Capítulo 70 :

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Os dias se arrastaram lentamente e Carla não sabia mais o que fazer para ocupar seu tempo e não cair na tentação de ir atrás de Arthur, mesmo sem passaporte. Tentou falar com a Sarah, mas foi informada que a loira viajou com Viana para Londres. Se fosse urgente mesmo ela teria ligado novamente.

Falava com Arthur de noite e sabia que ele estava bem, mas ficava sempre paranoica pensando nele com outras mulheres. Por mais que eles tivessem combinado que não ficariam com outras pessoas, era difícil acreditar que Arthur Picoli estava viajando e dispensando todas as mulheres que se jogavam em cima dele.

O final de semana chegou para a alegria de Carla que não aguentava mais aquela semana tão tumultuada. No sábado pela manhã, ela levantou às sete da manhã, para seu total espanto e vendo o dia lindo que estava lá fora, resolveu que iria caminhar pelo bairro. Vestiu uma roupa de corrida, calçou seus tênis e se mandou para a rua, se dando conta que só estava fazendo aquilo pensando em Arthur e o quanto seria surpreendente para ele saber que ela conseguia acompanhar aquele ritmo frenético dele. Após dez minutos correndo sem parar, se deu conta que faltava muito, mas prometeu que treinaria bastante para atingir seu objetivo.

Aproveitou para passar na padaria e comer um croissant com um cappuccino que ela adorava, para logo voltar para casa agora caminhando em um ritmo mais acelerado. No caminho de volta para casa, se deu conta do quanto estava mudando por Arthur. Quando em um sábado acordaria para correr em nome de sua preparação física para algum dia quem sabe acompanhá-lo. Fora as corridas, no kart e tudo que estava mudando em seu comportamento, recusando aquelas habituais propostas de revistas masculinas e ensaios mais sensuais, tudo em nome dele.

Não fazia tanto tempo que conheceu Arthur, menos de dois meses em suas contas, mas todas as mudanças que ele estava fazendo com ela eram realmente admiráveis. Principalmente a de não ir mais à balada e consequentemente se ver livre das olheiras. Deu um sorriso se dando conta do quanto sentia falta dele e quando se deu por si, já estava entrando em casa.

Helena: Você correndo de manhã? — torceu o nariz, assim que viu a neta entrando na cozinha e pegando a jarra de água na geladeira.

Carla: Ando comendo demais. — explicou com a mão em sua barriga inexistente.

Helena: Suas irmãs já estão chegando com o resto da família. Vá tomar banho, trocar de roupa.

Carla: Eu mereço senhor, eu mereço! — gargalhou e foi para o banheiro tomar banho, estava quase terminando o banho quando ouviu gritos lá embaixo.

Sentia falta de sua família, a maioria morava no interior de São Paulo e ficava longe para ficar visitando quando quisesse. Saiu do banho e começou a secar o cabelo, enquanto as vozes no andar de baixo se intensificavam ainda mais. Vasculhou seu guarda roupa e acabou optando por um macaquinho vermelho, calçou uma rasteira branca e começou a se maquiar.

Terminou de se arrumar e desceu para o primeiro andar já vendo as pessoas andando de um lado para o outro em sua casa. Mirou as pessoas sentadas na sala de estar e antes de poder identificar quem estava ali e quem estava faltando de sua família ouviu dois gritos finos e dois furacões vindo para cima dela e a apertando em um abraço coletivo esmagador.

Bianca: Maninha! — gritou mais uma vez. Carla tentou tomar fôlego para falar, mas estava meio difícil quando se está no meio de duas mulheres com muitos centímetros a mais que ela na altura.

Lara: Como você cresceu... — olhou para Carla, que batia em seu ombro. — Não vamos exagerar... Como você está linda! — sorriu para Carla que revirou os olhos.

Lara e Bianca! As irmãs por parte de pai mais adoráveis do planeta. Eram filhas do primeiro casamento de Carlos, a mãe delas morreu no parto de Bianca e logo depois Carlos casou-se com Mara, que criou as meninas como se fossem suas filhas. Lara tem trinta e dois anos, é casada há bastante tempo e tem um casal de gêmeos, Gabriela e Miguel, de cinco anos de idade. Bianca tem vinte e sete e está com o casamento marcado para o final do ano, apesar de já ter uma filha linda de um ano e nove meses, Isabella, ou melhor, Bella como todos a chamam. Lara casou-se e foi morar em Uruguai cidade natal do pai, foi morar com o marido e os filhos e alguns anos depois Bianca foi cursar a faculdade na mesma cidade e de lá nunca mais saiu. Sempre se deu bem com as irmãs, por ser a caçula sempre teve mais privilégios, mas isso nunca atrapalhou seu relacionamento com as irmãs.

Carla: Que saudades de vocês duas! — sorriu para as irmãs praticamente idênticas. Se pareciam em tudo, rosto, cabelo e corpo.

As duas abraçaram Carla ainda mais forte, amavam-na de todo o coração. Carla para elas sempre foi a boneca que poderiam brincar, maquiar, pentear e vestir. A viram crescer, tornar-se uma mulher. Sempre foram muito interligadas, daquelas irmãs que nunca existem segredos entre elas. E é assim até hoje... Bom, não da parte de Carla é claro.

Isabella: Tita! — uma coisinha minúscula agarrou a perna de Carla e repetia aquela palavrinha mil vezes enquanto Carla não olhava para ela.

Carla olhou para baixo e viu a sobrinha que da última vez que a viu nem sabia falar ainda. Ajoelhou-se no chão e abraçou a menina dos cabelos castanhos que ainda repetia "Tita" sem parar. Seu sorriso se tornou maior ao ver o quanto estava grande, com os cabelos batendo nos ombros e aqueles olhos pidões cor de jabuticaba ainda mais encantadores.

Carla: Meu bebê! Como você está linda. — beijou a bochecha gordinha da menina.

Isabella: Tita Cala. — abraçou Carla e ficou brincando com os cabelos da tia. — Tita a mamita comprou uma hada igual a sua para a Bella. — disse empolgada e fazendo um esforço para falar tudo certinho. Carla sorriu para a menina e a abraçou novamente.

Miguel: Tia Carlinha! — chegou gritando e correndo no meio da sala. Antes de Carla pensar alguma coisa Miguel se atirou em cima dela e quase caiu no chão com Bella e tudo.

Isabella: Miguel machucou Bella, Tita. — disse fazendo beicinho e olhou feio para Miguel.

Carla: Miguel. — colocou Bella no chão e abraçou o menino sorridente dos cachinhos ruivos naturais mais encantadores que ela já tinha visto, herdados do pai.

Miguel: Tia eu estava com saudades! — sorriu para Carla que lhe deu um beijo na bochecha.

Isabella: Tita não gosta de Bella. — fez biquinho e todos começaram a rir. Carla abraçou Miguel e Bella ao mesmo tempo e começou a encher os dois de beijos.

Gabriela: Ninguém gosta de mim. Sou a rejeitada dessa família. — entrou na sala fazendo drama. Carla riu e puxou a menina para o abraço, agora além de encher os três de beijos — Tia faz tempo que a gente não se vê. — abraçou Carla que sorriu. — Posso brincar com aquela sua boneca?

Carla: Pode. — revirou os olhos ao se dar conta da bagunça que viraria seu quarto.

Isabella: Bella também quer. — olhou para Gabriela que pegou a menininha no colo.

Carla: Só quero que tomem cuidado, ok?

Gabriela: Ok! — subiu para o quarto de Carla junto de Bella para brincarem com as milhares de bonecas presentes no quarto de Carla.

Miguel: Tia depois quer jogar futebol comigo?

Carla: Claro bebê. Deixa só eu falar com as outras pessoas, ok?

Miguel: Ok. — saiu correndo para o jardim da casa.

Carla sorriu e foi para a cozinha onde provavelmente a ala feminina de sua família estava. Adorava e ao mesmo tempo odiava as reuniões familiares. Adorava porque revia suas irmãs, sobrinhos, primos e tias queridas. Era a oportunidade de juntar a família de seu pai com a de sua mãe. Tudo bem, a família materna tinha duas tias, uma delas não a suportava por motivos que não vem ao caso, um tio e três primos ao total, um desses que também não vale a pena ser lembrado. Já a de seu pai era enorme. Não tinha mais avós paternos, mas a família já falava por si. Na cozinha estava uma pequena multidão de mulheres preparando um lanche antes do almoço.

Carla: Bom dia! — cumprimentou as pessoas.

Foi falando com cada uma delas, a maioria tias ou primas mais velha. Olhou em volta para checar se Kelly, a tia que não se dá bem estava presente, agradeceu aos céus por não estar. Não estava com a mínima vontade de ter que aguenta-lá falando de sua vida, de seu filho, de suas dores ou fazendo especulações sobre sua vida.

Bianca a chamou para ir ao jardim onde os homens da família iriam começar a assar as carnes para o churrasco. Ela segurava uma bacia de carne e a deixou sobre a mesa onde Theo, seu futuro marido e Paolo, marido de Lara, se preparavam para começar a assar as carnes. Bianca puxou Carla para a beira da piscina, ela vestia por debaixo do vestido branco de malha um biquíni para entrar na piscina mais tarde. Sentaram com os pés na água uma do lado da outra.

Bianca: Então... Cadê ele? — olhou para Carla sorrindo. Carla por sua vez começou a engasgar ouvindo as gargalhadas mais altas de Bianca.

Carla: Como?

Bianca: Você sabe do que estou falando. — deu um sorriso malicioso e continuou com sua investigação. — Não era você que não suportava corridas?

Carla: Bianca... — começou a ficar vermelha, talvez de vergonha ou por algum outro motivo que não soube explicar naquele momento.

Bianca: Ele vai vir? — continuou mirando Carla que estava com vontade de se afogar na piscina.

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