cinco anos atrás, cês lembram? - Vinícius perguntou.

Eu forcei minha mente e lembrei.

Há mais ou menos uns cinco anos atrás teve esse mesmo desespero, todos da favela tiveram que ficar por uma semana dentro de suas casas, ninguém entrava e nem saia. Teve a maior invasão que eu já vi, muitos morreram, meu pai chegou até a ser atingido, mas como meu pai fala...

Eu sou fumaça, eu saio pelos ventos.

- Acho que é o mesmo cara! - Respondi.

Luísa me puxou pra fora do quarto e eu encarei vendo minha mãe trancando as janelas da sala.

- Vigarista tá ali fora, enrola a mãe um pouco só, ele vai pular o muro e vir na janela do meu quarto, vai ser rápido Samira... - Luísa disse e eu assenti.

- Rápido e tranca a porta! - Falei indo até minha mãe enrolando ela e Letícia.

******

Luísa

Vigarista me encheu de mensagens, ele disse que estava do outro lado do muro de casa e que queria me dar um beijinho. Eu corri pra dentro do quarto e tranquei indo direto na janela abrindo.

Vi Vigarista vir correndo. Ele me puxou me dando um selinho demorado, ele segurou firme em meu rosto.

- Não sai daí por nada, tá ouvindo Luísa? - Ele disse e eu concordei. - Reza ai fazendo favor! - Ele disse me dando um beijo rapidamente.

- Washington, não fala assim, nossa eu tô toda angustiada... - Falei segurando firme o rosto dele. - Por favor, volta pra dormir comigo! - Falei sentindo o nó na garganta.

- Eu volto pra gente comer aquela esfiha que tu tá afim... - Ele disse e eu assenti rapidamente.

Ele beijou a minha testa e se afastou olhando nos meus olhos.

- Eu amo você Luísa! - Vigarista disse.

Meu coração disparou mais do que já tava disparado.

- Eu também te amo Washington, eu também! - Falei abraçando com ele com tudo.

Ouvi baterem na porta.

- Luísa, tá fazendo o que ai? Tá maluca é? Volta pro quarto! - Ouvi a voz da minha mãe.

Eu olhei pra ele e ele assentiu.

- Tô te esperando, se cuida... - Falei e ele assentiu correndo até o muro.

Ele pulou e eu corri fechar a janela...

Que nada de mal aconteça!

aperta na estrelinha •

Desejo uma excelente semana a todxs. ❤️

MUNDO MOnde histórias criam vida. Descubra agora