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E então, o mago disse que minha memória voltaria instantaneamente...estou esperando, hoje faz um ano.

Sou rainha da Dimensão Negra e cumpro todas as funções possíveis do cargo. Eu tenho tudo, controlo tudo, mas ainda sim, me falta algo.

Sinto falta de algo. E esse algo se perdeu junto com minha memória. Não parecia incomodar tanto como agora.

Eu estava sentada na beira do precipício, admirando a estranha beleza da Constelação e pensando. Um pigarreio ecoou e tomei um susto.

-Perdão!- A voz conhecida falou na mesma hora, olhei para trás e era Falcon.

-Você é especialista em me assustar, não é?- Eu ri.- Qual Dimensão vamos dominar dessa vez?- Questionei voltando a olhar para o horizonte, Falcon estava inquieto, ansioso, ele queria me contar algo.

- Dimensão da Terra 616? O que você acha? Ela emana enegia...

-Não dominamos Dimensões que estão vivas, esqueceu?-O interrompi.

-É mesmo, majestade.

-Sem essa Falcon.-O repreendi e indiquei com a mão para que ele se sentasse ao meu lado e assim ele fez.- Não é sobre isso que você veio conversar, é?- Ele negou com a cabeça.

-Sua prima Clea quer falar com você. -Respondeu rapidamente, parecia que estava com medo da minha reação.

-Fala pra ela que não estou.

-Usamos essa desculpa da última vez, Gi.- Retrucou me olhando preocupado.- Ela disse que não vai embora até falar com você.

-Era só o que faltava, achei que tinha me livrado da família.- Bufei. Me coloquei de pé. O cetro apareceu em minha mão direita e rapidamente mudei minhas roupas para um longo vestido preto com um belo decote.

E me sentei no trono de estrelas que ficava a frente da caverna que tinha ali

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E me sentei no trono de estrelas que ficava a frente da caverna que tinha ali.

-Como estou?-Pedi à opinião do meu fiel escudeiro.

-Puro lacre...-Respondeu e eu arregalei os olhos.

-Onde você tá aprendendo isso?-Gargalhei.

-Ah, por ai. As pessoas andam falando.- Falcon disse por fim e eu pedi para que ele trouxesse a Clea que logo apareceu e ficou em minha frente. Ela me reverenciou...

-Diga. -Pulei os cumprimentos.

-Como você está linda. -Disse me elogiando.

-Você?-Enfatizei.- É assim que se trata uma rainha?-Zombei.

-Achei que podíamos pular a parte das formalidades já que somos primas...

-Vírgula, somos primas vírgula. Isso não muda nada.

-Certo, majestade. Vim aqui cobrar o que é meu por direito.- Ela parecia bem determinada, a menina do cabelo platinado que vestia uma roupa casual.

-O que que seria seu por direito?- Cruzei as pernas e semicerrei os olhos.

-A Dimensão Sombria. Não se lembra?- Ela cruzou os braços.

-Não, não me lembro. -Respondi fria, e era a verdade, eu não me lembrava de nada do meu passado. 

-Achávamos que tinha recuperado a memória...

-Não recuperei. Então você quer a Dimensão Sombria, por quê?-Estimulei ela a falar mais.

-É minha. Dormammu a deu para Umar, e consequentemente é minha herança. Era nosso combinado Ginnie...

Ginnie.
Eu senti um gosto salgado na boca...
Em seguida uma lembrança meio embaçada de água para todo lado surgiu, era o mar...
Ele segurava minha mão.
Ele me segurava firme para que as ondas não me levassem.

-Oi?- Clea me chamou de volta.- Eu iria ajudar você e você me passaria a Dimensão Sombria.

-É sua. -Falei e ela arregalou os olhos.

-É sério?- Ela sorriu de orelha a orelha e eu assenti. Foi um presente por ela ter me liberado uma memória.

-Obrigada, de verdade!

-Certo.- Falei e logo em seguida ela foi embora.

-Você deu a Dimensão Sombria assim, sem mais nem menos?-Falcon perguntou parecendo indignado.

-Tenho meu motivos, Falcon. De todo jeito, era dela. -Respondi desanimada.

-O que aconteceu?

-Nada, só preciso pensar.

✨✨✨

No dia seguinte, já no trono de estrelas...

-Eu vou sair por uns instantes. -Falei para Falcon.- Você está encarregado de cuidar das coisas por mim até eu voltar. -Ele não contestou, apenas afirmou e me deixou ir.

Eu pensei na Terra 616 e tentei me tele transportar, porém, algo deu errado.
Um enorme escudo, invisível, em volta da Terra me repeliu e eu acabei sendo arremessada pelo espaço.

Meu corpo girou pelo espaço, até eu conseguir parar e me recuperar. Eu não ia conseguir passar pelo escudo assim. Talvez se eu mudasse de forma...

Então, mentalizei a Clea e mudei minha forma ficando igual a ela.  Meu cabelo estava completamente cinza e as roupas estavam que nem as dela, uma blusa de frio verde escura, um short preto e tênis brancos. Roupas de quem vai dominar o universo, provavelmente.  Tentei me tele transportar novamente e tinha dado certo. Eu estava no meio da Times Square, literalmente. No meio da avenida, apenas escutei o som da buzina e no meio segundo depois, não vi mais nada. 


Depois de um tempo, eu voltei a tona. Estava deitada em uma cama extremamente confortável, mexi os dedos e senti os lençóis macios entre os meus dedos. Com dificuldade, tentei abrir os olhos e minha cabeça doeu com a claridade. Levei os dedos nos olhos para ajudar bloqueando a claridade que estava em excesso. Consegui abrir os olhos completamente e eu estava em um quarto, mas não era de hospital. Ao meu lado direito havia uma janela enorme a onde conseguia ver um prédio bem grande ao lado, e lá embaixo, estava o trânsito bem movimentado. Lembrei do disfarce, olhei minhas mãos e peguei nos cabelos que e ainda estavam completamente cinzas, eu ainda era a Clea e suspirei aliviada. 

Mas onde estava? 

Sentei na cama e coloquei os pés no carpete. Me levantei e caminhei em direção a porta saindo do quarto em seguida. Escutei um grunhido vido do meu lado direito...

-Não precisava levantar.- O homem disse, estava sentado em uma poltrona do lado da janela que dava para o outro prédio. Ele tinha uma barba bem feita, cabelos castanhos, provavelmente acima dos quarenta anos.- Como se sente?- Perguntou com um olhar preocupado e se levantou para me analisar. 

-Estou bem. Agradeço pela hospitalidade, mas preciso ir embora.- Eu disse friamente virando o corpo para a porta mais próxima. 

-Espera.- Pediu e me voltei para ele que estava com uma das mãos no bolso. Quando tirou estava com algo e segurou na minha altura,  era um colar prateado e nele tinha um pingente de olho grego. 

Frio, sentia frio. 

Era dezembro, no natal.

''....Impiedoso rei dos mares, a origem te chama, epsilon cygni.'' Ecoou na minha mente.

Escutava músicas natalinas, sentia a neve cair na minha pele, risadas... eu deslizava no gelo, ele me ajudava...

Depois a memória corta e estou entrando em um prédio enorme em busca da ajuda de alguém. Eu dei o colar para outra pessoa...

Tony, ele era Tony Stark.

Ele sabia.

-Como vai você, Giennah?- Ele sorriu simpático. 

The GIRL//PETER PARKEROnde histórias criam vida. Descubra agora