The GIRL//PETER PARKER

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Até os meus treze anos eu morei em um orfanato, e para falar a verdade viver no orfanato era muito melhor do que viver com meus pais adotivos. Meu nome é Giennah Collins, fui abandonada num Orfanato quando era  bebê, ou seja, eu não tenho nenhuma noção de quem são meus pais verdadeiros.

Viver no Orfanato era como se fosse a minha casa de verdade, já que eu cresci ali. Era um lugar muito antigo, haviam partes que realmente precisavam de uma reforma, mas o lugar nunca perdia o charme. Durante os finais de semana fazíamos alguma coisa para conseguir manter o lugar em pé, íamos nos sinais pedir algum dinheiro, fazíamos eventos beneficentes e assim nós andávamos.   

Eu me lembro de tudo, de todos os quartos, de cada pessoa que eu convivi e que foi embora. Lembro do formato do prédio que era retangular, cinza, acho que até amedrontava quem passava por perto. Era um prédio que parecia sem vida por fora, mas era o oposto por dentro. Por conta do estado do prédio, eu tenho uma teoria que eles forçaram a minha adoção para me tirar dali, porque uns meses depois que eu fui adotada, a prefeitura demoliu o prédio.

Então, em Nova York uma família me ''adotou'', passei a morar no distrito de Queens, em um  bairro chamado Astória, uma curiosidade sobre ele é que abriga muitos gregos. Vivemos em um apartamento nada luxuoso de classe média, muito descuidado e pequeno de três quartos. Por não me sentir bem-vinda na casa eu passo mais tempo no meu quarto do que em outro cômodo, assim eu consigo ter liberdade e evitar as inconveniências que vem de Sharoon e Fred. 

Meus pais adotivos se chamam Sharoon e Fred Collins, eles tem um filho chamado Josh que já me perturbou muito, hoje em dia ele anda mudando suas atitudes o que me causa, as vezes, uma certa desconfiança. Sharoon e Fred são totalmente problemáticos, possuem um  estilo alternativo, mas me tratam praticamente como uma empregada. O casal tem uma banda de rock chamada The Apart, eles se apresentam geralmente em alguns bares pelo Queens. A  música deles não é tão ruim, o que me deixa irritada é que eles tem que ensaiar todas as vezes no nosso apartamento. 

Meu nome é meio exótico, não? Na noite em que fui deixada no orfanato meu nome veio escrito num papelzinho, e é a única coisa que eu tenho dos meus pais, o meu nome. Pelo o que eu pesquisei, Giennah ou mais precisamente gienah, é a estrela mais brilhante da constelação de Corvi, sim meus pais foram bem criativos, por isso que nunca mudei meu nome, parece que foi algo especial e que foi bem pensado.    

Mas apesar de tudo isso, sempre senti que há algo a mais me esperando, é um sentimento que sempre correu em minhas veias...sabe um sentimento de se pertencer a outro lugar? Acho que ainda não encontrei.  E naquele apartamento era o último lugar que eu pretendia me encontrar. 

...

Eu estava no meu quarto como de costume quando Josh veio me avisar que o jantar estava pronto. Então mais uma vez eu me esforcei para ir jantar com a minha ''família''. A comida de Sharoon não era das melhores, sempre acontecia alguma coisa e ela queimava a comida, mas já Fred adorava a comida tostada da esposa. 

Me levantei do chão em que sentava enquanto lia um livro, dei uma arrumada no cabelo pois estava descabelada e mais uma vez fui enfrentar o jantar. Passei pelo corredor e cheguei na sala de jantar que era ao lado da sala de estar. 

Me sentei na cadeira da mesa, Josh sentou ao meu lado e observamos a comida naquela noite.

-Ham, acho que você deixou queimar o frango de novo, mãe.-Josh fez a observação e eu comecei a me servir, o melhor que eu podia fazer era comer sem reclamar.

-Mas você sempre gostou do frango assim- Sharoon sentou na cadeira também.- Deve ser essa garota que está fazendo a sua mente para você ficar contra nós! Contra seus próprios pais! -Ela me encarou fazendo o mesmo drama de sempre, e ainda sim, sem eu falar nada a culpa acabava sendo minha. 

-Ela não tem culpa, é só que você sempre queima alguma coisa...-Ele tentou explicar, mas Fred interrompeu com um pedaço de frango na mão.

-É isso, ou não vai comer nada, vocês que decidem.-Continuou a comer com gosto.

-Você deveria me agradecer.-Ela apontou a faca para mim.- Eu sei muito bem o que você está fazendo Giennah, tentando fazer a cabeça do meu filho?- Fred riu de forma sarcástica e começou a comer. 

-Mas eu não fiz nada. -Eu disse experimentando a comida que realmente estava muito ruim. 

-Sabe o que você pode fazer? Arrumar um emprego.-Sharoon mais uma vez sendo inconveniente, ela sempre fala essas coisas, que eu deveria me sustentar já que eu "reclamo" tanto e alieno o Josh.- É, isso mesmo, chega de sustentar menina ingrata...- Continuou e Fred continuou a rir, eu respirei fundo e tentei ignorar.

-Mas como vão contratar uma menina que não sabe fazer nada?-Fred perguntou para Sharoon como forma de fazer eu me sentir mal. Mas naquela época eu não me sentia mais mal, eu sentia raiva de tanto ter sido humilhada. Continuei comendo fingindo que eles não estavam falando de mim.- Ainda mais uma bastarda? - Enfatizou o 'bastarda' e foi quando eu comecei a ficar com uma raiva misturada com o cansaço de aguentar a mesma coisa todos os dias. Foi quando Fred pegou o copo para tomar do suco e eu comecei a forcar no mesmo, foi como se eu estivesse mandando energias para que o copo quebrasse. E o inesperado aconteceu, o copo se despedaçou nas mãos dele.

-Merd*!-Ele largou os cacos em cima na mesa, o sangue começou a escorrer vindo dos lábios e das mãos. Sharoon se levantou na mesma hora pegando um pano para tentar ajudar. 

-Droga Fred, vamos ter que ir no Hospital. O que deu em você de segurar o copo tão forte?-Ela foi correndo para o quarto.

-Josh, pega minha carteira.-Fred pediu para o filho enquanto ele tirava os cacos encravados nos dedos. Josh se levantou e foi fazer o que o pai pediu. E eu para não sobrar, apesar de star rindo mentalmente da situação, levantei também e comecei a retirar as coisas da mesa. 

-Eu não sei se nosso plano hospitalar vai cobrir, mas acho que não vão deixar sua mão infeccionar até ela cair, não é mesmo?. - Sharoon falou voltando para a sala com a sua bolsa, e logo em seguida os três saíram a caminho do hospital.  

Quando eles estavam indo para o hospital, eu comecei a arrumar a sala de jantar, levei todas as louças para a pia e comecei a lava-las. Enquanto isso eu pensava que deveria ter sido uma enorme coincidência, ou poderia ter sido o próprio carma.  Eu normalmente não sou de desejar o mal dos outros, mas daquele cara...eu esperava que ele se ferrasse muito ainda. 

Terminei de lavar as louças com o pensamento ainda bem distante, deixei tudo em seu lugar para não dar motivo para gritarem comigo e fui para o meu quarto, no outro dia eu tinha aula então não me atrevi a dormir tarde e nem cheguei a perceber quando eles chegaram em casa. 

🕷🕷🕷