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Eu voltei para o refeitório como se nada tivesse acontecido e me sentei na mesma mesa que Josh estava.

-E a maçã?-Ele questionou vendo que eu não pegara a maçã.

-Eu esqueci em casa...

-Mas eu vi você guardando ela na mochila...

-Me dá um tempo.-Eu bufei e Lizie chegou com o lanche dela.

—Nesse final de semana eu e meus pais vamos para o lago, você quer vir?-Lizie contou, os pais dela tinham uma casa  no lago de Canandaigua, uma cidadezinha do interior de Nova York, ficava há cerca de 5 horas de carro daqui, eles me já me convidaram outras vezes, mas Sharoon não me deixava ir.

—Ah claro...-Exclamei- Mas você sabe que o difícil vai ser...

—Convencer a Sharoon e o Fred, eu sei-Revirou os olhos, ela já estava acostumada com os diversos convites rejeitados.

—Talvez não tanto.-Josh comentou e eu ri sarcasticamente.

—É você tem razão Josh, eles nem ligam para mim- Falei catando as migalhas de pão da mesa que Lizie deixava cair e colocando na bandeja.

—Você poderia morar comigo, temos um quarto de hóspedes Giennah...-Era a segunda vez que ela me fazia uma proposta dessas, o pior é que ela sabia de tudo o que eu passava naquela casa e tentava fazer eu me mudar para casa dela, como se fosse simples assim.

—De novo essa conversa Lizie?-Eu disse, Josh não opinava sobre eu sair de casa ou não, ele sabia o que eu passava dentro daquela casa então eu acho que ele ia querer me ver feliz em qualquer lugar.

—Ia ser incrível ter você como irmã, além disso meus pais te amam- Isso era verdade. Por mais que eu sonhasse em ter uma família que nem a da Lizie, não seria nada fácil sair de casa.

—Ah Lizie, você sabe que isso é difícil, acho que não vamos conseguir realizar seu sonho de eu morar com vocês, e também tem o Josh...- Ela bufou e ficou calada.

—Eu nada, você não é feliz na minha casa-Ele me encarou, e era verdade eu não era feliz naquela casa, mas não tinha nada que pudéssemos fazer para mudar a situação.

—Pelo menos vá jantar com a gente hoje?-Convidou novamente com os olhos pedintes.

—Tá bom-Ri e ela ficou animada.-E vamos de comer comida de gente uhul, desculpa Josh.

—Ah tudo bem, minha mãe passa longe de ser uma boa cozinheira.-Falou.

O intervalo acabou. Trocamos de sala para as próximas aulas, e quando finalmente as mesmas acabaram, eu voltei para casa com o Josh.




Quando nós chegamos no prédio, subimos as escadas e paramos no nosso andar. Destranquei a porta que era um pouco ruim de abrir por conta da bicicleta que ficava atrás dela.
Estava uma barulheira, Sharoon e Fred ensaiavam com a banda deles.

Passei reto por eles e fui direto deixar minhas coisas no quarto. Como estava sem fome resolvi tirar um cochilo para ver se o tempo passava mais rápido.

⏳⏳⏳

Acordei assustada e suada, havia tido um pesadelo horrível. Me sentei na cama procurando o ar que havia fugido e relembrei do meu sonho.

Eu estava presa em uma espécie de maca inclinada, não conseguia me mover. Estava com uma roupa de hospital e sem sapatos. Havia um enorme espelho que eu via meu corpo deitado.
Não tinha ninguém na sala que era decorada  com azulejos brancos nas paredes, alguns quebrados e sujos.
Havia apenas uma janela atrás da maca, eu via o reflexo dela no espelho. Era uma janela de observação que nem os interrogatórios policiais.
A janela era espelhada, não conseguia ver quem estava ali.

Estava tomando um soro, ou qualquer coisa que fosse, na veia dos dois braços.
Um alarme soou o que me deixou assustada, quando parou, o silêncio tomou conta da sala novamente.
Me olhei no espelho e algo começou a ser produzido no soro, era um líquido azul escuro.
Tentei me debater, mas era inútil. O líquido azul começou a passar pelos fios até entrar em contato com o meu sangue.
Algo dentro de mim começou a arder de leve.

Mas que merda estava acontecendo?

A ardência começou a se intensificar, até chegar no ponto em que eu gritava de dor.
Fechei os olhos esperando passar, e foi então que me olhei no espelho. Meu cabelo estava ficando branco, e meus olhos haviam mudado de cor, estavam lilás.

—PARA!-Gritei com lágrimas nos olhos sentindo minha corrente sanguínea pegar fogo.

Então eu acordei, me sentei na cama com a respiração ofegante, assustada olhei meu rosto no espelho perto do meu armário e minha aparência continuava a mesma.

The GIRL//PETER PARKEROnde histórias criam vida. Descubra agora