Capítulo 49 :

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Na manhã seguinte Carla teve que trabalhar em uma sessão de fotos e gravação de um comercial para uma campanha de moda praia da Roberto Cavalli em um parque aquático em uma cidade afastada do centro do Rio de Janeiro. Fazia um sol infernal e Carla sentia vontade cada vez que olhava para aquela piscina de se jogar para tentar se refrescar um pouco, isso porque não era nem meio dia ainda, mas podia ser pior, ao menos estava de biquíni e com Sarah e mais duas modelos da elite e outras que ainda não conhecia, era uma grande campanha, com belíssimas mulheres fazendo foto debaixo da água e posando aos arredores da piscina.

E ela estava ali, após a primeira bateria de fotos debaixo de um coqueiro com seu celular na mão, era assim que estava desde o dia anterior, não desgrudando dele com medo de Arthur ligar e ela não ouvir. Sentia-se uma psicótica daquele modo, mas tinha necessidade de ouvir a voz de Arthur e saber se ele estava bem mesmo após aquela corrida de louco.

A conversa de Sarah e Luan ao seu lado lhe deixava ainda mais deprimida por saber que ele tinha chegado ao Brasil há duas horas e após um banho a primeira coisa que fez foi ligar para Sarah, o que fez ela ficar mais mole que pudim por ele. Em sua cabeça a única pergunta era: Porque Diabos Arthur não fazia a mesma coisa?

Carla: Pergunta do Arthur. — cutucou Sarah que apenas assentiu. Podia ser loucura e estupidez, mas ele estava no mesmo lugar, logo ele devia saber ao menos uma coisa dele.

Sarah: Lú, a Carlinha está perguntando do Arthur. — fez uma careta estranha por estar falando aquilo para Luan. — Sabe de alguma coisa?

Luan: Eu? Saber dele? Haha, até parece! Fala para sua amiga que ele deve estar bem, chorando pelos cantos como sempre faz por ter perdido a corrida. — a risada irônica dele ecoou pelo viva voz e imediatamente Sarah olhou para Carla que chegou a ficar vermelha de raiva, respirou três vezes a fim de amenizar sua raiva mas foi quase automática arrancar o celular da mão de Sarah a fim de falar algumas verdades para aquele imbecil.

Sarah: Não Carla! — gritou assustada com o que a Carla estava prestes a fazer, conhecia ela muito bem e quando estava com raiva, não media suas palavras.

Carla: Olha aqui seu... Idiota! Querido, morda sua língua antes de falar do Arthur! Pode me dizer quem ganhou três campeonatos mundiais? Ow, foi ele! E você? Pode me dizer? Não, não deixa que eu mesma falo! Nenhum! Nada! Zero! Então fofo, não é por causa de uma corrida que ele vai chorar, entendeu? Ele é muito mais do que você que não passa de um ser insignificante apenas com um carrinho bom. — arregalou os olhos depois de perceber tudo o que tinha falado para ele.

Olhou para o lado e viu a cara feia de Sarah. Luan do outro lado da linha estava sem palavras com a reação de Carla, nunca viu alguém defender nenhuma pessoa assim, não sabia nem escolher as palavras para retrucar, mas sabia que havia alguma coisa que a faria ficar louca.

Luan: Esse Arthur cada dia mais iludindo menininhas feito você não é? Acorda garota, fica ai defendendo ele enquanto o gostosão pega todas nas viagens. Ou vai me dizer que ele não te contou da festinha da Ferrari? Acorda Carla, você é apenas o lanchinho entre as corridas. — ao final abriu um sorriso vitorioso ao ver que ela ficou em silêncio.

Carla não sabia nem o que falar, apenas olhou para Sarah com os olhos cheios de lágrimas.

Sarah: Me dá meu celular! — tirou o celular da mão de Carla e após falar um 'Depois eu te ligo' para Luan, desligou. Carla olhou para ela com um olhar de medo, sabia que Sarah tinha ficado chateada. — Olha Carla, você não precisava ter descido tão baixo. O que você fez foi tão... Tão infantil e bruto que não parecia ser você. Não sei se você sabe, mas o Luan é importante para mim e se você não aceita isso só porque seu namoradinho é inimigo dele, sinto muito querida. Nossa amizade acaba bem aqui. — foi firme em sua fala e teve que ser forte para segurar o choro.

Não podia acreditar que uma amizade de tantos anos com Carla estava quase acabando por uma idiotice, uma briga que nem era das duas. Porém, gostava muito de Luan para deixar Carla falar aquelas coisas para ele só porque queria defender Arthur.

Carla: Sarah... Não acredito que está fazendo isso! Você não ouviu o que ele disse para mim?

Sarah: E ele falou alguma mentira, Carla? Você mesmo fala isso do Arthur, sabe muito bem o que terá que aturar nessa relaçãozinha de merda que vocês estão tendo. Enquanto ele estava cagando e andando para você, o que você faz? Fica se exibindo e humilhando quem eu gosto. Quer saber, seja muito feliz com o Arthur que eu vou consertar a merda que você fez com o Luan. Quando perceber que o mundo não gira ao seu redor e do Arthur pode me procurar para te consolar, porque é muito óbvio o que vai acontecer. — girou os calcanhares e saiu dali quase correndo pelo choro que estava saindo.

Carla olhava para Sarah que entrou na tenda das trocas de roupas e se deu conta do que tinha acontecido. Nunca em tantos anos de amizade as duas tinham brigado, nem por coisas bestas e banais, ainda mais por homens. Homens como Luan e Arthur que nunca estariam realmente na delas. Engoliu o choro e saiu de perto de toda aquela confusão da sessão de fotos, necessitando de um espaço para ficar sozinha.

O dia se arrastou lentamente e Carla não aguentava mais fingir que tudo estava bem e sorrir para todos, emoldurando as fotos perfeitas que renderam do ensaio e ela sabia que Sarah estava do mesmo modo.

O sol já estava se pondo quando finalmente foram liberadas, já trocadas puderam ir embora. Carla cruzou o portão de saída do parque aquático com uma cara péssima, necessitava ficar sozinha e chorar. Chorar por ter perdido sua amiga e chorar pelo que tinha ouvido de Luan.

Saiu à procura do seu carro e encontrou do outro lado da rua uma Mercedes prateada e conversível e o sujeito que estava encostado nela a fez querer vomitar. Luan sorria deliberadamente e acenou furtivamente assim que a viu, Carla engoliu em seco e abaixou a cabeça para procurar sua chave enquanto ouvia os gritos eufóricos de Sarah que logo estava agarrando ele. Agradeceu quando enfim achou a chave do carro e entrou lá rapidamente, se livrando daquela visão perturbadora de Luan e Sarah aos beijos, como se ele não tivesse lhe feito nada e ela não tivesse brigado com sua melhor amiga.

Ligou o carro e bateu as mãos no volante, se dando conta do quanto incomodava saber que Luan e Sarah estavam tão bem, enquanto ela nem sabia onde Arthur tinha se metido. Droga! Eles estavam no mesmo país e provavelmente Arthur já tinha voltado ao Rio de Janeiro. Por que não tinha feito como Luan  e mesmo cansado vir lhe buscar? Ou então uma ligação?

A resposta era tão óbvia que as lágrimas vieram com uma força dolorosa a sua face. Por que os contos de fadas nunca aconteciam com ela? Por que se enganava sabendo que nunca ninguém a levaria a sério? Como tinha sido burra o bastante para crer que Arthur estava interessado?

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Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora