• Capitulo 27 •

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Maratona 1/3

Luísa

Dia do meu aniversário, eu estava zero animada, o Vinícius me acordou com uma música da Xuxa insuportável, era seis da manhã e aquele infeliz ligou o rádio no meu quarto.

- Vinícius tira essa porra inferno! - Berrei jogando o travesseiro nele.

Foi ai que parei pra perceber que era o Parabéns da Xuxa na versão funk.

- Bora lá caralho! - Vinícius dizia fazendo uns passinhos.

- Vinícius, eu vou te arrebentar se tu não sair daqui com essa merda! - Falei brava.

Ele aumentou mais ainda. Eu levantei com tudo e ele saiu correndo se trancando no quarto.

- Que porra de barulho é esse? - Ouvi a voz da minha mãe com a cara toda amassada e brava.

- O infeliz do Vinícius! - Falei desligando o rádio.

- Puta merda, não tenho sossego nem no sábado! - Minha mãe disse voltando pro quarto dela.

Eu voltei pra cama e não demorou muito até eu ouvi novamente. Eu me virei e Vinícius estava ali.

Que menino chato.

- Bora lá Luisão! - Meu irmão disse dançando funk igual as meninas.

Eu levantei e peguei meu chinelo. Quando eu ia bater nele ele me abraçou forte.

- Vamo lá, parabéns, parabéns, hoje é o seu dia, que dia mais feliz! - Vinicius dizia cantando.

- Viniciusssss! - Berrei e logo meu pai entrou no quarto com a maior cara feia do mundo.

Ele tirou da tomada e meu irmão encarou.

- Qual foi coroa, cadê o ânimo? - Vinícius disse me soltando.

- Tá na casa do caralho Vinícius, é hora pra tá fazendo barulho? Não tinha sido combinado mais tarde? Tá achando que aqui é bagunça? - Meu pai disse e eu sentia que meu sono tava indo embora.

- Oloco véio, cês são desanimados em! - Vinícius reclamou.

Meu pai negou e puxou nós dois ali. Eu tava do lado do Vinicius, enquanto ele batia a cintura na minha. Era uma coisa que a gente fazia na época da infância.

- Cês cresceram... - Meu pai disse encarando nós dois. - Que Deus abençoe sempre vocês, cês sabem que eu faço qualquer b.o por vocês, mato e morro se for o caso. Eu amo de verdade mesmo. - Meu pai disse beijando a minha testa e do Vinícius.

Ele abraçou a gente forte, a minha vontade era de não sair mais daquele abraço. Ele saiu do quarto levando junto o rádio e Vinícius me agarrou com tudo.

- Parabéns pra tu por ter a sorte de ter um irmão bonitão como eu. - Ele disse e eu soltei bafo na cara dele que logo me soltou.

- Olha, eu sei que a gente nunca foi próximos, e que se caso a outra voltar, você vai se afastar, mas queria falar que você é insuportável, mas eu gostei desses dias que a gente se deu bem! - Falei e ele concordou.

- Relaxa aê Luísa, por mais que a chatona seja tu, consigo relevar tu. Fiquei nove meses no mesmo bagulho que tu, eu aguento a vida toda! - Ele disse e saiu do quarto.

*****

Era meio dia e meio, eu estava almoçando quando o celular do Vinícius tocou, ele olhou e acabou rindo soltando todo arroz e feijão na mesa.

- Nojento! - Falei continuando comer.

Ele pegou o celular e atendeu colocando no viva-voz.

- Vinícius? - Ouvi a voz da Luísa do outro lado da linha.

- Alô, funerária só falta você?!- Vinícius disse ainda comendo.

Eu tampei a boca e comecei a rir.

- Vinícius, eu preciso que você avise ao pai que ele precisa me buscar na rodoviária. Ele não quer me atender! - Samira dizia na ligação.

- Oloco, cê tá aqui? Toma uma banho de descarrego antes! - Vinicius disse. - Tu quis ir, tu que se vire pra vir folgada. - Vinícius disse e desligou na cara dela.

- Não acredito que ela tá aqui. - Bufei.

- Não confia nela não Luísa, deu algum b.o lá, tu vai ver como ela vai vir. Ela que se foda, nunca curti mesmo! - Vinícius disse terminando de comer.

Eu fiquei ali comendo e sentindo aquelas milhões de coisas passando na minha cabeça. Eu tremia sentindo a raiva de lembrar daquele dia no ano novo. É fácil você falar uma coisa pra pessoa e depois ir pedir desculpas.

Quem bate esquece quem apanha nunca esquece.

Terminei de comer e vi Vinícius ir saindo mandando áudio pro meu pai dizendo sobre o churrasco. Minha mãe tinha ido fazer as unhas. E eu continuei em casa procurando alguma roupa pra usar ali de noite.

Eu e Vinicius tinha combinado de usar branco.

Frescura dele.

Comecei a procurar e logo minha mente viajou, eu realmente comecei a ter uma crise de ansiedade horrível. Eu já havia ido no psicólogo, mas nunca havia tido isso. Ele já havia me explicado, mas passar por aquilo foi terrível.

Eu tremia, meu coração estava acelerado, eu me sentei na cama e só sabia chorar enquanto eu estava tentando respirar normalmente. Fiquei assim por uns quinze minutos, foram os piores quinze minutos da minha vida.

Eu só me perguntava uma coisa:

Por que eu tive que vir pro mundo?

Era ridículo aqueles pensamentos, mas naquele momento eu me odiei como eu nunca havia odiado alguém. Aquilo se estabilizou e eu corri pro banheiro e entrei de baixo do chuveiro, foi ai que eu me desmanchei, eu estava a ponto de explodir a tempos, e justo no meu aniversário eu explodi, me deu um alívio tremendo em chorar. Eu sai daquele banho, me encarei no espelho e suspirei.

- De hoje em diante, ninguém pisa em ti, ninguém caga em você. Você não merece isso! - Sussurrei me olhando no espelho.

Eu abri a porta do banheiro e ouvi baterem na porta, eu fui até lá e quando abri...

aperta na estrelinha •

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