96

150 12 0
                                    

Eu estou estilhaçada. Me vejo fragmentada, em mil pedaços afiados, pontudos...

Me vejo em várias versões, autodestrutivas, parte de algo maior que todas elas.

Eu via muitas realidades, via muitas verdades...

a ponto de me perder no meio do meu próprio caos.


Coisas sobre o universo, sobre a vida, sobre as Dimensões...eu sentia no meu corpo cada uma delas.

Eu sabia demais.

Uma música martelava em minha cabeça...

-You can dance...-Sussurrei ainda de olhos fechados.- You can jive... -''Dançar'', a palavra ecoou na minha mente, qual foi a última vez que eu dancei? Uma lembrança da ultima festa que eu fui na universidade, onde eu beijei alguém na festa...

Não me lembrava quem era.

-Having the time of your life...- ''Aproveitando o melhor momento da sua vida''...era isso o que eu estava fazendo? Qual foi a última vez que eu vivi como uma adolescente normal?- See that girl...- ''veja essa garota'', eu me vejo.

-Watch that scene...- ''assista essa cena'' da minha vida desmoronando.

-Digging the dancing Queen...- ''Se divertindo como a rainha da dança.'' Rainha. Eu me tornei Rainha.

Eu abri os olhos e estava deitada, flutuando, entre a Émera e a Lux.

A Lux verifica quem é você, se é alguém não identificado ela te manda para a Émera e lá, ela se enche de líquido cósmico e aniquila o invasor. Se é alguém conhecido, como eu, a Lux se junta com a Émera se tornando uma só, é a união da dualidade, o encontro do bom e do mal. Ela mostra todas as Dimensões existentes em que ''eu'' já dominei. As Dimensões ficam em pequenas bolhas ao redor da Bolha em que estou, e uma se interliga na outra por um fio fino e prateado.

A Dimensão Negra era composta por outras Dimensões. Dormammu as dominava, mesmo sendo habitada, e se tornava mais forte. E agora eu conseguia entender o por quê ele tanto queria a dimensão da Terra 616.

Eu me levantei e notei que usava um vestido colado, preto com detalhes dourados. Ele tinha uma fenda bem grande, decote em 'V' quase até o umbigo. As mangas longas, com um corte no ombro e tinha renda. Era lindo.

Meus cabelos estavam metade prateado e metade azul escuro, o feitiço tinha sido rompido. Eles estavam grandes, passando do tórax. Deslizei a mão esquerda na parte prateada, estava macio, mas não tinha cheiro de nada. Com a mão direita, o cetro apareceu e virou uma adaga. Sem piedade passei a adaga cortando os meus longos fios na altura do pescoço e fiz o mesmo com o outro lado.


Abri um portal e passei da Bolha para a Constelação. Estava no precipício, a frente havia o trono de estrelas. De lá, conseguia ver os Sem-mente lutando com um grupo de intrusos, mas aquilo era o que menos importava agora. Eu caminhei lentamente em direção ao trono, era o que eu mais queria e agora era meu.

Como imã o trono me puxava, quando estava frente-a-frente com ele, eu respirei fundo, me virei e sentei. Fechei os olhos ao sentir o poder.

Era tudo meu.

-Eu acho que isso é seu, majestade.- Eu abri os olhos e vi Falcon segurando uma coroa.  Inclinei meu corpo e Falcon colocou a coroa em minha cabeça.

O chão tremeu, trovões caíram na terra roxa e todos se retraíram.

-Atenção a todos os seres da Dimensão Negra.- Minha voz ecoou por toda Constelação e por todas as Dimensões de meu domínio.- Eu sou Giennah, filha de Dormmamu. De agora em diante, eu sou a Rainha da Dimensão Negra. O trono é meu. Meu pai, Umar, Satannish, todos foram derrotados. Agora nasce uma nova era. Um novo recomeço, para todos.

Os Sem-mentes, que estavam lutando na parte de baixo, tinham sumido. Rapidamente me tele transportei para onde o grupo de invasores estavam.

-Deu certo!- Uma mulher falou, a de cabelo platinado, ela abraçou o mago comemorando.

-Ginnie!- O menino vestido de aranha sorriu pra mim. A mulher do cabelo platinado olhou para mim, e veio em minha direção. O cetro apareceu em minha mão, o transformei em uma lança e apontei para ela.

-Vocês não são bem-vindos aqui.- Eu falei firmemente.- Então vão embora, agora.

-Do que você está falando?- O menino aranha questionou confuso.

-Ela não se lembra.- O mago falou.- Ela consumiu Dormammu, foi muita coisa...

-Sou sua prima, a Clea, filha da Umar. Nós estamos do seu lado.- A tal Clea tentou explicar.

-Não interessa. Vocês não são daqui, vão embora ou não vão voltar nunca mais!

-Ginnie...-O menino tentou se aproximar. A lança se tornou um arco, mas em vez de só uma flecha, tinham três, cada uma mirada nos três invasores.

-É a última vez que eu peço.- Ameacei.

-Nós vamos, mas se você permitir, majestade, eu tenho um presente para lhe dar.- O mago falou e chegou mais perto.

-Para trás!- Ordenei. Mas aconteceu muito rápido, ele se dividiu em dois e o segundo mago me empurrou por trás. No momento em que meu corpo pendeu para frente, o mundo pareceu desacelerar. Eu flutuei no ar, olhei para trás e vi meu corpo e quando olhei para frente, vi Dormammu. Senti um calafrio e medo.

-Só vamos arrumar as coisas...

-Me faça voltar!- Eu o interrompi. O mago voltou para a minha frente e de alguma forma conseguiu pegar Dormammu flutuando no ar. Ele também conseguiu pegar o meu cetro, falou algumas palavras e fundiu Dormammu no cetro. Instantaneamente eu senti como se um peso enorme saísse de cima de mim. Eu respirei como se fosse a primeira vez na vida que eu fazia o ato. E eu fui puxada de volta para o meu corpo.

Fiquei tonta, meu estômago embrulhou...

-Tudo bem?- Quando a Clea perguntou, virei meu corpo, me curvei e vomitei.

-Pronto, talvez recupere a memória em alguns instantes.- Disse o homem, e eu vomitei de novo. Depois de mais duas vomitadas, eu parei e me levantei tentando recuperar minha dignidade.

-Aqui.- O mago ergueu meu cetro, eu estendi a mão e ele me deu.- Dormammu está preso ai agora. Tome cuidado.

The GIRL//PETER PARKEROnde histórias criam vida. Descubra agora